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Fim do ranking na Superliga masculina é um bom teste pro vôlei brasileiro

Carolina Canossa

22/03/2018 06h00

Dirigentes oficializaram a decisão após reunião em São Paulo (Foto: Divulgação/CBV)

Foi preciso muita polêmica, reclamações públicas e debates acalorados, mas, depois de 26 anos, finalmente o vôlei brasileiro terá uma temporada sem o ranking da Superliga. A decisão, por enquanto limitada ao masculino, foi oficializada na última terça-feira (20) após ter sido tomada no início do mês em votação que envolveu a comissão dos atletas e os dez clubes garantidos na temporada 2018/2019 da disputa.

O fim das limitações será, antes de tudo, um bom teste. Quando o ranking foi instituído, na temporada 1992/1993, o Brasil havia acabado de conquistar seu primeiro título olímpico no vôlei. De uma certa forma, era uma outra modalidade, com partidas mais lentas, sets de 15 pontos jogados sob o sistema da vantagem e menor especialização das funções em quadra. Nem a Superliga era Superliga, mas sim Liga Nacional. O objetivo era diminuir o impacto do poderio econômico na montagem dos elencos, promovendo um maior equilíbrio da competição.

Não se pode dizer que a meta foi plenamente alcançada. Neste período, 11 equipes levantaram a taça, com dinastias reinando em determinados períodos: Sada Cruzeiro (5 títulos), Cimed (4), Minas (4), Suzano (3), Ulbra (3), Banespa (1), Frangosul (1), Olympikus (1), RJX (1), Sesi (1) e Unisul (1). No feminino, que seguirá regulando a contratação daquelas consideradas as melhores atletas do país, Rio de Janeiro (atualmente Sesc-RJ) e Osasco (hoje Vôlei Nestlé) seguem se alternando no primeiro lugar do pódio há nada menos que 15 anos.

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Por outro lado, não podemos nos apegar somente às listas de campeões. O próprio Sada Cruzeiro é um exemplo disto, tendo construído sua hegemonia na base de muito planejamento e superando elencos teoricamente mais estrelados (e caros). Hoje a equipe celeste é badalada e vale muito, mas quem apostaria na repatriação de William Arjona há oito anos? Quem daria uma enorme chance para o então novato Wallace virar um dos melhores opostos do mundo? Os dois, hoje respectivamente no Sesi e na EMS Funvic Taubaté, foram valorizados pela equipe de Minas Gerais ao longo dos anos. O ranking, é verdade, deu um belo empurrão para a saída de ambos, mas o que aconteceu? O Sada seguiu no topo.

Em outras palavras, competência vai continuar valendo mais que grana para contratar. A preocupação fica por conta da reação dos patrocinadores de equipes medianas e pequenas. Eles vão querer continuar investindo? E jovens talentos que precisam de rodagem, vão preferir ganhar menos e jogar muito em times sem chance de título ou preferirão passar mais tempo no banco em uma grande equipe? Em tempos de crise econômica e 1 euro valendo 4 reais, haverá grana para bater de frente contra os ricos clubes do exterior?

As respostas, que por enquanto se embasavam apenas em teorias que variavam de acordo com a opinião do interlocutor, serão vistas na prática a partir da próxima abertura do mercado. Impossível saber se dará certo ou não, mas, depois de tanto tempo, vale ao menos fazer um teste.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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