Sokolov: em busca de dias melhores para o vôlei búlgaro
O oposto Tsvetan Sokolov tinha apenas 17 anos quando começou a treinar com a seleção adulta da Bulgária, em 2007. Um tempo em que as grandes estrelas do time eram os ponteiros Matey Kaziyski e Plamen Konstantinov (hoje técnico da seleção) e o oposto Vladimir Nikolov. "Eu via aqueles caras e não acreditava que um dia seria titular, que seria bom o bastante" conta, em entrevista ao Saída de Rede.
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A Bulgária havia sido bronze no Mundial 2006 e repetiria a dose na Copa do Mundo 2007. Foi em 2009 que ele entrou para o time adulto, sendo reserva na campanha do terceiro lugar no Europeu daquele ano. "Era uma fase de muito aprendizado", relembra.
Outra realidade no clube
Na década seguinte, virou titular absoluto da seleção, ao mesmo tempo em que brilhava na liga italiana. Viveu parte dos anos dourados do Trentino – foi duas vezes campeão da Champions League e três vezes do Mundial de Clubes. Ficou uma temporada no Cuneo, antes de voltar para mais uma no Trentino e depois jogar duas na Turquia, pelo Halkbank. Retornou à Itália em 2016, desta vez para o Civitanova, onde segue jogando – a equipe é a atual campeã italiana. "É outra realidade, muito diferente da seleção búlgara. Aliás, alguns clubes têm verdadeiras seleções. É impossível não crescer jogando na liga italiana", comenta.
No Civitanova, por exemplo, Sokolov tem como companheiros de time o líbero francês Jenia Grebennikov, o levantador americano Micah Christenson, o central sérvio Dragan Stankovic, o ponta cubano naturalizado italiano Osmany Juantorena e o ponta americano Taylor Sander. Neste domingo (8), sua equipe foi vice-campeã da Supercoppa italiana, perdendo a final para o Perugia por 1-3 – Sokolov deixou a quadra como o segundo maior pontuador da decisão, com 20 pontos, apenas um a menos do que o ponteiro americano Aaron Russell, do time vencedor.
Se as passagens por grandes clubes lhe garantiram uma carreira vitoriosa, ele ainda luta para levar a Bulgária a um lugar de destaque no cenário mundial. Seu melhor momento como titular foi o quarto lugar em Londres 2012, única Olimpíada que disputou. Sokolov é hoje o maior nome de uma seleção tradicional, mas que há anos deixou o pelotão de elite do vôlei internacional. Com muito alcance (chega a 3,70m no ataque) e potência, tem o perfil clássico da modalidade no leste europeu. Aos 27 anos, esse atacante de 2,06m é a principal esperança de dias melhores para o voleibol búlgaro, que em 2018 tem o desafio de brilhar em casa, no Campeonato Mundial.
Renovação
"Estamos mudando de geração, com gente nova chegando. Temos muitos garotos bons entrando no time, mas eles ainda precisam de experiência. É necessário tempo porque as coisas ainda não estão fluindo. Por enquanto, o importante é dar ao time a base que ele precisa, suprir as deficiências individuais para fortalecer o grupo", pondera o oposto, falando de forma pausada.
Tsvetan Sokolov recorda mais uma vez seu começo na seleção. "Eu era um adolescente quando comecei a treinar com a seleção adulta. Foi um processo lento. Hoje em dia, vejo os mais novos e noto que eles precisam de mais confiança. Isso vem nos jogos, claro, mas os treinos também são importantes, quando as falhas podem ser corrigidas. O tempo vai mostrar do que somos capazes". Este ano, ficaram em nono lugar na Liga Mundial e pararam nas quartas de final do Europeu.
Medalha no Mundial 2018?
Questionado se o time estaria pronto para brigar por medalha no Mundial 2018, que será co-sediado por Bulgária e Itália, ele sorri e olha para o chão antes de responder. "No ano que vem, com esse Mundial na Bulgária, há muita expectativa, é muito importante para a gente. O torcedor búlgaro gosta demais de voleibol e haverá muita cobrança em cima da equipe, mas não arrisco dizer até onde vamos".
Para Sokolov, a Bulgária ainda não tem cacife para se posicionar como favorita. Não há como discordar dele. "Somos um time em reestruturação, entramos numa competição pensando jogo a jogo. Não temos uma seleção como a do Brasil, não dá para chegar num torneio e dizer que vamos brigar pelo título. Claro que temos confiança em nosso jogo, mas precisamos ser realistas e encarar tudo como um desafio. Se vier algo bom no Mundial, é sinal de que fomos capazes de superar nossas limitações".
Crítica e autocrítica
Diante de sua avaliação crítica do cenário na seleção búlgara, pergunto o que falta ao time. "Olha, sendo bastante sincero, nós temos que melhorar em todos os aspectos. Quando penso na equipe, em cada fundamento, vejo que falta muito para que o time se desenvolva, mas há bastante potencial. Mesmo no saque e bloqueio, que historicamente têm sido os nossos pontos fortes, diria que precisamos melhorar, ser mais eficientes. Acho até que às vezes jogamos muito bem em todos os aspectos, mas aí entra um fator importante que é a nossa inconsistência, lutamos contra isso. Em um determinado momento estamos jogando em alto nível, mas de repente passamos a errar demais".
O oposto búlgaro capricha também na autocrítica. "Eu tenho muita responsabilidade em ajudar os mais novos, mas eu mesmo preciso melhorar. Eu me preocupo muito com o meu ataque e o meu saque, pois o time precisa muito deles. Mas penso, por exemplo, em melhorar na defesa, quero colaborar mais. Diria que o meu saque é o que me preocupa mais, gostaria de ter mais regularidade".
Ele segue evitando falar sobre o boicote do astro Matey Kaziyski à seleção búlgara. Quando o técnico Radostin Stoychev foi demitido pela Federação de Vôlei da Bulgária (BVF), em 2012, antes dos Jogos Olímpicos de Londres, o ponta Kaziyski deixou a equipe e disse que jamais voltaria enquanto não houvesse mudanças na entidade, que segundo ele era tomada pela corrupção. A BVF segue com os mesmos dirigentes. Kaziyski, atualmente com 33 anos, nunca mais retornou à seleção. Sokolov não comenta o assunto.
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