Opção mais segura, Zé Roberto terá renovação como grande desafio
Sem um nome que pudesse efetivamente fazer sombra à permanência de José Roberto Guimarães no comando da seleção feminina de vôlei, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) optou pela única alternativa segura à disposição. Multicampeão, o técnico mostrou-se inclinado a continuar o trabalho iniciado em 2003, tornando a renovação de seu contrato uma questão de tempo.
Ao contrário do masculino, em que o argentino Marcelo Mendez, do Sada Cruzeiro, e o ex-jogador Giovane Gávio, aparecem como possíveis candidatos ao cargo que Bernardinho ainda não sabe se continuará a ocupar, o vôlei feminino brasileiro sofre atualmente com carência de treinadores com força, seja técnica ou política, suficiente para substituir Zé Roberto.
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Renovação da seleção feminina: o que esperar?
Comandante da dinastia do Rexona no cenário nacional de clubes, o próprio Bernardinho seria o candidato mais gabaritado, mas se o problema de seguir na seleção masculina é justamente o longo tempo em que permanece afastado da família, não faria sentido encarar o desafio de liderar as mulheres novamente. Ou seja, foi uma opção descartada de cara.
Assistente de Zé Roberto na seleção desde 2003, Paulo Coco era outra escolha a ser cogitada, mas ainda carece de uma série de resultados "solo" consistentes – atualmente, está construindo isso no Camponesa/Minas, mas ainda não é suficiente. O mesmo acontece com Wagão Coppini, atual comandante da seleção feminina sub-23, Ricardo Picinin, do emergente Dentil/Praia Clube, e Spencer Lee, que chamou atenção nas últimas duas temporadas por excelentes campanhas com o modesto time do Rio do Sul/Equibrasil na Superliga. Luizomar de Moura, por sua vez, tem essa bagagem, mas sofre resistência entre os próprios torcedores do Vôlei Nestlé. No exterior também não vemos nenhuma unanimidade, um "Guardiola" do vôlei suficiente para quebrar nossa tradição de trabalhar somente com técnicos da casa – o sul-coreano Young Wan-Sohn, que teve problemas quando dirigiu a seleção masculina na década de 80, é a exceção que confirma a regra.
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Possível substituta de Sheilla tem história de superação e já acumula fãs
A escolha então foi por correr o menor risco possível. Espera-se, porém, que Zé Roberto não assuma essa mesma postura na nova fase de seu trabalho com a CBV, já que estamos em um momento de renovação grande entre as atletas da seleção. Além da líbero Fabi, que deixou o time em 2014, a capitã Fabiana e a oposta Sheilla já declararam que não vestirão mais a camisa amarela para cuidar da vida pessoal. Thaísa, por sua vez, deu sinais claros de que sua relação com Zé está desgastada e pode seguir o mesmo caminho. Outras jogadoras, como Jaqueline e Dani Lins, ainda não deram uma resposta definitiva para a questão.
Não insistir com quem não quer mais ficar no time é um desafio que Zé terá de superar dentro de si mesmo. Nos últimos anos, ele demonstrou dificuldades para desapegar de atletas veteranas, tendo insistido para Fofão seguir após o ouro de 2008, além de ter chamado Walewska e Carol Gattaz para a Copa dos Campeões de 2013. Em contrapartida, a ponteira Gabi foi a única jogadora da nova geração que conseguiu se firmar na equipe no último ciclo olímpico.
Enquanto isso, as demais seleções já estão bem mais avançadas neste processo, com destaque para as finalistas olímpicas China e Sérvia. Ainda que isso custe pódios no início de ciclo, a renovação é o caminho mais consistente para que o sonhado tri olímpico aconteça em Tóquio 2020. Capacidade de inovar Zé Roberto tem e o maior exemplo disso é aquele título com os homens em Barcelona 1992, quando assumiu o cargo a poucos meses dos Jogos e levou um time desacreditado ao ouro. Boa sorte ao treinador na nova empreitada.
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