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Mais versátil, Fê Garay quer ajudar Dentil/Praia a levantar título inédito

João Batista Junior

07/10/2017 06h00

Garay retorna ao vôlei brasileiro após quatro anos (foto: Divulgação Praia Clube)

A vinda de Fernanda Garay para o Dentil/Praia Clube foi uma das transações mais importantes da temporada 2017/2018 da Superliga – se é que não foi a principal contratação do ano no vôlei brasileiro. Campeã olímpica em 2012, a ponteira retorna ao país quatro temporadas depois de haver defendido o Osasco. Na bagagem, além da experiência adquirida na Turquia, Rússia e China, traz também o desejo de dar o título nacional à equipe de Uberlândia.

O Praia disputa a Superliga desde a temporada 2008/2009. Nos últimos anos, com um investimento maior, o time passou a contratar jogadoras de renome e subiu de patamar: se antes brigava para chegar aos playoffs, o clube frequentou as semifinais do nacional nos dois últimos anos e até foi finalista na edição 2015/2016 – quando o título bateu na trave. "Minha expectativa é de que este ano a bola entre (risos)", disse Fê Garay, em entrevista exclusiva ao Saída de Rede.

"Claro que não estamos sozinhas, temos grandes adversários que precisam ser superados para atingirmos esse objetivo, mas acredito que temos uma equipe capaz de conquistar esse desafio. Dedicação e empenho certamente não faltarão", prometeu a atacante.

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Para esta temporada, o plantel da equipe de Uberlândia foi bastante reformulado. Entre as principais jogadoras, permanecem as centrais campeãs olímpicas Walewska e Fabiana, assim como a levantadora Claudinha, enquanto a líbero Tássia, a atacante cubana Daymi Ramirez e as ponteiras Michelle e a norte-americana Alix Klineman não fazem mais parte do elenco. Por outro lado, além da própria Garay, o clube contratou a oposta norte-americana Nicole Fawcett, campeã mundial em 2014, e também a líbero Suelen e a ponta Amanda, que defenderam a seleção brasileira este ano.

Com esses nomes, há duas boas possibilidades de formação para a linha de passe do Praia – um ponto bastante delicado na campanha da equipe na Superliga passada. Ao lado da líbero Suelen, Fê Garay pode ter uma companheira com características mais parecidas com as dela, como Ellen, ou uma ponteira passadora por excelência, no caso de Amanda.

Taticamente falando, ela afirma que "é muito cedo" para dizer como o técnico Paulo Coco vai distribuir as ponteiras na recepção, mas avisa que, hoje, é uma jogadora mais "versátil" do que era há algumas temporadas.
"Todos esses anos na seleção e jogando no exterior me fizeram amadurecer e me dedicar mais ao que o time precisa. Falo isso não só ao longo da temporada, mas que cada jogo demanda estratégias diferentes", lembrou a ponteira, que, cobrindo uma área menor de recepção, foi a passadora mais eficiente das Olimpíadas de Londres 2012.

Exterior
Garay foi contratada pelo Fenerbahçe, da Turquia, em 2013. No ano seguinte, foi para o vôlei russo: atuou ao lado da ponta Tatiana Kosheleva no Dínamo Krasnodar, de onde saiu por conta de graves problemas financeiros do clube, e em seguida transferiu-se para o Dínamo Moscou, onde jogou com a oposta Nataliya Goncharova. Por fim, depois das Olimpíadas do Rio, passou uma curta temporada na segunda divisão do voleibol chinês, no Guangdong Evergrande.

A atacante em ação pelo Dínamo Moscou (CEV)

Agora no Praia, a jogadora garante que se adaptar ao clube e voltar ao ritmo do voleibol brasileiro não são problemas, e acrescenta: "Uberlândia é uma cidade muito bacana de se viver".

"Eu que fiquei tanto tempo no frio europeu, que estar aqui, nesse calor, torna-se gostoso, e, além disso, recebendo todo o carinho do povo mineiro, não podia estar me sentindo melhor", elogiou. "Em relação ao clube, se acostumar com coisa boa é fácil, não é mesmo? (risos) Com um clube incrível, uma equipe cheia de talento e uma ótima estrutura, não tem como não se sentir bem", exclamou.

Ela também avalia  que o período que passou no exterior fez bem ao seu voleibol. "Posso dizer que estou mais equilibrada tecnicamente. O fato de desempenhar, ao longo desses anos, funções diferentes das que desempenhei quando joguei a Superliga me ajudou a conquistar esse equilíbrio", afirmou.

"Estou muito bem fisicamente. O tipo de treinamento feito aqui e no exterior é bem diferente no que diz respeito à intensidade, mas nesses anos sempre consegui trabalhar, pelo menos na parte física, de acordo com o que já fazia por aqui nos clubes e na seleção", completou a atacante, que conquistou a Copa CEV duas vezes – uma pelo Fenerbahçe, outra pelo Dínamo Krasnodar – e foi campeã russa com o time de Moscou.

Seleção brasileira
Às portas do início da Superliga e há um ano afastada da seleção brasileira por opção própria, a jogadora evita falar de suas expectativas em relação ao Campeonato Mundial do Japão 2018 e é bastante cautelosa quando fala sobre seu futuro na equipe nacional.

Última competição de F. Garay pela seleção foi na Rio 2016 (FIVB)

Embora reitere que se sinta "muito bem fisicamente" e que pretenda voltar a vestir a camisa do Brasil, Fernanda Garay, que terá 34 durante as Olimpíadas de Tóquio, refletiu que "quando se fala em seleção brasileira e jogar em nível internacional, a exigência sempre é muito maior. Representar a seleção nos próximos anos não depende só de mim, mas, com certeza, trabalharei duro como sempre para manter meu nível e estar apta a tudo", concluiu.

Campeonato Mineiro
Na primeira competição oficial da temporada, o Dentil/Praia Clube ficou com o vice-campeonato estadual. Na noite dessa sexta-feira (6), o time de Uberlândia foi batido em casa pelo Camponesa/Minas por 3 sets a 0 (25-20, 25-14, 25-22) e viu as adversárias da capital conquistarem o título Mineiro 2017.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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