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Choro e camisa aposentada: veja como foi a emocionante despedida de Gamova

Carolina Canossa

02/10/2016 06h00

Gamova anunciou sua aposentadoria em maio, pouco antes da Olimpíada do Rio (Fotos: Divulgação/Dínamo Kazan)

Gamova anunciou sua aposentadoria em maio, pouco antes da Olimpíada do Rio (Fotos: Divulgação/Dínamo Kazan)

É possível odiá-la ou amá-la. Tanto faz. Fato é que, se você acompanhou o vôlei internacional nos últimos 15 anos, não ficou indiferente a Ekaterina Gamova. Uma das melhores atacantes que já pisaram numa quadra, a russa se despediu oficialmente do esporte neste sábado (1), com direito a homenagem emocionante.

Em Kazan, cidade do clube que a abrigou desde 2010 até o fim da carreira, Gamova foi a protagonista de um duelo de Dínamos: o local e o Moscou, time que defendeu de 2003 a 2009. Jogou um pouco de cada lado, em partida amistosa que teve a equipe da capital como vencedora por 2 a 1, parciais de 25-13, 25-18 e 24-26. Ainda houve tempo para Ekaterina fazer um emocionado discurso. "Gostaria de agradecer a todos vocês pelo amor ao voleibol", declarou a atleta, com lágrimas nos olhos. Você pode conferir tudo abaixo, com legendas em inglês:

Gamova, agora, só nos vídeos de jogos do passado. Prestes a completar 36 anos, ela não suportou mais os problemas físicos que haviam feito seu nível técnico cair drasticamente nas últimas temporadas. Sempre será lembrada, porém, por ataques por cima do bloqueio, geralmente mortais para a equipe adversária.

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Para os brasileiros, Gamova é uma personagem especialmente peculiar. Pode-se até dizer que, se ainda não temos um título mundial feminino, é por culpa dela – em duas das três derrotas verde-amarelas nas finais do segundo torneio mais importante entre seleções, a gigante de 2,02 m teve atuações sublimes, sendo a maior pontuadora em ambas (foram 28 pontos em 2006 e 35 em 2010). Além do mais, ela também esteve em quadra naquele fatídico 24-19 da semifinal de Atenas 2004.

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A "vingança" brasileira foi cruel. Depois de duas pratas olímpicas, em 2000 e 2004, Gamova tinha a chance de finalmente subir ao ponto mais alto do pódio em Londres 2012. Veio então a derrota nas quartas de final justamente diante do time comandado por José Roberto Guimarães, que conseguiu uma virada épica em uma das partidas mais emocionantes já vistas em qualquer esporte. Mas, da mesma forma que a ausência de um Mundial na galeria de trofeus não faz a seleção brasileira uma equipe menos respeitada, a falta de um ouro olímpico não diminui Gamova.

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Fora de quadra, Gamova nunca fez a menor questão de esconder que não gostava das brasileiras – enquanto atletas como Sokolova e Kosheleva sempre mantiveram uma relação pacífica e até de amizade com as jogadoras daqui, a oposta ficou famosa pelas provocações e grosserias. Nem mesmo durante sua despedida, Gamova esqueceu de suas maiores rivais: em entrevista ao site "Russia Volley", ela aproveitou a questão do jornalista sobre o hábito que alguns esportistas tem de influenciar a arbitragem para dar uma alfinetada. "É normal no futebol e também acontece no vôlei, especialmente com os brasileiros. Eles estão sempre contestando qualquer decisão que não lhes seja favorável", afirmou. Curiosamente, nas últimas semanas a oposta posou com um sorriso no rosto ao lado de Giba e do ex-lateral Roberto Carlos.

Em respeito aos feitos da atacante, o Dínamo Kazan decidiu aposentar a camisa 11 usada por Gamova. Se a própria atleta se considera um fenômeno? Ela mesmo responde: "Não. Eu me considero uma boa jogadora, que teve a carreira desenvolvida. E me sinto feliz pelo o que consegui fazer na vida".

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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