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Frio e dimensões de estádio de futebol causam nova controvérsia no vôlei

Sidrônio Henrique

24/08/2017 04h00

Seleção sérvia durante o primeiro treino no Estádio Nacional de Varsóvia (fotos: Sidrônio Henrique)

Varsóvia, Polônia – Você já leu ou ouviu essa: o frio atrapalha demais e as dimensões de um estádio de futebol confundem os jogadores de vôlei, que perdem as referências. Isso foi repetido diversas vezes durante as finais da Liga Mundial 2017, no início de julho, em Curitiba. Durante esta quarta-feira (23), véspera da abertura do Campeonato Europeu masculino, com a partida entre Polônia e Sérvia, foi o que mais se escutou no Estádio Nacional de Varsóvia. Detalhe: é verão no hemisfério norte.

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"Primeiro foi aquele frio intenso nas finais da Liga Mundial, ainda por cima com jogos em um estádio de futebol, lá em Curitiba. Agora, frio de novo e mais uma partida num estádio. Será que não sabem que, apesar de ser muito bonito e atrair a mídia, um espaço desses não é adequado para o voleibol? Mas de tanto jogar nessas condições, os atletas vão acabar se acostumando", ironizou o técnico da Sérvia, Nikola Grbic, em entrevista ao Saída de Rede.

A montagem da estrutura para a partida de abertura foi concluída nesta quarta-feira

Verão atípico
Em um bate-papo com o SdR após o treino, o capitão da seleção polonesa, o ponta Michal Kubiak, tentou colocar panos quentes. "Esse verão tem sido ruim aqui na Polônia, com muita chuva e temperaturas mais baixas. Ninguém podia prever que ia ser assim quando decidiram, no ano passado, que a abertura seria no Estádio Nacional. Mas é frio para os dois lados, então vamos adiante". O jogo começa logo mais, às 20h30 em Varsóvia, 15h30 pelo horário de Brasília (com transmissão da ESPN+).

De fato, em 2014, nessa época do ano, o blog estava presente na cobertura do Mundial e o clima era agradável, sem sinal de frio, do começo ao fim do torneio. Poloneses e sérvios também abriram aquela competição no mesmo cenário (vitória do time da casa por 3-0), com temperatura acima dos 20°C. Agora é diferente. Ao longo desta semana, a mínima chegou a 10°C. Nesta quarta-feira, durante as sessões de treino das duas seleções, fazia 14°C no estádio, com sensação térmica de 12°C.

Os jogadores poloneses treinaram depois dos sérvios

No limite
O regulamento da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) estabelece que uma partida oficial entre seleções não pode ser disputada abaixo dos 16°C. Em Curitiba isso foi ignorado e deve ser também em Varsóvia. A meteorologia prevê justamente 16°C, sem variação na sensação térmica, para o início do jogo entre poloneses e sérvios. Uma hora depois, 15°C. Mais outra hora e a previsão já cai para 13°C.

Durante os treinos, houve quem não dispensasse um moletom, caso do ponteiro polonês Bartosz Kurek e do oposto sérvio Aleksandar Atanasijevic. "Está bem frio, espero que ninguém se lesione", disse Atanasijevic ao deixar a quadra.

Estádio Nacional, local da partida de abertura do Europeu 2017

Susto e ausência
Os visitantes foram os primeiros a fazer o reconhecimento do local da partida, bateram bola e deixaram o local pouco antes de completar os 90 minutos previstos pelos organizadores. Os poloneses vieram em seguida e tiveram um susto, quando o oposto titular Dawid Konarski caiu de mau jeito e ficou no chão por alguns minutos. Aparentemente não foi nada sério. Ele voltou a treinar. O central Mateusz Bieniek, recuperado de uma lesão na região lombar, participou normalmente das atividades.

Os sérvios é que estão sem o ponta Marko Ivovic. Na semana passada, durante um amistoso contra a Eslovênia, o MVP da Liga Mundial 2016 sofreu uma torção no tornozelo. O atacante, que na próxima temporada de clubes vai jogar pelo Funvic Taubaté, ainda deve ficar de molho por três semanas, segundo o técnico Nikola Grbic comentou com o SdR. "Podem ficar tranquilos que ele vai chegar inteiro ao Brasil, mas espero que cuidem bem dele", completou.

Má notícia também para a maior favorita do Europeu 2017, a França, atual campeã deste torneio e da Liga Mundial. Nesta quarta-feira, em Katowice, o ponteiro Earvin N'gapeth, seu principal jogador, não treinou, ainda se recuperando de dores lombares que vem sentindo desde o início do mês. Em maio deste ano, N'gapeth teve uma lesão no abdômen, mas voltou a tempo de ajudar sua equipe a conquistar a Liga Mundial 2017 e, de quebra, faturou os prêmios de ponteiro na seleção do campeonato e de MVP. No Europeu, os franceses estão na mesma chave da Bélgica, Holanda e Turquia. A estreia será nesta sexta-feira (25) diante dos belgas.

Lesionado, Marko Ivovic está fora do Campeonato Europeu (FIVB)

Grupos
Após o jogo inicial do torneio, poloneses e sérvios seguem para Gdansk, no norte do país. Com 16 seleções, o Campeonato Europeu está dividido em quatro grupos: o A (Polônia, Sérvia, Finlândia e Estônia), o B (Itália, Alemanha, Eslováquia e República Tcheca), o C (Rússia, Bulgária, Eslovênia e Espanha) e o D (França, Bélgica, Holanda e Turquia). Enquanto os líderes de cada chave avançam direto às quartas de final, os segundos e terceiros colocados disputam um mata-mata para decidir sua sobrevivência na disputa. Além de Varsóvia, Gdansk e Katowice, outras duas cidades receberão partidas, Cracóvia e Szczecin.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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