Embaixador russo assassinado é homenageado em jogo da Liga dos Campeões
Quando Istanbul BBSK e Dínamo Moscou entraram em quadra, em Istambul, nessa quarta-feira, pela Liga dos Campeões masculina da Europa, o clima para a partida era de consternação. A vitória dos visitantes por 3 sets a 1 (19-25, 25-18, 25-18, 25-22) foi relevante para o campeonato, já que os moscovitas chegaram a seis pontos na tabela do grupo A e mantiveram o time da casa ainda sem nenhum ponto conquistado, mas isso ficou em segundo plano: em solidariedade ao embaixador da Rússia na Turquia, Andrei Karlov, assassinado na última segunda-feira em Ancara, os atletas das duas equipes posaram juntos para a foto – note o time anfitrião com uma camisa estampando uma fotografia do diplomata.
O atentado lembrou ao mundo que as relações entre os dois países, até bem pouco tempo, andaram estremecidas.
Em 24 de novembro do ano passado, durante uma ofensiva militar na Síria contra os terroristas do Estado Islâmico e contra os rebeldes descontes com o ditador Bashar al-Assad, um caça russo foi abatido pela Turquia perto da fronteira síria. O governo turco alegou que o ataque foi para defender seu espaço aéreo, que havia sido invadido, enquanto Moscou retrucou que o avião e o piloto não ofereciam risco aos agressores – o presidente Vladimir Putin até chegou a usar o termo "facada nas costas".
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O reflexo no vôlei da crise diplomática foi observado quase de imediato. Pela Liga dos Campeões, na semana seguinte à derrubada do avião, duas partidas entre equipes turcas e russas, marcadas para a Turquia, foram vencidas pelo time da casa por WO: por recomendação da Federação Russa de Vôlei, o Belogorie Belgorod não foi a Izmir enfrentar o Arkas Spor, e perdeu por 3 sets a 0 (25-0, 25-0, 25-0), o mesmo ocorrendo ao Dínamo Moscou contra o Ziraat Bankasi Ankara.
Depois disso, porém, a situação (ao menos, no âmbito do vôlei) voltou a uma certa normalidade. Não houve outras partidas definidas por WO – inclusive, duas semanas após, o Zenit Kazan enfrentou o Halkbank, na Turquia, pelo torneio continental – e a seleção russa feminina até disputou o Pré-Olímpico Europeu em Ancara, em janeiro deste ano. Houve ainda, no entanto, um senão.
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O último reflexo no voleibol da tensão entre os dois países ocorreu em 29 de março, no jogo 1 da final da Copa CEV feminina, entre Galatasaray e Dínamo Krasnodar, em Istambul. Tendo de acompanhar o jogo da arquibancada, por estar contundida, a ponteira da seleção russa Tatiana Kosheleva, então no Krasnodar, usou as redes sociais para dizer que ela e suas companheiras haviam sido hostilizadas durante a partida. A jogadora relatou que torcedores locais chegaram a jogar lixo nas atletas do Dínamo e que o treinador adversário, Ataman Guneyligil, havia mostrado o dedo médio para ela e para a comissão técnica da equipe russa.
(Apesar de o Kremlin haver cogitado intervir no assunto, o incidente entre Galatasaray e Dínamo Krasnodar não ganhou contornos mais dramáticos, e a própria Kosheleva, atualmente, joga no vôlei turco, defendendo o Eczacibasi VitrA.)
No decorrer deste ano, os dois governos voltaram a se aproximar. Há poucos dias, até traçaram um plano conjunto para retirar os civis da linha de fogo dos combates em Aleppo, na Síria – cidade mencionada pelo assassino do embaixador durante o ataque, segundo relato das testemunhas. Nesse aspecto, além do gesto solidário, os jogadores do Istanbul BBSK e do Dínamo Moscou também protagonizaram, voluntária ou involuntariamente, um ato de repercussão diplomática.
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