Simon admite: “Sada baixou um pouco o nível de jogo”
Quase dois anos depois de chegar ao Brasil, o cubano Robertlandy Simon entende o português, mas ainda mostra um sotaque bastante carregado pelo espanhol nativo. Não importa. Onde realmente interessa, o vôlei, corresponde muito bem às cobranças. Não bastasse sua potência física, o central de 2,08m ainda exibe ótima técnica e tem sido peça fundamental para que o Sada Cruzeiro mantenha sua hegemonia no cenário nacional. No último sábado (27), por exemplo, foi o melhor em quadra na final da Copa Brasil sobre o Sesi.
Mais do que outra taça a ser empilhada na galeria construída pelo time mineiro ao longo dos últimos anos, a conquista no ginásio da Vila Leopoldina deu um novo fôlego ao Sada, que recentemente teve sua hegemonia no Mundial de clubes interrompida e passou a ver a liderança na Superliga ameaçada. Em entrevista exclusiva ao Saída de Rede concedida antes da Copa Brasil, o próprio Simon reconheceu que a equipe já não joga mais tão bem quanto na temporada passada. "Nós baixamos um pouco nosso nível de jogo", afirmou o atleta.
Dono de opiniões diretas, Simon falou ainda sobre o nível da Superliga, a decepção de nunca ter jogado uma Olimpíada e o que seria de uma seleção de Cuba hoje composta por ele, Leal e León. Só tentou desconversar quando questionado sobre a tentativa de defender a seleção do Canadá. "Não sei como anda (…) Quando eu souber alguma coisa, sem problema eu falarei", justificou.
Confira abaixo:
Saída de Rede: Em uma entrevista no ano passado, você dizia que o voleibol brasileiro não era tão competitivo como o italiano, já que o único jogo em que o Sada realmente precisava se preocupar era a final. Este ano, porém, vocês estão enfrentando um pouco mais de dificuldade na temporada, apesar de ainda se manterem no topo. Você acha que a competitividade aqui aumentou?
Robertlandy Simon: Não é que aumentou. É que, de uma maneira ou outra, nós baixamos um pouco nosso nível de jogo. Na Itália, fatores como a organização já fazem muita diferença. Todos os times, do primeiro ao 12º colocado, jogam muito bem e é preciso entrar forte porque senão tem muita chance de perder, ainda mais quando se joga fora de casa. Aqui você tem que jogar forte mesmo somente contra quatro ou cinco times, no máximo: Sesi, Sesc, Taubaté e Campinas. Este ano, a gente caiu um pouco, então dá pra ver que a briga está um pouco maior. Estamos com algumas dificuldades, mas penso que ainda somos fortes e vamos brigar sempre pelo título.
SdR: Você acha que estas dificuldades têm a ver com o saque, um de seus pontos fortes? Afinal, os clubes brasileiros sacam claramente pior que os times estrangeiros…
Simon: Não é que no Brasil o saque seja fraco, simplesmente é mais tático. Aqui no Sada, por exemplo, temos que tentar não errar dois saques seguidos. Às vezes acontece, mas é o que se tenta. Na Itália, tem time que te obriga a sacar forte sempre, você está liberado para sacar e tem que sacar forte. Lá, você tem que arriscar mais e o saque fica um pouco mais violento, enquanto aqui é mais tático.
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SdR: A Federação canadense confirmou que você chegou a procurá-los para jogar pela seleção de lá, assim como o Leal defenderá o Brasil. Como está este projeto?
Simon: Não sei como anda. Vamos esperar para ver o que acontece. Quando eu souber alguma coisa, sem problema eu falarei.
SdR: Mas você então ainda tem essa ideia de defender o Canadá?
Simon: Sim, se eles me derem a oportunidade, sem problema nenhum
SdR: Imagino que, para um jogador do seu nível, nunca ter disputado uma Olimpíada é uma grande frustração, não?
Simon: Não é por conta do meu nível, mas sim por ser um sonho de todo mundo jogar uma Olimpíada. Se eu tiver a oportunidade, irei. Senão os representarei (se refere à seleção do Canadá) em competições como o Mundial, pois também tenho saudades dessas coisas.
SdR: Aquele 15-13 que Cuba sofreu da Alemanha no tie-break do classificatório para a Olimpíada de 2008 ainda te dói (o time da América Central chegou a estar liderando por 2 a 0 e a virada foi fundamental para a perda da vaga)?
Simon: Sim, ainda dói. Essa é uma das derrotas mais pesadas que tenho na minha vida como jogador. Acho que vou lembrar disso por toda a minha vida.
SdR: Você, Leal e León estão entre os principais jogadores do mundo. Se ainda pudessem atuar juntos por Cuba, onde esse time chegaria?
Simon: Não dá para saber. Pode ser que a gente jogasse bem, pode ser que a gente jogasse mal. Somos grandes jogadores, mas, talvez no momento que estivéssemos juntos, fosse diferente.
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