Americana mostra que é possível jogar vôlei sem uma das mãos
Entre tantos lances e histórias incríveis proporcionadas pelos Olimpíada e a Paraolimpíada do Rio de Janeiro, uma jogadora chamou a atenção. Camisa 16 da seleção americana de vôlei sentado, Nicky Nieves mostrava grande habilidade no esporte mesmo sem possuir a mão esquerda. Sacava, defendia e bloqueava como qualquer atleta que dias antes esteve na mesma cidade em busca da medalha de ouro.
(Pausa para quem não está acostumado com o voleibol paraolímpico: geralmente, os atletas da modalidade possuem alguma deficiência nos membros inferiores ou, em caso menos graves, são apenas jogadores que devido a problemas físicos não suportam mais as exigências de salto do vôlei convencional)
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Nascida no Bronx, em Nova York, Nicky começou a jogar vôlei aos 10 anos de idade e se deu tão bem que chegou ao high school atuando ao lado de atletas que não possuem nenhum tipo de deficiência. "Quando ela está determinada a fazer algo, ninguém pode detê-la", comentou Vilma, a mãe de Nicky, em entrevista ao jornal "New York Post". Segundo a publicação, a atleta também toca piano e amarra os próprios sapatos sem problemas, além de ter sido cheerleader por um tempo. "Não sei como fazia tudo aquilo", brincou a americana.
A deficiência de Nicky Nieves não tem uma explicação: ela simplesmente nasceu sem a mão esquerda. Os médicos dizem que provavelmente o cordão umbilical se enroscou no braço da menina quando ela ainda estava na barriga da mãe, causando uma má formação. Apesar dos pedidos insistentes dos profissionais à época, Vilma decidiu não fazer exames para descobrir o porquê do ocorrido.
A ausência da mão esquerda faz menos falta do que se possa imaginar, já que Nicky é destra. No caso de movimentos que usam as duas mãos, como levantar e defender, ela simplesmente aprendeu a se virar. Mais difícil que isso foi lidar com o preconceito, como o de um técnico com o qual trabalhou quando ainda era adolescente ("Ele dizia: não bloqueie, senão a bola vai muito pra fora"), e dos olhares curiosos na rua. Por isso, o esporte virou um refúgio. "Quando estou jogando, isso quase não acontece. Ninguém se importa. As pessoas estão mais preocupadas em saber o quão boa você é", destacou a central.
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A chance de ir para o voleibol paraolímpico ocorreu em 2011, quando uma atleta da seleção americana a convidou para fazer um teste. "Quando me falaram, fiquei tipo: 'Hum, acho que não quero isso…'. Mas meus pais disseram para pelo menos eu tentar e ver se gostava", contou.
Deu certo. No vôlei sentado, Nieves se encontrou a ponto de atualmente também trabalhar como treinadora da equipe do exército americano, formada por militares que se feriram em combate. Como atleta, foi parte importante das campanhas que levaram os Estados Unidos ao topo do vôlei sentado no mundo, com direito a vitórias sobre a poderosa China nas decisões da Copa Intercontinental, em março, e da Paraolimpíada do Rio. Foi a realização de uma frase dita pela mãe, Vilma, na matéria do "New York Post", que hoje soa quase como uma profecia: "Nada vai parar aquela menina".
(No vídeo abaixo, divulgado no começo de setembro pela Federação americana, Nicky fala sobre o incentivo dos pais e a vitória sobre a China na Copa Intercontinental, em março. Mal ela sabia que o auge ainda estava por vir…)
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