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Confusão com ingressos para final da Superliga masculina revolta torcedores

Carolina Canossa

28/04/2018 06h00

Falta de planejamento para a distribuição das entradas prejudicou torcedores dos dois times (Foto: Reprodução/Facebook)

A bola ainda nem foi lançada para a primeira partida da decisão da Superliga masculina de vôlei, mas, independente do que aconteça na quadra do ginásio do Ibirapuera, o duelo entre Sesi e Sada Cruzeiro neste sábado (28) às 15 horas já perdeu a graça para muita gente. É que a má organização na distribuição gratuita dos ingressos prejudicou torcedores mineiros e paulistas que planejavam acompanhar o confronto pessoalmente.

Os primeiros a reclamar foram os visitantes. Autorizado pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) a organizar o confronto, o Sesi usou suas redes sociais para divulgar, na terça-feira (24), que os interessados em receber uma entrada deveriam fazer uma pré-reserva em seu site. Um voucher então deveria ser emitido e trocado pessoalmente na quinta (26) e sexta (27) no ginásio da Vila Leopoldina ou na sede da Fiesp, na Avenida Paulista. No sábado (28), dia do jogo, também haveria a possibilidade de trocar no próprio Ibirapuera.

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Morador de Lavras (MG), Alan Fernandes se planejou para trocar seu voucher no próprio local da partida. "Eu iria sair de madrugada aqui da minha cidade para chegar em São Paulo por volta das 9, 10 horas da manhã, trocar o ingresso, deixar as coisas no hotel que eu tinha reservado e depois ir pro ginásio", contou o torcedor do Sada Cruzeiro, cujos planos foram interrompidos por uma mudança de logística anunciada pelo Sesi na manhã de quarta (25): a troca não poderia mais ser realizada no Ibirapuera no sábado, apenas na quinta e na sexta nos demais pontos anunciados. Sem ter como ir à capital paulista um dia antes, já que o Sesi não permitiu que os portadores do ingressos mandassem emissários para a retirada, Alan teve que cancelar a viagem. "Fiquei muito revoltado com tudo isso. É um desrespeito com a torcida", lamentou.

Clube paulista diz ter distribuído 8 mil entradas entre público em geral e alunos de suas escolas (Foto: Divulgação/CBV)

Também fã do Sada, mas moradora de São Paulo, Bárbara Gonçalves está acostumada a ir a jogos de vôlei e, inclusive, já foi ao ginásio da Vila Leopoldina (cuja capacidade é de 2000 lugares, cinco vezes menos que o Ibirapuera) como torcida adversária tranquilamente. Sem sucesso ao tentar fazer a reserva via internet, ela só conseguiu um ingresso porque a avó é cliente Ourocard do Banco do Brasil, patrocinadora da CBV – quem tem o cartão pôde pegar uma espécie de fila própria. Ainda assim, teve que dar um jeito de ir até o ginásio do Sesi em horário comercial para retirar a entrada.

"Os ingressos são gratuitos, mas essa distribuição dificultou muito os torcedores. Na minha sincera opinião, eu preferia que fosse pago algum valor e fosse feito num site, onde estaria tudo especificado certinho, sem confusões", afirmou Bárbara que, entre outras pessoas, estará acompanhada do pai, José Marcio, mineiro que vive em São Paulo desde 1974. "Pelo que falaram lá no Sesi da Leopoldina colocaram ingressos na pré-reserva, mas distribuíram também nas escolas Sesi", comentou José.

Os problemas não pararam por aí e afetaram até mesmo torcedores do próprio Sesi. É o caso de Fabiane Finotti, que havia planejado para, ao lado da irmã, levar o filho de 13 anos para um jogo de vôlei pela primeira vez. Depois de conseguir fazer a pré-reserva, ela se preparou para fazer a retirada das entradas na sexta, mas na quinta à noite o clube paulista anunciou que, "devido a um erro no sistema foram disponibilizados mais lugares do que a capacidade total do ginásio Ibirapuera". Ou seja: quem não havia conseguido seus ingressos até então, iria ficar de fora da festa.

"É muito frustrante, mesmo com o primeiro erro deles ainda fizemos de tudo pra poder retirar os ingressos. Era um sonho participar de um jogo assim. Minha irmã e meu filho estão muito chateados", lamentou a torcedora, que cogita entrar na Justiça. "Eu vou buscar informações sobre isso, sou leiga, mas acredito que caiba sim um processo. Tenho impressa a reserva, caso seja viável acionarei judicialmente com certeza", avisou.

Sesi promete que erros não se repetirão em outra eventual final (Foto: Reprodução/Facebook)

Procurado pela reportagem, o Sesi afirmou que disponibilizou 8 mil ingressos (esgotados em menos de cinco horas) para o público em geral e para os alunos de suas escolas, sem especificar a divisão entre as partes – as demais entradas foram divididas entre a própria CBV, governo do Estado de São Paulo, clientes Banco do Brasil e para a torcida adversária (o Sada Cruzeiro informou que cinco ônibus do clube virão de Minas a São Paulo, levando alguns torcedores e parentes de atletas). Sobre a mudança no lugar da retirada dos ingressos, a justificativa foi a "falta de estrutura" do Ibirapuera para realizar a troca dos vouchers.

O Sesi ainda admitiu o erro em seu sistema ao fazer mais pré-reservas do que a capacidade do ginásio, mas garante não se arrepender de ter disponibilizado os ingressos gratuitamente: "Em uma próxima oportunidade de disputar uma final, a distribuição permanecerá gratuita e estudaremos meios de aprimorá-la".

A CBV, por sua vez, se posicionou da seguinte maneira: "Da mesma forma como a CBV planejou esta organização com os clubes com antecedência, irá rever, junto a eles, os eventuais problemas. Já há uma reunião marcada, no dia 22 de maio, para avaliação em conjunto não só da final, como de toda a competição".

Para a partida de volta da final, em 6 de maio, o Sada Cruzeiro já anunciou detalhes da venda das entradas.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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