Enquanto Leal já tem autorização para defender o Brasil, Polônia sofre para contar com León
A notícia da autorização do cubano Yoandy Leal para jogar pela seleção brasileira causou espanto a milhares de quilômetros daqui, na Polônia: como pode o jogador do Sada Cruzeiro já estar na fase final do processo, enquanto não há novidades no caso do fenômeno Wilfredo León, que sonha em defender os atuais campeões do mundo?
Teoricamente, era para o caso de León estar até mais avançado do que o do jogador do Sada Cruzeiro, já que ele conseguiu a cidadania polonesa em junho de 2015, seis meses antes de Leal conseguir a brasileira. Em setembro de 2016, durante um jogo festivo (a despedida do levantador Paweł Zagumny), o atacante chegou até mesmo a vestir a camisa da seleção do país, aumentando ainda mais a expectativa dos fanáticos torcedores locais.
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Mas não houve novidades desde então. Ao saber da autorização dada a Leal, León não escondeu sua frustração em entrevista concedida ao jornal Przegląd Sportowy. "A bola está com a Federação Internacional (FIVB) e não há nada que eu possa fazer a não ser esperar que eles deem os passos apropriados para eu jogar pela Polônia", comentou o jogador, que defende as cores do Zenit Kazan, da Rússia, durante a temporada de clubes e é considerado um dos melhores atacantes do mundo desde a adolescência – para se ter uma ideia, ele chegou à seleção cubana com apenas 14 anos.
Nos bastidores do vôlei, sabe-se que a Federação Cubana não tem feito o menor esforço para liberar seus atletas a outros países. Mágoas pelas "viradas de casaca" à parte, eles temem mesmo é perder o percentual pago ao país de origem de cada jogador na contratação ou renovação de contratos dos atletas com os times ao redor do mundo. "A Federação Cubana está fazendo de tudo para que eu e outros jogadores não atuem por outras seleções, mas a FIVB é capaz de solucionar isso", afirma León.
O Saída de Rede apurou, por exemplo, que a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) tratou a questão de Leal com todo o cuidado junto à Federação Cubana para, assim, receber o ok dos caribenhos no processo. O mesmo não acontece com a Federação Polonesa que, segundo a mídia local, sequer sabia que o pedido de liberação tinha que passar pela Norceca (Confederação Centro, Norte-americana e do Caribe de Vôlei) antes de chegar em Cuba.
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Através de um porta-voz, a entidade que rege o vôlei na Polônia justificou a demora: "As regras básicas na arte da negociação são a paciência e a discrição e estamos confiantes em nossas conversas com a FIVB, a Norceca e os cubanos. A CBV começou a agir com o Leal antes da gente e a conclusão do difícil processo deles prova que é possível haver uma boa solução".
O relógio, porém, está correndo, já que qualquer atleta que troque de nacionalidade precisa ficar dois anos sem jogar por sua nova nacionalidade a partir do momento em que a FIVB recebe o aval do país de origem – no caso de Leal, esse prazo expira em março de 2019. O maior interesse de todos é que os atletas cubanos estejam aptos a competir pelos países que escolheram na Olimpíada de Tóquio, em julho de 2020.
Vale lembrar que nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, realizados no ano passado, um cubano naturalizado já esteve em quadra: Osmany Juantorena, que foi importante na campanha que levou a Itália à medalha de prata. No país europeu, aliás, também existe o interesse na naturalização de outro cubano, Leonel Marshall, mas a ideia do clube dele, o Piacenza, é simplesmente que ele não conte mais como um jogador estrangeiro no elenco. Aos 37 anos, ele dificilmente teria espaço na seleção italiana.
Em tempo: por ser agora brasileiro também no mundo do vôlei, Leal não preenche mais uma das duas cotas que o Sada Cruzeiro tem direito a preencher com jogadores de outra nacionalidade na Superliga.
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