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Saída de Rede

“Obrigado, N’gapeth”

Sidrônio Henrique

28/08/2017 09h00

Mesmo lesionado, o ponta Earvin N'gapeth ajudou a tirar a França do fundo do poço (fotos: CEV)

Katowice, Polônia – Novamente aquela sensação de alívio e mais uma vez o herói do dia foi aquele que, para muitos, é o maior jogador da atualidade, o ponta francês Earvin N'gapeth. A Holanda vencia a França por 2-1, na noite deste domingo (27). Tendo perdido na primeira rodada do Campeonato Europeu para a Bélgica por 2-3, os franceses estavam afundando, caminhando para a eliminação ainda na primeira fase, tendo apenas mais um jogo pela frente para tentar sobreviver. Foi aí que o técnico Laurent Tillie fez o que não queria, colocou seu principal astro em quadra, ainda se recuperando de uma lesão nas costas. Ele entrou e mudou a cara do time. A França venceu por 3-2 (25-22, 23-25, 21-25, 30-28, 15-12), salvando dois match points no quarto set, em um jogo dramático. Ao final, com os olhos marejados, diante dos jornalistas, a primeira coisa que Tillie disse foi: "Obrigado, N'gapeth".

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Esta foi a primeira vez que o ponteiro de 26 anos e 1,94m entrou em quadra no Europeu 2017, poupado contra os belgas e nos três primeiros sets diante dos holandeses, pelo grupo D do torneio. "Eu esperava não ter que utilizar o N'gapeth tão cedo na competição, ele está fora de forma, praticamente sem treinar, ainda sente dores lombares, mas era agora ou nunca, estávamos ameaçados".

Longe do seu melhor voleibol, a França suou para vencer a Holanda

Provocações
De cara, o craque tocou na rede em um ataque e depois foi bloqueado, mas não demorou para entrar no jogo. Mesmo sem saltar muito, fez uso da sua habilidade para virar até contra bloqueios triplos. E tome provocação, gritos para cima dos adversários, animando a torcida na Spodek Arena. A seleção francesa acordou. Não que o time passasse a jogar exatamente bem a partir do quarto set, mas definitivamente mudou de atitude. A Holanda teve a partida nas mãos com 24-22 na parcial e uma bola no ataque para fechar, mas não aproveitou.

N'gapeth marcou oito pontos em dois sets (veja aqui as estatísticas). Laurent Tillie pediu ao levantador Benjamin Toniutti que o poupasse, como contou mais tarde. O ponta era acionado principalmente nos contra-ataques, aspecto em que a França vinha claudicando desde o primeiro jogo. Só era utilizado na virada de bola quando absolutamente necessário. Nos intervalos entre os pontos, ele incendiava os colegas.

Laurent Tillie: "Nosso jogo não está encaixando" (FIVB)

Dificuldade
"A verdade é que não estamos jogando bem, lutando contra lesões, cansaço, estresse. Nosso jogo não está encaixando, estamos com dificuldade em tudo, no ataque, no bloqueio, no saque, até na armação. Hoje (ontem) sobrevivemos e logo mais contra a Turquia eu sei que vai ser difícil. Não esperava que o time estivesse assim na disputa do Europeu", desabafou o técnico Laurent Tillie.

Em condições normais de temperatura e pressão, a França deveria passar sem problemas pela Holanda, uma equipe desorganizada. No primeiro set diante dos franceses, por exemplo, os holandeses deixaram de executar seis contra-ataques porque brigavam com a bola, fosse por falha na armação ou por não recuperar direito ataques do oponente amortecidos pelo bloqueio. Foram derrotados pelos turcos por 1-3, na estreia, sem incomodar muito.

Turcos surpreenderam com um bom voleibol em Katowice

Turcos surpreendem
A Turquia, adversário da França esta noite, tem surpreendido pelo bom voleibol. Sem nenhuma estrela, mas atuando de forma coesa, primeiro despachou a Holanda e por pouco não bateu a Bélgica no domingo. Pesou a falta de experiência. Contra os belgas, tiveram quatro match points – um no quarto set, desperdiçado com uma condução do oposto Metin Toy no ataque, e depois tiveram vantagem de 14-11 no tie break, mas não souberam fechar a partida, perdendo por 16-18.

Da forma como a França tem jogado, não será surpresa se os esforçados turcos tornarem o duelo difícil. Se a Bélgica confirmar sua superioridade sobre a Holanda na preliminar, França e Turquia entrarão em quadra para decidir o segundo lugar da chave.

Disputa
Com 16 seleções, o Campeonato Europeu está dividido em quatro grupos: o A (Polônia, Sérvia, Finlândia e Estônia), o B (Itália, Alemanha, Eslováquia e República Tcheca), o C (Rússia, Bulgária, Eslovênia e Espanha) e o D (França, Bélgica, Holanda e Turquia). Enquanto os líderes de cada chave avançam direto às quartas de final, os segundos e terceiros colocados disputam um mata-mata para decidir sua sobrevivência na disputa.

Nesta segunda-feira (28) será encerrada a primeira fase do Europeu 2017, com a última rodada dos quatro grupos. Confira aqui os resultados do torneio.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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