Thaisa decide jogar com joelho machucado e piora lesão: "Bomba-relógio"
Titular da seleção brasileira feminina de vôlei ao longo do último ciclo olímpico, Thaisa vem passando por momentos difíceis. Operado em 2015, o joelho esquerdo da atleta terá que ser submetido a uma outra cirurgia depois que ela jogou três vezes pelo Eczacibasi (Turquia) no sacrifício. As partidas foram realizadas desde a constatação uma ruptura parcial do ligamento lateral e de parte do menisco, no dia 20 de janeiro.
Diante da situação, o problema, que poderia ter sido resolvido com uma artroscopia, que a levaria a uma recuperação de quatro a seis semanas, transformou-se em uma inevitável cirurgia. "Não tem outro jeito. Tenho uma bomba-relógio no meu joelho que pode estourar a qualquer momento. E já peço as orações das pessoas que torcem, que entendem o drama de ser uma atleta profissional. Estou lutando, fazendo o melhor que posso. Não gosto de estar expondo, não quero passar a imagem de coitada, mas com muitas pessoas comentando sobre as minhas atuações, nada mais justo do que falar e esclarecer o que está acontecendo", comentou a atleta.
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O Saída de Rede apurou que a decisão de não fazer a artroscopia se deu através de um consenso entre ambas as partes, já que a jogadora inicialmente não gostaria de ser operada e nem de desfalcar a equipe, que investiu alto para tê-la nesta temporada. O Eczacibasi, por sua vez, não fez uma pressão descarada para ela tomar tal decisão, mas a incentivou a tentar jogar sem totais condições físicas porque não estava disposto a apostar em outras centrais.
Inclusive, não há uma data certa para que Thaisa seja operada. Por enquanto, ela tem feito fisioterapia e musculação no joelho, além de estar com uma carga de, no máximo, um treino por semana. E assim deve seguir nos próximos dias, especialmente se o Eczacibasi se classificar para a Final Four da Liga dos Campeões da Europa, em 22 e 23 de abril. A equipe também segue na disputa do campeonato turco, onde está nas quartas de final e enfrenta o Çannakale: na quarta-feira, o Eczacibasi venceu o jogo 1 da série por 3 a 1, sem Thaisa em quadra – o segundo confronto da série será nesta sexta-feira. (É bom lembrar que na liga turca existe o limite de três jogadoras estrangeiras em ação por cada time, e tanto a brasileira quanto a ponteira russa Kosheleva não foram inscritas na partida.)
Remédio que impede gravidez
Para chegar à conclusão da necessidade de uma cirurgia, Thaisa solicitou ao Eczacibasi a consulta de um outro profissional e foi prontamente atendida. Além disso, enviou seus exames para o seu médico, Luis Eduardo Tirico, nos Estados Unidos, e ainda para o que atende a ponteira e companheira de equipe Tatiana Kosheleva. Os três decidiram pela operação.
Apesar da unanimidade entre os profissionais, outra vez Thaisa atendeu ao pedido do clube para enfrentar o Fenerbahce, no último dia 23, pela Champions. O custo disso foi um remédio que a impedirá de engravidar durante um bom período.
"Mesmo com medo e sabendo que não estaria 100%, que voltaria a sentir muitas dores, não consigo pensar apenas em mim. Eu sou assim. Quero ajudar o time. Decidi adiar a cirurgia e fazer duas semanas de fisioterapia no hospital para tentar jogar. Então resolveram me dar uma injeção ainda mais forte, que poderia ajudar na dor mas do tipo que preciso ficar dois anos e meio sem engravidar pois causa má formação no feto. Conversei com meu marido e fiz. Passei muito mal. Tive enjoo, febre, dores no corpo todo e não conseguia sequer andar", afirmou Thaisa.
"Desde a primeira ressonância, no dia 24 de janeiro, eu já precisava de uma artroscopia. Se tivessem feito, já estaria voltando a jogar normalmente, sem dores, sem nada, e pronta para jogar essa fase importante da Champions, da liga turca, além do Mundial de Clubes", complementou a jogadora. As fortes dores que ela diz ter sentido desde então eram consideradas normais pelo médico do Eczacibasi, segundo a atleta.
Após a partida contra o VakifBank, no dia 22 de fevereiro, Thaisa sofreu com inchaço no joelho. "As dores foram ainda mais fortes e o médico falou novamente que era normal porque eu havia forçado. Tiraram um pouco só do líquido do meu joelho e aplicaram mais duas injeções. Continuei sentindo dores. Depois de três dias, quando fui saltar leve para treinar, não consegui, e sentir uma dor absurda. Aí pedi para fazer outro exame o mais rápido possível. Foi então que constataram que já havia machucado também uma parte da cartilagem e tinha um edema no osso", contou.
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Consciência tranquila
Apesar da decisão equivocada em janeiro, Thaisa garante estar de consciência tranquila – na partida contra o Fenerbahce, por exemplo, ela marcou oito pontos na derrota por 3 a 2.
"Fui para o jogo, sem estar treinando, porque me consideram peça importante, mas estava completamente despreparada. Não saltava há muito tempo e minha atuação foi muito abaixo. Mas o meu clube sabe a situação que estou passando e dei a minha cara a tapa. Tudo o que fiz até hoje foi com muita dedicação e luta. Nada vai apagar o que fiz e o que fui e estou fazendo e buscando, lutando muito. Não tenho medo. Acho que a vida de atleta é assim e tenho minha consciência tranquila e que estou fazendo o máximo pela minha equipe. Não tenho pensado em mim. Tenho pensado nas minhas amigas e companheiras de time, e em ajudar o meu clube", explicou.
Vale destacar esse não é o primeiro problema que Thaisa sofre na região: em junho de 2015, a central operou os dois joelhos por conta de lesões nos tendões patelares. Na ocasião, o médico Luiz Eduardo Tírico encontrou uma situação pior do que o esperado e constatou que, se ela demorasse mais para se submeter aos procedimentos, correria sério risco de perder a Olimpíada do Rio de Janeiro. Ironicamente, nos Jogos, ela atuou pouco a um outro problema físico, um estiramento na panturrilha esquerda.
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