Estrela do Sada Cruzeiro, central cubano Simon quer jogar pela seleção do Canadá
Um dos maiores centrais de todos os tempos, o cubano Robertlandy Simon pode ganhar nova cidadania na busca por um antigo sonho: disputar os Jogos Olímpicos. A escolha do meio de rede de 30 anos e 2,08m, atleta do pentacampeão brasileiro Sada Cruzeiro, recaiu sobre o Canadá, um dos países que mais recebe imigrantes em todo o mundo.
A informação foi veiculada na quarta-feira (21), mas classificada como rumor, pelo site americano Volleywood. O Saída de Rede procurou a Volleyball Canada (VC), organização que administra a modalidade naquele país, e recebeu a confirmação do interesse de Simon em jogar pela seleção canadense.
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"É verdade que ele está interessado em jogar pelo Canadá, demonstrou vontade de conhecer o nosso centro de treinamento, mas não há meio de acelerar o processo de naturalização. Ele teria que se submeter aos mesmos trâmites que qualquer outro estrangeiro que tenha essa intenção", explicou a VC ao SdR, por meio da sua assessoria de imprensa.
Processo longo
Para obter a cidadania canadense, Robertlandy Simon teria primeiro que se tornar residente permanente, em um processo que pode levar mais de um ano e avalia uma série de itens, incluindo a fluência em inglês ou em francês, as duas línguas oficiais do país. Uma vez residente, seria necessário somar três anos para obter a cidadania. Qualquer tempo fora do país é descontado, a menos que a pessoa esteja a serviço de uma empresa ou órgão do Canadá, ou seja, o tempo que estiver jogando pelo Sada Cruzeiro não contaria.
A Volleyball Canada informou que ele não receberia nenhuma vantagem. Desta forma, a chance de competir em Tóquio 2020, caso a seleção canadense se classifique, é praticamente nula. Simon terá 33 anos na próxima Olimpíada. Durante os Jogos de 2024, ainda sem sede definida, ele terá 37, idade em que poucos atletas apresentam boa forma.
Atacante foi ao Canadá
Atualmente em férias com a família em Cuba, o central esteve no Canadá na primeira quinzena de junho, passeando pelas cidades de Montreal e Ottawa – nesta última está localizada a sede da VC e o centro de treinamento da equipe masculina fica na vizinha Gatineau.
Robertlandy Simon por pouco não foi aos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, pela seleção cubana. Inexperiente, a equipe perdeu a vaga no pré-olímpico para a Alemanha – no jogo decisivo Cuba abriu dois sets a zero, mas foi derrotada de virada, com 13-15 no tie break. O meio de rede jogou pela seleção até 2010, aos 23 anos, quando foi vice-campeão mundial, perdendo na final para o Brasil.
Ajuda de ex-atleta do Sada Cruzeiro
O ponta canadense Fred Winters, que jogou pela seleção do seu país por 13 anos e foi do Sada Cruzeiro de 2014 a 2016, também confirmou o interesse do central cubano. Embora nunca tenham jogado juntos, Simon, que chegou ao time mineiro no ano passado depois que Winters saiu, tem amigos em comum com o norte-americano. O ponteiro cubano naturalizado brasileiro Yoandry Leal, outra estrela do multicampeão Sada, estabeleceu a ponte entre os dois.
"Ele me procurou, falou dos planos dele e eu o encaminhei para a VC", contou Fred Winters ao Saída de Rede. "Mas não é nosso estilo utilizar jogadores de outros países", completou o ponteiro, que despediu-se da seleção após a Rio 2016 – sua equipe foi eliminada nas quartas de final pela Rússia.
Este ano, o Canadá conseguiu se classificar para as finais da Liga Mundial depois de quatro temporadas – o time terminou em quinto lugar na edição de 2013.
Brasil seria primeira opção, mas Leal chegou antes
Um dirigente da VC, que pediu anonimato, demonstrou animação com a intenção do meio de rede cubano e disse ainda que a intenção de Simon era jogar pelo Brasil, mas isso não seria possível porque seu amigo Leal já está cotado para a seleção brasileira. A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) permite a inscrição de apenas um atleta naturalizado que tenha jogado por outra seleção. De qualquer forma, também não haveria tempo hábil para que ele pudesse jogar em Tóquio 2020, em razão dos trâmites burocráticos, além de não ter com o país os mesmos laços que Leal tem.
O ponta Yoandry Leal passou a viver no Brasil em 2012, jogando desde então pelo Sada Cruzeiro. Naturalizou-se em dezembro de 2015. Em maio deste ano, a FIVB o autorizou a defender a seleção brasileira a partir de março de 2019. Os dois anos de carência são uma exigência da entidade que rege o voleibol mundial para jogadores naturalizados. Em janeiro, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) enviou à Norceca (Confederação Norte, Centro-Americana e do Caribe de Vôlei) um pedido de transferência de federação para Leal. A solicitação foi então repassada à Federação Cubana, que deu seu aval, e devolvida à Norceca, que a encaminhou à FIVB em março – por isso o período de carência conta a partir daquele mês.
León na Polônia
Outro astro daquela geração cubana, o ponteiro Wilfredo León naturalizou-se polonês em julho de 2015, em um processo que chegou a contar com a interferência do então presidente da República, Bronislaw Komorowski, para que fosse acelerado. León, que desde 2014 defende o clube russo Zenit Kazan, sequer morava no país e ainda hoje passa a maior parte do tempo fora dele. Uma das justificativas para a concessão da cidadania é que ele teria a intenção de representar a Polônia, além de ter uma noiva polonesa à época, com quem já se casou. León ainda não foi transferido da Federação Cubana para a Polonesa porque esta última não havia enviado a documentação necessária para a Norceca até o mês passado. Quando for liberado, terá de esperar dois anos para jogar pela seleção do seu novo país.
Juantorena na Itália
Ainda no capítulo dos grandes atletas cubanos naturalizados está o ponteiro Osmany Juantorena, que mudou-se para a Itália em 2008 e se naturalizou em 2010. Embora estivesse livre para jogar pela seleção italiana a partir de 2013, depois da liberação da Federação Cubana e do cumprimento do prazo de carência da FIVB, ele só foi convocado em 2015, ganhando uma medalha de prata na Copa do Mundo e uma de bronze no Europeu naquele ano, além da prata na Rio 2016.
No feminino, a cubana Taismary Agüero vestiu a camisa da Azzurra. Bicampeã olímpica, mundial e da Copa do Mundo pelo seu país de origem, ela representou a Itália em Pequim 2008, quando foi eliminada nas quartas de final. Ainda pela seleção italiana, ela sagrou-se campeã da Copa do Mundo mais uma vez, além de ser bicampeã europeia.
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