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Não foi acidente: lesão de Thaisa mostra como o vôlei ainda pode ser amador

Carolina Canossa

04/04/2017 15h57

Thaisa nem deveria ter jogado contra o Fenerbahce (Foto: Reprodução)

A assustadora lesão sofrida por Thaisa na tarde desta terça-feira (4) vai muito além das consequências físicas sofridas pela atleta: se por um lado cair de mau jeito é algo a que qualquer jogador de vôlei está sujeito, por outro o ocorrido não pode ser considerado um acidente.

Isso porque Thaisa simplesmente não deveria estar em quadra: na semana passada, a própria jogadora revelou que precisaria ser submetida a uma cirurgia porque atuou no sacrifício depois de descobrir um pequeno problema no joelho esquerdo em janeiro – se tratado à época, ela teria feito uma simples artroscopia, com quatro a seis semanas de afastamento das quadras.

Não fez e esse foi o primeiro erro. A questão que fica é: como, mesmo ciente desta situação, o time da central permitiu que ela entrasse em quadra em uma partida que já prometia ser fisicamente intensa, contra o rival regional Fenerbahce? E não estamos falando de um clube de bairro: o Eczacibasi, onde Thaisa joga desde a Olimpíada do Rio, é o atual campeão mundial de clubes e conta com algumas das principais estrelas do vôlei feminino mundial! Dinheiro ali certamente não é problema, inclusive para contar com bons profissionais em seu departamento médico.

É claro que a jogadora também tem sua parcela de culpa, uma vez que admitiu, em suas próprias palavras, ter dado "a cara a tapa" quando foi para o sacrifício. Errou de novo ao aceitar continuar jogando nestas condições. Porém, cabe destacar que ela não tem conhecimento suficiente para julgar o próprio caso. É atleta e não médica. Em um clube responsável, jamais receberia autorização para seguir atuando nestas condições.

A nova lesão de Thaisa foi na perna direita e provavelmente não tem relação com o problema anterior. As informações a respeito da gravidade ainda não são claras, mas, independente do diagnóstico, ela precisa dar um tempo no vôlei para cuidar da própria saúde. E que considere de verdade a possibilidade de processar o Eczacibasi pela irresponsabilidade, servindo de exemplo para outras jogadoras.

ATUALIZAÇÃO E CORREÇÃO – 17h37 de 04/04

O jornalista Guilherme Pallesi, marido de Thaisa, inicialmente informou que ela estava passando por uma cirurgia, mas, na verdade, houve uma confusão devido ao fato de Thaisa ter sido medicada com um remédio contra a dor que a fez dormir. Ele, que está no Brasil a trabalho, também reforçou a informação do Eczacibasi de que a jogadora não sofreu nenhuma fratura e deve passar por mais exames nas próximas horas para verificar o quão abrangente foi a lesão. Pallesi ainda disse que Thaisa está otimista: "Conversei com ela a pouco e a mesma estava com muita dor, triste, mas forte e disposta a fazer TUDO para se recuperar. Thaisa sempre foi uma guerreira e não será isso que vai abatê-la. Muitos teriam desistido se tivessem que operar os dois joelhos de uma só vez. Ela não desistiu. Isso será só uma fase e uma história desta carreira brilhante que ela tem. Peço por favor que todos mandem muita energia positiva e coloquem o nome dela em suas orações. Deus está com ela e tudo dará certo."

Veja o vídeo da lesão de Thaisa (atenção: imagens fortes):

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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