Embalado por Tandara, Vôlei Nestlé tira invencibilidade de Rexona-Sesc
O termo "clássico" é bastante desgastado no esporte de um modo geral. Basta que uma equipe em ascensão enfrente um adversário com algum renome para que logo tachem o duelo como tal. No entanto, quando o time de Osasco e o do Rio de Janeiro estão em quadra, a tradição, a rivalidade e as salas de troféus fazem por merecer a denominação. Não importa que posição ocupem na tabela, seu confronto é um campeonato apartado. Pois o jogo da noite de terça-feira, entre Vôlei Nestlé e Rexona-Sesc, pela nona rodada da Superliga feminina, além dos ingredientes de sempre, foi em quadra o Clássico do Voleibol Brasileiro.
Curta o Saída de Rede no Facebook
Se a partida não foi tecnicamente primorosa, valeu pela emoção, pelas reviravoltas no placar e, até, pela graça que trouxe ao campeonato nacional. Com a vitória osasquense por 3 sets a 2 (23-25, 26-24, 20-25, 25-23, 15-13), o Rexona, último a perder a invencibilidade na competição feminina, viu diminuir sua distância em relação à concorrência.
As cariocas lideram com 25 pontos, quatro acima do segundo colocado – o Terracap/BRB/Brasília. Contudo, a diferença para o quinto colocado, o Genter Vôlei Bauru, caiu para apenas cinco pontos. O Vôlei Nestlé empata na pontuação com as brasilienses (21), mas perdem no set average e são as terceiras colocadas. Note-se, ainda, que só um ponto separa vice-líderes e quintas colocadas. Convenhamos, era difícil acreditar que a Superliga feminina parecesse tão embolada, a duas rodadas do encerramento dos jogos de ida da fase classificatória, ainda mais pelo fato de o Rexona-Sesc quase ter aberto seis pontos de vantagem.
Natália, Thaísa e Joycinha brilham em rodada do voleibol turco
Antes de falar propriamente do jogo, é necessário fazer uma ressalva quanto à transmissão do SporTV na partida. É claro que a comoção com o acidente aéreo da Chapecoense, há duas semanas, é imensa, alcançou escala planetária, rompeu, inclusive, as barreiras do futebol, do esporte. É claro, também, que o sentimento universal de solidariedade – o qual nós, do Saída de Rede, compartilhamos – é extensivo aos 71 mortos no voo e também aos seis sobreviventes. O Vôlei, mesmo, também prestou homenagens à Chape. Mas questão é: em termos jornalísticos, era realmente relevante mostrar ao vivo a chegada do avião que conduzia dois dos feridos para Santa Catarina?
A transmissão da partida foi várias vezes interrompida nos dois primeiros sets para mostrar o avião chegando à pista e a porta aberta da aeronave à espera da saída do radialista Rafael Renzel e do lateral Alan Ruschel.
Uma dessas interrupções chegou a ser abreviada para mostrar um incêndio que, embora rapidamente controlado, deixou esfumaçada parte da arquibancada José Liberatti – segundo o SporTV, o susto foi causado papelões que pegaram fogo do lado de fora do ginásio. Noutra ocasião, na reta final do segundo set, o time de Osasco vencia por 22 a 18, quando a emissora mostrou a chegada da ambulância para transportá-los ao hospital da cidade. Quando ao vôlei voltou à cena, porém, eis que o time da casa estava salvando um set point.
O JOGO
O nervosismo das equipes e uma certa irregularidade no padrão do vôlei apresentado ficaram evidentes em erros na armação de contra-ataques e na profusão de sequências de pontos para um lado ou para outro. Redes encalharam com certa frequência e esse aspecto, se é negativo de um modo geral, trouxe imprevisibilidade ao clássico.
Carrasco do Brasil em Londres 2012 pego no antidoping
O primeiro set parecia tranquilamente encaminhado para a equipe comandada pelo técnico Bernardinho, quando uma reação do time da casa, que perdia por 24 a 19, deu ares de thriller à parcial – que terminou 25 a 23. No segundo set, como já mencionado, o Rexona-Sesc fez seis pontos seguidos para virar de 22 a 18 para 24 a 22, mas aí sofreu quatro pontos em sequência. Já na terceira parcial, o Vôlei Nestlé abriu 9 a 3 para levar o empate e perder as rivais de vista.
O time do Rio, já no decorrer desse terceiro set, tinha em quadra a levantadora Camila Adão, a oposta Helô e a ponteira Drussyla, que estavam, respectivamente, no lugar de Roberta, Monique e Anne Buijs – esta, com cinco pontos anotados.
A princípio, as mudanças no Rexona surtiram efeito. Com 50% de eficiência nas cortadas, Helô foi um bom desafogo para o ataque de sua equipe, que pôde diminuir a sobrecarga dos ombros de Gabi – que marcou 19 pontos e foi a principal anotadora entre as visitantes, mesmo com obrigações na linha de passe.
As cariocas chegaram perto da vitória ainda na quarta parcial, quando lideraram o marcador por 21 a 18. No tie break, quando igualaram o placar logo após estarem perdendo por 9 a 5, elas mostraram que estavam aptas a seguir na luta. Contudo, não conseguiram parar um time empurrado pela torcida e embalado por Tandara.
Literatura sobre vôlei: a fraca difusão do conhecimento
Entre iluminada e endiabrada, Tandara foi decisiva. Sem aliviar nas cortadas pelo meio fundo ou pela entrada de rede, a ponteira colocava a bola no chão da quadra contrária e anotou 32 pontos. Com 29 acertos no ataque, ela chegou a 53,7% de aproveitamento nesse quesito. O troféu VivaVôlei que levou para casa premiou uma das grandes atuações individuais até aqui na Superliga feminina.
Muito por conta dela foi que o Vôlei Nestlé, mesmo concedendo 29 pontos em erros contra 19 do Rexona, dominou no ataque (70 a 61) e chegou à virada. Ressalte-se também a boa partida da meio de rede Bia, que fez 17 pontos, sendo a maior bloqueadora do duelo, com cinco acertos no fundamento.
As duas equipes já voltam à quadra nesta sexta-feira. Em Osasco, o Vôlei Nestlé recebe o lanterna Renata Valinhos/Country, às 19h30, pelo horário de Brasília. Já o Rexona-Sesc, às 20h, tem pela frente o Camponesa/Minas, em Belo Horizonte.
OUTROS JOGOS
Noutra partida que despertava bastante interesse na rodada, nesta terça-feira, o Camponesa/Minas venceu o Dentil/Praia Clube por 3 sets a 1 (18-25, 25-17, 25-22, 25-21). No intervalo entre o segundo e o terceiro sets, a recém-contratada Jaqueline foi apresentada à torcida da casa. A oposta norte-americana Destinee Hooker, do Minas, anotou 17 pontos e empatou com a ponteira Pri Daroit como segunda pontuadora de sua equipe. Rosamaria, com 22 acertos, foi a maior anotadora do jogo empatada com a cubana Daymi Ramirez, do Praia – ainda desfalcado de Alix Klineman.
Fora de casa, diante do Rio do Sul, o Genter Vôlei Bauru emplacou a sexta vitória consecutiva – atualmente, por conta do revés sofrido pelo Rexona, a maior sequência da Superliga feminina. A equipe paulista venceu por 3 sets a 0 (25-19, 25-21, 28-26) e é quinta colocada, atrás do Praia Clube apenas pelos pontos average.
No Distrito Federal, o Terracap/BRB/Brasília recuperou a vice-liderança da Superliga batendo o Renata Valinhos/Country por 3 a 0 (25-15, 25-20, 25-23), com 15 pontos da central Larissa, eleita a melhor em quadra.
Nas duas outras partidas da noite, que não interferiram na posição das equipes dianteiras, o Fluminense venceu o Pinheiros, em São Paulo, por 3 a 1 (25-21, 16-25, 25-22, 25-21), e, em Santo André, o São Cristóvão Saúde/São Caetano passou pelo Sesi em cinco sets (25-22, 25-14, 21-25, 21-25, 15-12).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.