Líbero busca nova chance após doença que o levou ao esporte paraolímpico
Há pouco menos de um ano, em 10 de abril de 2016, o líbero Pará entrava na quadra do ginásio Nilson Nelson, em Brasília (DF), para viver seu auge como jogador de vôlei: a final de uma Superliga. Reserva do Brasil Kirin, ele passou aquele campeonato auxiliando Thiago Brendle (posteriormente convocado para a seleção brasileira) a montar um sistema defensivo que só não parou o multicampeão Sada Cruzeiro.
Naquela partida, Pará já sabia de um grave problema de saúde que colocaria sua carreira em risco, a esclerose múltipla. A doença, que é crônica e ainda sem cura, ataca o sistema nervoso central e pode limitar os movimentos corporais de suas vítimas. No caso do jogador, foram dois momentos nos quais os sintomas ficaram evidentes.
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"Em 2011, perdi quase tudo do lado esquerdo do corpo, como força e controle dos movimentos (…) Acordei em um sábado de manhã com tudo formigando, não tinha força e nem equilíbrio", conta o jogador em entrevista exclusiva ao Saída de Rede. Como não houve qualquer outra manifestação da doença, continuou a jogar normalmente até janeiro de 2016, quando percebeu que havia perdido uma parte da sensibilidade corporal. "Fui tomar banho e notei que a água era quente de um lado e no outro eu não sentia a superfície da pele, nem ao toque. Era como se tivesse um plástico em cima", descreve.
Por conta das particularidades da posição ("Se eu saltasse, possivelmente faria diferença"), Pará, cujo nome de batismo é Danyel Conceição, ainda conseguiu terminar a disputa da Superliga. Encerrado o campeonato, porém, conversou com a família e optou pelo afastamento até que soubesse como iria reagir aos medicamentos para esclerose. "O sonho ficou meio de lado pra cuidar da saúde, afinal sem a saúde não tenho sonho", destaca.
Neste período, o líbero chegou a se dedicar ao atletismo paraolímpico, mas a falta de patrocinadores e a melhora das condições físicas fizeram com que ele voltasse a sonhar com o vôlei. "Agora que conheço o tratamento, decidi voltar a treinar e me preparar caso tenha alguma oportunidade de time (…) Tenho um empresário e, com a liga chegando no finalzinho, agora começam as conversas", explica.
Ciente que sua condição pode despertar dúvidas, Pará afirma que possui apenas uma limitação, que, na prática, é irrelevante para o voleibol: "Meu tendão esquerdo não sustenta o peso do meu corpo, não tenho força suficiente para aguentar o peso na ponta do pé esquerdo".
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Os treinamentos estão sendo realizados nas categorias de base do Brasil Kirin, clube do qual ele garante ter recebido o suporte necessário nos últimos meses. "Todos os meus amigos atletas e comissão, dirigentes, mandaram mensagens, deram apoio, então tenho uma excelente relação com todos os funcionários", contou. No restante do tempo, ele se dedica a treinos de vôlei sentado e à faculdade de educação física, além de ajudar nos treinos de uma equipe amadora
Em meio a esse turbilhão, Pará deixa um recado para o público. "O que posso dizer é que a saúde vem em primeiro lugar. Sem a saúde, não podemos fazer aquilo que amamos e, se não puder voltar às quadras, existem milhares de coisas fora dela que podem ser feitas. Uma porta pode se fechar, mas existem diversas janelas abertas. Só seremos bons na quadra se aprendermos a ser melhores fora dela, como pais, maridos, filhos e irmãos. Nesse tempo parado me liguei ainda mais com as pessoas que amo e não existe coisa melhor no mundo", finaliza.
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