Alemanha pressiona, mas Rússia fatura título europeu
Cracóvia, Polônia – Por muito pouco a bem estruturada e valente equipe alemã não freou a favorita Rússia na decisão do Campeonato Europeu de vôlei masculino, neste domingo (3). Atuando no limite, a Alemanha foi o primeiro time desta edição do torneio a jogar de igual para igual com a seleção russa, sacando com agressividade, facilitando a relação bloqueio-defesa. Até então, os russos não haviam perdido um set sequer nas cinco partidas disputadas. Os alemães chegaram a liderar o tie break por 5-2. Porém, ao final, a Rússia fez prevalecer sua melhor condição física e técnica, vencendo por 3-2 (25-19, 20-25, 25-22, 17-25, 15-13).
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Foi o 14º título continental dos russos, levando em conta 11 conquistas da extinta União Soviética e uma da efêmera Comunidade dos Estados Independentes (CEI). A Alemanha comemorou sua primeira medalha na história da competição. Na preliminar, em outra partida emocionante, a Sérvia superou a Bélgica por 3-2 e ficou com o bronze – o quarto lugar foi a melhor colocação do vôlei masculino belga no Europeu.
Mikhaylov vs. Grozer
No duelo entre os opostos, o alemão Gyorgy Grozer marcou mais vezes do que o russo Maxim Mikhaylov, foram 27 pontos contra 19. Grozer foi o maior pontuador da decisão, mas na reta final foi Mikhaylov quem fez a diferença. O russo levou pequena vantagem no aproveitamento no ataque, com índice de 45%, enquanto o alemão ficou com 41%. Grozer fez estragos com seu saque: além de quatro aces, várias vezes quebrou o passe adversário.
A Alemanha teve melhor desempenho no ataque, com 46% de aproveitamento diante dos 40% dos russos. Aqui vale ressaltar a boa exibição do levantador alemão Lukas Kampa, que vive a melhor fase da sua carreira. O seu colega titular da Rússia, Sergey Grankin, vinha fazendo partidas tão boas que antes da final era cotado para ser o MVP, mas oscilou a ponto de ser substituído por Alexander Butko. Um treinador que acompanhava a partida entre os jornalistas e pediu anonimato comentou marotamente: "Ninguém joga como o Grankin nem treme em decisões como ele".
Incoerência
O MVP afinal foi Mikhaylov, que estranhamente não estava na seleção do campeonato. Ficou claro que a Confederação Europeia de Voleibol (CEV) queria premiar também Grozer, mas como pode o MVP não integrar o time ideal? Não é a primeira vez que isso ocorre no vôlei. Além do oposto alemão, a seleção do torneio teve como levantador Grankin, os pontas Denys Kaliberda (Alemanha) e Dmitry Volkov (Rússia), os centrais Srecko Lisinac (Sérvia) e Marcus Böhme (Alemanha), e ainda o líbero Lowie Stuer (Bélgica).
Após receber sua medalha, Mikhaylov, balbuciando algumas palavras em inglês, disse que era bom ganhar novamente. O último título havia sido o Europeu 2013 – sem contar obviamente com o pré-olímpico continental em 2016. Ainda seguindo o protocolo, o MVP falou que a vitória na Polônia dava mais confiança ao time. A Rússia começou o ciclo passado como a melhor equipe do mundo, mas a partir de 2014 teve queda de rendimento. O técnico Sergey Shlyapnikov, que assumiu o comando esta temporada, afirmou que tem como meta construir um time forte para brigar pelo ouro no Mundial 2018 e em Tóquio 2020.
Os alemães deixaram a Tauron Arena de cabeça erguida. O técnico deles, o italiano Andrea Giani, um ex-jogador universal que foi um dos maiores da modalidade em todos os tempos, comemorou sua segunda prata consecutiva no Europeu – ele havia levado a Eslovênia ao vice-campeonato em 2015. "Fizemos um jogo incrível, perdemos por pouco, mas nos consideramos vencedores. Temos um time muito bom. Veja que a Rússia não havia perdido sets e hoje (ontem) quase perdeu o jogo. Eu amo meus jogadores", comentou o treinador, que fez questão de abraçar todos os seus atletas após a partida. A Alemanha, bronze no Mundial 2014, está fora do próximo, no ano que vem, por não ter conseguido a vaga no qualificatório nem na repescagem.
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