No vôlei por acaso, central sonha com seleção e é elogiado por Renan
O voleibol entrou na vida dele por acaso, mas o mineiro Flávio Gualberto foi aproveitando as oportunidades na modalidade e, quem sabe, pode ganhar uma chance na seleção principal. Seu desempenho tem agradado. "O Flávio já teve uma passagem em 2015 numa seleção B (nos Jogos Pan-Americanos), é um meio de rede rápido, um bom jogador. Ele é um cara que fez uma bela Superliga, jogou de igual para igual com todo mundo, muitas vezes fazendo a diferença". Quem diz é Renan Dal Zotto, técnico da seleção masculina, numa conversa com o Saída de Rede sobre o central do Minas Tênis Clube.
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Como tantos adolescentes Brasil afora, Flávio gostava mesmo era de futebol. Não era tão alto e, ele garante, jogava bem. Era o maior passatempo na sua cidade natal, a pequena Pimenta, município com pouco menos de 10 mil habitantes, no sudoeste de Minas Gerais, a cerca de 240 quilômetros de Belo Horizonte. Até que, quando tinha 14 anos, faltou um jogador para completar o time de vôlei da escola, para a disputa de um torneio intercolegial. Flávio topou participar. Começava assim sua relação com a modalidade que o levaria para uma das principais equipes do país, que o conduziu às seleções brasileiras nas categorias de base e que hoje o projeta como um nome a ser considerado para a principal.
"Foi dando tudo certo, eu fui gostando e no final daquele ano o técnico do time levou a mim e a um amigo da escola para uma peneira no Minas Tênis Clube", conta Flávio ao SdR. Terminava 2007 e, dos 120 meninos testados, somente ele e o amigo, que deixaria o esporte anos depois por causa dos estudos, foram aprovados. Era o início da sua vida em um dos clubes mais tradicionais do Brasil. Em março de 2008 mudou-se para BH, ainda não tinha 15 anos, mas para ajudá-lo havia crescido 12 centímetros no ano anterior. Os técnicos trataram de treiná-lo para ser um meio de rede. No mês passado, completou nove anos de Minas Tênis. "Sou cria do MTC", afirma com orgulho, ele que encerrou sua terceira temporada como titular.
Destaque
O time fez uma campanha irregular na fase de classificação da Superliga 2016/2017, terminando em sexto lugar na tabela. Nas quartas de final, encarou o Sesi, de Bruno, Lucão, Murilo e Serginho, jogadores consagrados. O Minas teve a primeira partida da série melhor de cinco nas mãos, em plena São Paulo, ao abrir 2-0, mas sucumbiu à pressão. Perdeu as duas seguintes sem oferecer muita resistência e disse adeus à competição. No entanto, independentemente das críticas que possam ser feitas à equipe, jovem na sua maioria, Flávio está entre os nomes que chamaram a atenção.
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O central completa 24 anos este mês e é praticamente unanimidade entre os técnicos da Superliga. É comum ouvir que Flávio é um bloqueador nato, tem bom ataque e que ressaltem sua postura de líder em quadra, impressionante pela idade – é o capitão do Minas. Outro ponto de destaque é sua regularidade: repete boas atuações, se mantém constante.
Timing
A pouca altura para a posição, apenas 2m, é compensada com muita impulsão e timing, no caso do bloqueio – ele raramente queima, quase sempre trabalhando com uma leitura apurada. "Você vê um jogador relativamente baixo como ele parar caras experientes e que sobem bastante como Lucão e Riad, então é porque ele também vai alto e, além disso, tem um tempo de bloqueio muito bom", observa Nery Tambeiro, técnico do Minas Tênis Clube.
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Eficiente no ataque, Flávio é quem joga na rede de dois, próximo ao levantador, quando este tem menos opções na linha de frente. "Como atacante, ele é muito ágil", aponta Tambeiro. Há centrais na Superliga que se valem de um ou dois tipos de bola para virar, mas no caso dele o repertório é mais amplo, beneficiado por seu alcance, que conforme o MTC é de 3,65m no ataque, e pela velocidade.
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O saque, ele admite, é o seu pior fundamento. "Não evoluí no viagem e o meu flutuante poderia ser mais agressivo". Quem já o viu sacar viagem sabe que não há ali a potência de centrais como Lucão, Éder ou Isac. No flutuante, ele não impõe dificuldade para a linha de passe como Maurício Souza, que tem hoje um dos melhores serviços do país. Mas Flávio vem treinando para melhorar nesse aspecto.
Seleção adulta
Sua única passagem pela seleção adulta foi na equipe B que, sob o comando de Rubinho, representou o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2015, em Toronto, Canadá. Menos experiente, Flávio era reserva em um time que tinha Maurício Souza e Otávio como titulares. "Ir ao Pan foi o máximo, uma tremenda honra representar o país numa competição daquelas". O Brasil ficou com a medalha de prata, perdendo na final por 2-3 para a equipe A da Argentina. Antes de chegar a esse momento, ele acumulou rodagem, jogando desde o infantojuvenil ao sub23.
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Com o país bem servido de centrais, Flávio Gualberto sabe que precisa ter paciência para chegar à seleção principal. Mesmo com 2m, ele acredita que possa ter uma chance – os dois menores meios de rede do Brasil na Rio 2016, Maurício Souza e Éder, têm 2,05m. "É o sonho de qualquer atleta profissional jogar pela seleção. Eu acho que é uma questão de tempo, mas não fico ansioso esperando a convocação". Falta menos de um mês para ele descobrir se o sonho se tornará realidade.
ATUALIZAÇÃO ÀS 18H15 – No final da tarde desta segunda-feira (10), o central Flávio e outros 11 atletas foram chamados pelo técnico Renan Dal Zotto para treinar no Centro de Desenvolvimento do Voleibol (CDV), em Saquarema (RJ). O grupo se reunirá no dia 23 de abril. A lista final dos convocados será divulgada no dia 8 de maio – um dia após o encerramento da Superliga masculina.
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