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Saída de Rede

Com mais jogos na TV aberta e mudança nos playoffs, vai começar a Superliga

João Batista Junior

25/10/2016 06h00

Atuais campeões, Rexona-Sesc e Sada Cruzeiro começam Superliga como favoritos (fotos: CBV)

Atuais campeões, Rexona-Sesc e Sada Cruzeiro começam Superliga como favoritos (fotos: CBV)

A largada da edição 2016/17 da Superliga será nesta quarta-feira, 26, com uma partida da competição masculina. A bola sobe para JF Vôlei, lanterna do campeonato passado, e Brasil Kirin, atual vice-campeão brasileiro, às 20h, em Juiz de Fora. O certame feminino estreia na quinta, em grande estilo, com dois jogos transmitidos ao vivo: às 19h, o SporTV mostra Renata Valinhos/Country vs. Dentil/Praia Clube e às 21h45, a RedeTV! exibe o duelo entre Concilig/Finch/Vôlei Bauru e Camponesa/Minas. No mesmo dia, às 21h30, o SporTV faz a primeira transmissão ao vivo no masculino, com um confronto entre Copel Telecom Maringá e Sesi.

Uma das principais novidades desta temporada é o espaço que o voleibol ganhará na TV aberta. Com uma partida transmitida na quinta-feira à noite e outra aos sábados à tarde, a modalidade terá o dobro de transmissões semanais que teve no campeonato passado com a RedeTV! Além disso, como já tem sido tradição, a Globo vai transmitir os duelos pelo título de cada naipe.

São novidades também o Caramuru Castro, do Paraná, estreante da Superliga masculina, e o Fluminense, que volta à principal divisão do vôlei feminino nacional depois de longo período de afastamento.

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Em relação ao formato da disputa, houve mudança nos mata-matas. A fase classificatória da competição vai até março do ano que vem, quando começam os playoffs. As quartas de final femininas serão disputadas em séries melhor de três jogos, enquanto as semifinais deste naipe, bem como as quartas e semis do masculino, terão disputas em melhor de cinco. A final permanece em jogo único: dia 07/5 para os homens e 14/5 para as mulheres – esta data pode mudar, já que coincide com a final do Mundial feminino de Clubes do ano que vem, em Kobe (Japão).

Brenda Castillo e Prisilla Rivera reforçam Bauru na Superliga (Marina Beppu)

Brenda Castillo e Prisilla Rivera reforçam Bauru na Superliga (Marina Beppu)

Mercado
A vinda de estrangeiros agitou o mercado do vôlei brasileiro: as dominicanas Brenda Castillo (líbero) e Prisilla Rivera (ponteira) estão na equipe de Bauru, as sérvias Bjelica (oposta) e Malesevic (ponteira vice-campeã olímpica) defendem o Vôlei Nestlé, a holandesa Anne Buijs (ponta) está no Rexona-Sesc, o cubano Simón (central) foi para o Sada Cruzeiro e seu compatriota Bisset (oposto), para o Minas – isso para não falar da oposta norte-americana Destinee Hooker, que vai atuar pelo Camponesa/Minas.

Além disso, quatro campeões olímpicos foram repatriados: o Sesi trouxe da Itália o levantador Bruno e o central Lucão, enquanto o Sada Cruzeiro tem no plantel o oposto Evandro, que estava no vôlei japonês, e o Concilig/Finch/Bauru apostou em Mari, campeã olímpica em 2008, que jogou parte da temporada passada na Itália, parte na Indonésia.

Das transferências entre clubes do país, destaque para a saída da meio de rede Fabiana, que foi do Sesi para o Dentil/Praia Clube, e dos ex-cruzeirenses Wallace (oposto) e Éder (central), para a Funvic/Taubaté.

Por outro lado, os ponteiros Lipe e Natália e a central Thaisa foram para o voleibol turco e os centrais Deivid e Adenízia, o ponteiro Kadu e o levantador Thiaguinho, para a liga italiana. A ponteira Jaqueline, que atuou pelo Sesi, ainda não definiu onde jogará na temporada.

Renovação
Num período em que se discute a elevada média de idade das seleções masculina e feminina do Brasil, é preciso ressaltar a importância da primeira Superliga deste ciclo olímpico para Tóquio 2020.

Será uma competição para ficar de olho no campeão olímpico Douglas Souza, ponteiro do Sesi, mas não apenas nele. É hora de observar também seu companheiro de time Aracaju (meio de rede), assim como o ponta Rodriguinho, que teve atuação destacada pelo Sada Cruzeiro no Mundial de Clubes.

Falando no Cruzeiro, vale lembrar que boa parte do elenco do JF Vôlei é composta de vários jogadores das categorias de base do time celeste, e que o levantador Fernando Cachopa e o oposto Alan (que não disputou o mundial de clubes por conta de uma lesão) também figuram entre os nomes que podem ganhar espaço na seleção masculina nos próximos anos.

Paula Borgo em ação pelo Vôlei Nestlé (João Pires/Fotojump)

Paula Borgo em ação pelo Vôlei Nestlé (João Pires/Fotojump)

No feminino, será uma temporada de amadurecimento para a levantadora Naiane, do Camponesa/Minas, e as opostas Paula Borgo, do Vôlei Nestlé, e Lorenne, do Sesi. São jogadoras que atuaram pela seleção brasileira B, que disputou o Torneio de Montreux deste ano, e podem ter chance de figurar em convocações da seleção principal.

O mesmo vale para a ponteira Drussyla, do Rexona-Sesc: apesar da perspectiva de ficar no banco de reservas, já que Gabi e Anne Buijs devem ser as titulares, a jovem atacante mostrou no Mundial de Clubes que pode aproveitar bem as chances que ela tiver para entrar em quadra.

Será também uma competição para as centrais Bia e Saraelen, que terão a responsabilidade de substituir Thaisa e Adenizia no Vôlei Nestlé, mostrar que podem chegar à seleção brasileira.

Favoritas
Por causa de uma sequência de nove finais disputadas entre cariocas e osasquenses (de 2004/05 a 2012/13), a Superliga feminina era vista como um campeonato em que era imperativo interromper o diálogo dos dois gigantes na disputa do troféu. Contudo, com quatro títulos consecutivos para o Rexona, sendo dois deles contra rivais diversos do Vôlei Nestlé (Sesi, em 2013/14, e Dentil/Praia Clube, na temporada passada), percebeu-se que a variação do roteiro foi para um monólogo.

Considere-se ainda que o Rexona-Sesc manteve boa parte das titulares da reta final da última superliga (Roberta, Monique, Carol, Juciely, Gabi e Fabi), e mudou apenas na entrada de rede: saiu Natália, chegou Anne Buijs. Dito isso, até parece que o campeonato feminino correrá para um previsível desfecho em que o time do Rio vai levantar a taça no jogo decisivo contra a equipe vencedora na luta pelo vice-campeonato. Isso até pode acontecer, mas há quem tenha boa chance de modificar o roteiro deste ano.

Com a permanência de Alix e a chegada de Fabiana, Praia Clube deve lutar pelo título (divulgação)

Com a permanência de Alix e a chegada de Fabiana, Praia Clube deve lutar pelo título (divulgação)

Atual vice-campeão, o Dentil/Praia Clube parece ser o mais sério concorrente do Rexona. O time de Uberlândia não só manteve as principais jogadoras da última campanha, como a norte-americana Alix Klineman, a cubana Daymi Ramirez, a central Walewska, a levantadora Claudinha, como também se reforçou: trouxe a meio de rede Fabiana, titular e capitã da seleção.

Rival histórico do Rexona, o Vôlei Nestlé teve grandes baixas no elenco e só deve pensar em título, ou mesmo em chegar à final, se a equipe achar um jeito novo de jogar. Com a saída das centrais Thaisa e Adenizia, o meio de rede, que sempre foi um ponto forte do time, virou ponto de interrogação.

Por outro lado, a chegada da ponteira Malesevic para o lugar da cubana Carcaces, que voltou para o Volero Zürich, promete um ganho na qualidade do passe para Dani Lins. A contratação de Paula Borgo pode suprir a ausência da oposta belga Lise Van Hecke, que notadamente não se adaptou ao vôlei brasileiro – vale ressaltar que ela vai brigar com a sérvia Bjelica pela titularidade na saída de rede. E ainda o time tem a líbero Camila Brait e a contratou a ponteira Tandara, campeã em Londres 2012, jogadoras cortadas a poucas semanas das Olimpíadas do Rio.

O trio acima pode ser perturbado pelo Camponesa/Minas. O time de Belo Horizonte manteve a base semifinalista do ano passado e contratou a norte-americana Hooker, potente atacante da seleção medalhista de prata em 2012.

Outra equipe que promete chamar muito a atenção é o Concilig/Finch/Bauru. Treinado pelo técnico da seleção da Rep. Dominicana, o brasileiro Marcos Kwiek, o clube contratou duas jogadoras da seleção caribenha (Brenda Castillo e Prisilla Rivera) e terá Mari, que busca a melhor forma física e técnica para poder entrar em ação.

Evandro foi o melhor oposto do Mundial de Clubes (FIVB)

Evandro foi o melhor oposto do Mundial de Clubes (FIVB)

Favoritos
Na Superliga masculina, a pergunta "quem pode parar o Sada Cruzeiro?", a princípio, deveria ter como resposta "ninguém". Não bastasse o clube haver conquistado as duas últimas superligas e haver levantado todos os troféus que disputou na temporada passada, começou a caminhada com um título protocolar no campeonato estadual e um triunfo avassalador no mundial – o terceiro para a coleção, aliás.

Embora seja um time muito forte, que conte com o melhor jogador em atividade no Brasil – o ponteiro Leal –, que tenha nomes de respeito, como os campeões olímpicos William e Evandro e o meio de rede cubano Simón, além dos incansáveis Serginho e Filipe, é uma equipe que – surpreendentemente – não tem nenhum dos titulares da campanha do Brasil no Rio de Janeiro.

Wallace seria esse nome, mas ele foi para a Funvic/Taubaté, que desponta como um dos grandes rivais dos mineiros este ano. É um time que, além do oposto titular da seleção, trouxe do Cruzeiro o central Éder e manteve o ponteiro Lucarelli e o levantador Raphael. Nas condições normais de temperatura e pressão, será uma equipe com enorme poderio ofensivo e que vem credenciada pela conquista do tricampeonato paulista.

Com campeões mundiais e olímpicos, Sesi é sério candidato ao título (foto: Everton Amaro/Divulgação Fiesp)

Com campeões mundiais e olímpicos, Sesi é sério candidato ao título (foto: Everton Amaro/Divulgação Fiesp)

Quem também investiu bastante para contestar a supremacia cruzeirense foi o Sesi. É possível que a equipe não tenha o central Sidão, contundido, por toda a temporada. Por outro lado, ainda tem o elenco mais premiado de toda a Superliga, tendo quatro campeões olímpicos na Rio 2016 (Bruno, Lucão, Douglas Souza e Serginho). Além disso, tem o ponteiro Murilo, duas vezes vice-campeão olímpico e bicampeão mundial com a seleção, e o oposto Théo, campeão mundial pelo Brasil em 2010.

O Brasil Kirin, vice-campeão da edição passada, manteve Mauricio Souza, meio de rede titular da seleção de Bernardinho, e o líbero Thiago Brendle. No entanto, perdeu vários jogadores importantes daquela campanha, como o levantador argentino Demián Gonzalez, o oposto Wallace Martins e os pontas Lucas Lóh e Olteanu (romeno). A chance de repetir a façanha de chegar à final do campeonato nacional não parece ser das maiores.

Veja quem são os participantes da Superliga 2016/17

Superliga feminina
Rexona-Sesc (RJ)
Dentil/Praia Clube (MG)
Camponesa/Minas (MG)
Vôlei Nestlé (SP)
Terracap/BRB/Brasília (DF)
Rio do Sul (SC)
Sesi (SP)
Pinheiros (SP)
São Cristóvão Saúde/São Caetano (SP)
Concilig/Finch/Vôlei Bauru (SP)
Renata Valinhos/Country (SP)
Fluminense (RJ)

Superliga masculina
Sada Cruzeiro (MG)
Brasil Kirin (SP)
Funvic/Taubaté (SP)
Sesi (SP)
Montes Claros (MG)
Bento Vôlei (RS)
Minas Tênis Clube (MG)
Lebes/Gedore/Canoas (RS)
Copel Telecom Maringá (PR)
São Bernardo (SP)
JF Vôlei (MG)
Caramuru Castro (PR)

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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