Espaço do leitor: como é ver o Final Four da Champions League de vôlei?
Enquanto os fãs brasileiros de vôlei estavam ligadíssimos na decisão da Superliga feminina de vôlei, Fernando Rodrigues (@ferciccone) desfrutava de uma experiência especial. Aproveitando as férias na Europa, ele decidiu acompanhar de perto as partidas decisivas da Champions League, o principal torneio de clubes da Europa. Sortudo, ficou em um lugar próximo ao da técnica campeã olímpica Lang Ping e teve a oportunidade de conversar com José Roberto Guimarães, dono de três ouros olímpicos e atual treinador da seleção brasileira.
Como foi a experiência? A estrutura é boa? Que jogadoras foram simpáticas ou antipáticas com os fãs? No relato abaixo, escrito especialmente para o Saída de Rede, Fernando conta tudo:
"Quando marquei minhas férias, fiquei um pouco triste: iria perder a final da Superliga feminina! Moro no Rio de Janeiro e com certeza iria assistir o jogo. Foi então que descobri que o Final Four da Champions League feminina seria em Treviso (Itália), a um "pulo" da Suíça, meu destino principal – seis horas de trem é um "pulo" para nós, brasileiros, né?
Fique por dentro do mercado do vôlei!
Os ingressos estavam quase esgotados, mas consegui comprar um pacote especial que dava direito a todos os quatro jogos! Terra do tiramisu e da Benetton, a região de Treviso tem um clube de vôlei, o Imoco Conegliano. Desde que cheguei, achei as pessoas bem empolgadas com as chances da "Panteras", apelido carinhoso dada ao time, apesar do cansaço da disputa do Campeonato Italiano. O ginásio PalaVerde, que fica em Villorba (25 minutos de ônibus partindo do centro de Treviso), é bom, mas de porte médio: não devem caber ali mais do que cinco mil pessoas.
Na entrada, os torcedores turcos eram os mais animados, tanto do Eczacibasi quanto do Vakifbank. Muita cantoria e fotos, tudo em um clima bem amigável! Conversei com alguns torcedores do Eczacibasi, que lamentavam e comentavam ainda com bastante choque da lesão da brasileira Thaisa. Já os torcedores do Vakif só falavam um nome: Zhu! Eram vários chineses na torcida turca, com as bandeiras dos dois países convivendo lado a lado na arquibancada.
Ao entrar fui premiado com um lugar bem perto dos técnicos José Roberto Guimarães e Lang Ping. Conversamos um pouco. Fiquei impressionado com a educação e simpatia do Zé! Perguntei a ele qual seu palpite para a final da Superliga que iria acontecer no dia seguinte e ele chutou bem que o Rexona levaria de novo. Quis saber quem seria nossa oposta no próximo ciclo. Ele não disse nomes, mas se mostrou animado e avisou que vem coisa boa por aí. Sobre a possibilidade de a Hooker jogar na seleção brasileira, ele lembrou que ela precisa se naturalizar e atuar dois anos no Brasil! Será que dá tempo de jogar Tóquio-2020? Ele só riu…
O primeiro dia foi muito animado com as torcidas turcas e italiana empurrando os times o tempo todo. O evento estava bem organizado, com lojinha pra quem queria comprar coisas do Conegliano. Como fiquei na torcida do Vakif, me deram uma camisa deles pra torcer também. Foi incrível ver aquelas seleções do mundo jogando tão de perto, a quadra era muito próxima da arquibancada. No geral, as jogadoras me pareceram bem cansadas. O Eczacibasi mesmo se arrastou. Como muitos parentes e amigos das jogadoras também estavam na torcida, elas subiam até lá depois das partidas para falar com eles.
O feito de Lang Ping e a necessidade de valorizar as mulheres no vôlei
A torcida local ficou louca com a ida do Conegliano à final e, assim, o ginásio ficou ainda mais cheio para o segundo dia de competições. Conversei com alguns torcedores de lá e muitos tinham a camisa da seleção americana por causa da central Rachael Adams, que jogou dois anos na cidade. Mas a rainha da torcida deles era a holandesa Robin de Kruijf! Na final, o time italiano bem que tentou fazer um jogo duro contra o Vakif, mas sem chance: Zhu estava inspiradíssima e pegando muito forte na bola. A cerimônia de premiação foi rápida e bem animada, com um clima bem amistoso também entre as jogadoras. Enfim, foi uma festa muito linda! Que venha o Mundial de clubes com partidas emocionantes!
Pontos negativos:
– Mesmo quem comprou pela internet tinha que levar a entrada impressa, o que deu bastante confusão entre os torcedores estrangeiros que não sabiam disso…
– Não houve transporte público para voltar ao centro de Treviso ao término dos jogos do primeiro dia, por volta de um sábado às 22h30
– Algumas jogadoras me pareceram bem antipáticas com os fãs. Maja Poljak e Nataliya Goncharova, do Dínamo de Moscou, se negaram a bater fotos, por exemplo. A Maja, aliás, estava bem brava por perder pro Conegliano.
– Já a Zhu atendeu somente os chineses…
Pontos positivos:
– Mesmo com o problema dos ingressos não impressos, a organização do evento resolveu tudo na hora de forma bem atenciosa
– A maioria das pessoas do staff falava inglês. Fico me perguntando: como seria para um estrangeiro assistir a final da nossa Superliga?
– A lojinha de produtos e as comidinhas da lanchonete do ginásio eram boas, variadas e baratas. Havia até champanhe!
– Algumas jogadoras foram muito queridas com o público, caso da Kimberly Hill, Rachael Adams, Serena Ortolani, Naz Aydemir, Monica De Gennaro… Mas a mais simpática de todas era a a turca Gözde Kırdar Sonsirma"
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