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Saída de Rede

Vitória fácil evidencia diferenças no trabalho de brasileiros e dominicanos

Carolina Canossa

24/05/2018 18h45

Brasil assumiu a segunda colocação na tabela após segunda semana da Liga das Nações (Foto: Divulgação/FIVB)

Foi mais tranquila do que imaginado. Apesar da força de suas principais atacantes, a República Dominicana ainda peca demais quando o assunto é manter a cabeça fria, seja para apelar para a técnica para colocar a bola no chão, seja para não cometer uma série de erros bobos que permitem ao adversário escapar no placar ao longo de um set.

Bastou ao Brasil fazer o mínimo, ou seja, estudar as Brayelin Martinez e Yonkaira Peña, além de sacar razoavelmente bem e pronto: venceu com sobras por 3 sets a 0, parciais de 25-20, 25-10 e 25-13, pela fase classificatória da Liga das Nações feminina. Uma olhada nas estatísticas deixa clara a falta de capricho e de alternativas da equipe comandada pelo brasileiro Marcos Kwiek: dos 43 pontos feitos pelas dominicanas, 67,4% vieram do ataque (para efeito de comparação, o índice na seleção verde-amarela ficou em 41,3%). As comandadas do José Roberto Guimarães ainda ganharam 22 pontos (quase um set inteiro!) em erros das adversárias.

Isso sem contar os pontos brasileiros decorrentes de erros de recepção, dados não disponibilizados pela FIVB (Federação Internacional de Vôlei), mas que podem ser estimados pelos seis aces conseguidos pelas sul-americanas. Enquanto não mudar a mentalidade de que paciência e foco são tão importantes no vôlei quanto altura e potencial físico, a República Dominicana será o eterno time com potencial a ser explorado e resultados vexatórios na prática. Kwiek há anos tem se esforçado nesse sentido, mas patina.

Um bom exemplo da forma como Brasil e República Dominicana encara o vôlei é Amanda: jogadora razoável, mas com suas limitações, a ponteira tem sido bem orientada ao longo de sua carreira para explorar o que tem de melhor, o saque, a explorada no bloqueio e as largadas. Resultado: não só chegou à seleção brasileira, como tem pontuado bem neste início de Liga das Nações (foi a maior pontuadora do jogo desta quinta, com 14 pontos). Fosse dominicana, arrisco a dizer que também seria convocada para a seleção, mas já teria sido engolida por essa espiral de desatenção que mina a equipe.

As três vitórias da semana levaram a seleção brasileira para a segunda colocação na Liga das Nações, atrás apenas dos Estados Unidos. Agora, o time deixa a Turquia rumo à Holanda, onde entre 29 e 31 de maio, encara Coreia do Sul, Polônia e as donas da casa. Antepenúltimas na tabela, as dominicanas terão pela frente Alemanha, Tailândia e Estados Unidos após uma longa viagem até Bangcoc.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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