Lá se foi o primeiro turno da Superliga: alguém segura o Sada Cruzeiro?
A Superliga masculina está na metade da fase classificatória e, no ritmo que vai o campeonato, a resposta à interrogação do título pode ser "ninguém". Invicto, o Sada Cruzeiro não teve sua posição hegemônica no voleibol nacional perturbada. Só o Sesi, alentado pela torcida na Vila Leopoldina, conseguiu ganhar dois sets dos campeões mundiais (tradução: beliscaram um ponto precioso), mas nada além disso.
Entre os que não disputam a competição pensando em desbancar o líder, mas têm pretensões a médio e longo prazo, as equipes do interior mineiro têm feito um campeonato muito bom. Dos representantes da região Sul, o Lebes/Gedore/Canoas é quem começa a despontar como sério candidato aos playoffs, enquanto os paranaenses figuram nas últimas posições.
Dentro das pretensões e possibilidades de cada uma das 12 equipes da Superliga masculina, o Saída de Rede avaliou o desempenho de todas.
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Mesmo perdendo dois titulares das últimas temporadas (o central Éder e o oposto Wallace) e jogando longe de seus domínios em nove dos 11 compromissos que teve até aqui, o Sada Cruzeiro dominou amplamente a primeira metade do campeonato. Com os recém-contratados Simón (central) e Evandro (oposto) se integrando à equipe e com a boa rodagem que a comissão técnica deu ao elenco, especialmente no que se refere aos reservas Alan (oposto), Fernando Cachopa (levantador) e Rodriguinho (ponteiro), o time obteve 32 de 33 pontos possíveis e tem nada menos que três vitórias a mais que seus perseguidores mais próximos.
Pelo andar da carruagem, mesmo com todo o returno por jogar, vai ser difícil o time sair da ponta da tabela, bem como não chegar, pelo menos, a mais uma final. Se bater o Sada Cruzeiro virou uma façanha, imagine ganhar três vezes desse time – que será a missão de quem encará-lo nas quartas de final ou semifinais, séries disputadas em melhor de cinco.
Duas equipes que fizeram um primeiro turno além das expectativas foram Montes Claros e JF Vôlei.
A equipe de Montes Claros conseguiu, de algum modo, embaralhar as cartas da Superliga masculina. O time surpreendeu com vitórias seguidas sobre Funvic/Taubaté e Brasil Kirin e ocupa a terceira posição do campeonato, com oito vitórias. Dado que seu aporte financeiro é substancialmente inferior ao das grandes equipes, surpreende que se possa dizer, a essa altura do campeonato, que o "Pequi Atômico", como é chamado, poderá chegar bem aos playoffs e com boa chance de não entrar em rota de colisão com o Sada Cruzeiro nas quartas e semifinais.
Quem também surpreende positivamente é o JF Vôlei. Lanterna na temporada 2015/16, a equipe de Juiz de Fora precisou vencer um torneio seletivo para se manter na divisão principal do vôlei brasileiro. Obtida a vaga, teve reforços na base do Cruzeiro, repatriou o oposto Renan e fez uma metade de Superliga muito além das previsões mais otimistas. Mesmo perdendo os três últimos jogos que disputou, a equipe está na sexta posição, com seis vitórias e 16 pontos, situação relativamente confortável para chegar aos mata-matas, já que o nono colocado está seis pontos e três vitórias atrás.
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Sesi e Brasil Kirin não devem passar apuro para chegar aos mata-matas, mas ainda não empolgaram o torcedor nem demonstraram em quadra que possam destronar o colecionador mineiro de troféus.
O Sesi trouxe de volta para o Brasil, nesta temporada, o levantador Bruno e o meio de rede Lucão, e, com os pontas Douglas Souza e Murilo, o líbero Serginho e os centrais Aracaju e Riad, montou um elenco que bem poderia contestar a hegemonia cruzeirense.
No entanto, o time tem convivido com lesões e, mesmo no segundo lugar da tabela, não conseguiu se livrar de fato da concorrência para mostrar que seja a equipe que possa bater os atuais campeões – com 26 pontos, tem tantas vitórias quanto Montes Claros, Funvic/Taubaté e Brasil Kirin.
Já o time de Campinas, atual vice-campeão nacional, até poderia estar fazendo uma campanha abaixo da que tem feito, pois perdeu titulares da temporada passada, como Lucas Lóh, Wallace Martins e Demián Gonzalez. Só que Brasil Kirin tem demonstrado que pode ir além da quinta posição que ocupa no momento, com oito vitórias e 22 pontos, porque tem conseguido jogar boas partidas e ainda tem muito chão para terminar a fase classificatória.
Outras duas equipes na faixa intermediária dessa análise são o Lebes/Gedore/Canoas e o São Bernardo.
O time campeão gaúcho teve um começo muito complicado na competição, encarou uma sequência pesada de jogos e só na sétima rodada obteve a primeira vitória. Depois disso, exceto por um revés em casa contra o São Bernardo, o time mostrou plenas condições de chegar aos playoffs e terminou o turno na sétima posição, com 15 pontos e quatro vitórias.
O São Bernardo, apesar da décima posição, deu mostra de que pode conquistar o bilhete para mais um ano na elite do vôlei nacional. Semifinalista da última Superliga B, o clube só está na divisão principal da Superliga por convite da CBV – que quase não conseguiu fechar o campeonato deste ano com 12 clubes. Com a eliminação para a Climed/Atibaia no Paulista, era de se esperar que o time tivesse de se contentar com a lanterna no nacional. Mas, não.
A equipe do ABC paulista, com três vitórias e nove pontos, fez campanha melhor do que a dos paranaenses (venceu a ambos, inclusive) e, a quatro pontos do oitavo colocado, pode até se dizer na luta por uma vaga nos playoffs. Só não pode vacilar, porque Maringá, penúltimo, está a três pontos de distância.
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A Funvic/Taubaté montou um senhor time de voleibol para a Superliga – ao menos no papel. Além de tirar dois titulares de longa data do Cruzeiro – Wallace e Éder –, o clube conta no elenco com os ponteiros Lucarelli e Lucas Lóh, o levantador Raphael, o líbero Mário Jr. Noutras palavras, tem atletas que passaram recentemente pela seleção brasileira e três dele, até, foram campeões olímpicos.
Contudo, a campanha do time, que veio credenciado pelo tricampeonato paulista, teve muitas oscilações e duas contundentes derrotas em sets diretos contra Sada Cruzeiro e Sesi. Resultado, o time está no quarto lugar, um ponto atrás de Montes Claros, um à frente do time de Campinas, muito aquém das expectativas iniciais.
Quem também está no G8 e não faz boa campanha é o Minas Tênis Clube. Longe de quando fazia bons duelos contra o Sada Cruzeiro, o representante de BH foi superado, inclusive, pelos mineiros Montes Claros e JF Vôlei. Isso, registre-se, numa temporada em que o time participou do Mundial de Clubes.
O Minas até tem esboçado uma reação, com três vitórias nas últimas quatro rodadas, mas o oitavo lugar que ocupa, com seis derrotas, três pontos à frente do nono colocado, é muito pouco para a tradição que o clube tem no vôlei nacional.
Depois de vencer dois dos três primeiros jogos, o Bento Vôlei/Isabela ganhou somente uma das últimas oito partidas que disputou – exatamente sobre o lanterna Caramuru Vôlei/Castro. A equipe gaúcha ainda pode repetir do feito da temporada passada, quando chegou às quartas de final, já que está na nona posição e tem 11 rodadas pela frente. Mas vai precisar melhorar um bocado e, inclusive, conseguir bons resultados longe de Bento Gonçalves, já que todos os dez pontos que conquistou até aqui foram em casa.
Por fim, as equipes paranaenses. Copel Telecom Maringá e Caramuru Vôlei/Castro são, respectivamente, décimo primeiro e décimo segundo colocados. O Maringá, que, a exemplo do São Bernardo, disputa a Superliga graças a um convite, venceu só dois jogos e o Caramuru, campeão da Superliga B, tem somente dois pontos ganhos, fruto dois tie breaks perdidos em casa. São dois times que, sem maiores pretensões no campeonato, talvez já pensem na seletiva (que a CBV chama de "Taça Ouro") para se manterem na divisão principal no ano que vem.
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