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Polêmicas no domingo reforçam a necessidade de vídeo check na Superliga

Carolina Canossa

25/03/2018 22h44

O encerramento da primeira rodada dos playoffs da Superliga masculina de vôlei, neste domingo (25), foi marcada por uma série de lances duvidosos que afetaram a fluidez e os resultados dos confrontos  entre Sesi x Corinthians-Guarulhos (3 x 0 – 26-24, 28-26 e 25-23) e EMS Taubaté Funvic x Minas (3 a 0 – 25-21, 28-26 e 25-12). Trata-se de um lembrete da necessidade urgente em se implementar o sistema de vídeo check em todas as partidas da principal competição de clubes do Brasil.

A primeira grande controvérsia se deu no lance que encerrou o primeiro set do duelo no ginásio da Vila Leopoldina em 26-24. Ao finalizar um contra-ataque, o ponteiro Douglas Souza atacou uma bola para fora. Em um primeiro momento, o árbitro Luiz Henrique Coutinho sinaliza ponto para o Corinthians, mas pouco depois, influenciado pela opinião do segundo árbitro, Gustavo Rodolfo Costa, volta atrás e dá ponto para o Sesi alegando toque no bloqueio.

Revoltados, os jogadores da equipe da Grande São Paulo reclamam efusivamente até o início do segundo set, quando o capitão Rivaldo toma um cartão vermelho, que significa um ponto para o adversário, por conta do tumulto criado. Desconcentrados, os jogadores do time alvinegro veem os rivais abrirem 6 a 2 na nova parcial, antes de conseguirem reequilibrar a disputa.

O lance, dificílimo, causou dúvidas até no narrador Bruno Souza e no comentarista Carlão, que faziam a transmissão da partida para o SporTv. Veja abaixo, em 42min23s:

Repare no vídeo acima que, enquanto Coutinho hesita por alguns segundos, Costa afirma que houve toque no bloqueio na hora. Mais do que um suposto erro, foram as decisões contraditórias que aborreceram o técnico do Corinthians, Alexandre Stanzioni, após a partida.

"Ele tinha que ter consultado antes de apitar, mas chamou a responsabilidade pra si e, na hora em que o cara (refere-se ao segundo árbitro) muda, ele muda também. Então não havia certeza. Quando isso acontece, o juiz tem que consultar os auxiliares. Aí, beleza, ninguém briga. Problema é que eles arrumam confusão e deixam todo mundo inflamado", afirmou o treinador, admitindo que o problema afetou o emocional de seus atletas. "Quando a arbitragem falha desse jeito, principalmente em uma bola decisiva do set, a gente não consegue zerar, vai brigando, aí toma vermelho e a diferença do (segundo) set foi um ponto. Falhamos no final, pois abrimos 23 a 19 e era pra matar, mas é duro jogar", comentou.

Stanzioni também reclamou da ausência do vídeo check em um momento tão importante da competição – por questão de custos, o recurso só será usado a partir da fase semifinal. "Passou da hora (de usar em todos os duelos). Pô, a gente está no Brasil, damos jeito para tudo. É inadmissível ouvir que é caro, tem muita cabeça boa de universidade que pode fazer isso aí, qualquer diretor de TV faz. E, se tem imagem de TV, usem-a! Resolve qualquer problema, não tem cartão, não tem falha de arbitragem", destacou.

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Capitão do Corinthians, Rivaldo preferiu apenas reforçar a necessidade de implementação do sistema de revisão de jogadas, minimizando o possível erro dos juízes. "Voleibol atual exige isso pela  velocidade do jogo, é muita pressão. Os árbitros sofrem uma pressão enorme, então precisa do vídeo check. Não adianta falar que o árbitro está errado, certo, isso ou aquilo, é muito complicado", comentou.

O técnico do Sesi, Rubinho, por sua vez, disse estar convicto do toque no bloqueio na jogada. "Acho que as decisões que tomaram para nosso lado foram corretas. Quando brigo é porque tenho certeza do que estou falando. Posso estar enganado, mas tenho a convicção de que vi que a bola tocou no bloqueio e foi nítido", afirmou, ressaltando que conferiria não só essa jogada posteriormente pela TV como também o lance do 23 a 22 no set, quando Coutinho inicialmente dá ponto para o Corinthians por desvio no bloqueio de Lucão e, após consultar Costa, volta atrás e dá ponto para o Sesi alegando que não houve toque algum. Na ocasião, o primeiro arbitro chega a falar: "Eu errei". Confira abaixo, a partir de 37min29s:

Apesar de favorecido em ambas as polêmicas, Rubinho também fez questão de ressaltar a necessidade do vídeo check. "A possibilidade de errar é muito grande por conta da dificuldade e velocidade do jogo. Estamos falando de equipes fortes, qualificadas e de muito peso", ressaltou.

MAIS FALHAS À NOITE

Os erros de arbitragem não foram um "privilégio" da partida entre Sesi e Corinthians: no início da noite, o segundo set do confronto entre Taubaté e Minas contou com nada menos que três erros dos juízes, todos contra a equipe de Belo Horizonte.

O primeiro acontece no 14 a 14, quando o juiz Silvio Cardoso da Silveira dá bola fora em saque de Felipe Roque que belisca a linha do fundo da quadra rival. No lance seguinte, uma bola rápida pelo meio atacada por Flávio também é marcada erroneamente para fora. Depois, quando o time paulista faz 20 a 21, a bola atacada por Solé foi dada como dentro quando caiu na parte verde da quadra. No fim, a parcial foi encerrada em 28 a 26 para Taubaté.

Curiosamente, em nenhum dos três lances, os jogadores do Minas reclamam da marcação. Confira abaixo, em 1h15min08:

Não se trata tirar os méritos de Sesi e Taubaté. Enquanto a equipe paulistana usou, para vencer, o talento do jovem oposto Alan e a força de seu elenco através da entrada de Renato no lugar de Douglas, o time do Vale do Paraíba foi mais consistente, especialmente no passe e também mereceu o resultado positivo. A questão é que, por má administração dos recursos da CBV, um dispositivo essencial para a justiça em quadra está sendo deixado de lado e isso não poderia acontecer. Será preciso haver casos ainda mais graves para esta decisão ser repensada?

Por fim, vale lembrar que o Corinthians tentará a recuperação em casa na próxima quinta (29), às 21h30, enquanto o Minas recebe o Taubaté em seu ginásio na sexta (30), às 19 horas.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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