A derrota para a China e a necessidade de olhar adiante
Desde 1992, em Barcelona, o vôlei feminino do Brasil sempre chegava, ao menos, às semifinais do torneio olímpico. Em casa, essa sequência foi encerrada numa terça-feira especialmente triste para as mulheres e meninas que representam o país na Rio 2016. Fabiana Murer não venceu o sarrafo no Engenhão, Larissa e Talita não venceram as alemãs em Copacabana, Marta & Cia. pararam nos pênaltis no Maracanã, as ex-campeãs mundiais de handebol sucumbiram no Parque Olímpico e as bicampeãs olímpicas de vôlei foram eliminadas pelas chinesas no Maracanãzinho, num doloroso 3 a 2 (15-25, 25-23, 25-22, 22-25, 15-13).
Quase impecáveis na fase de grupos, quando não concederam um set sequer às rivais, as brasileiras encontraram seu destino num jogo em que o passe apresentou problemas já bem conhecidos, a relação bloqueio e defesa falhou e o saque raramente conseguiu perturbar a recepção adversária.
As ponteiras Fernanda Garay e Natália sofreram com o saque adversário, o que tirou o passe da mão de Dani Lins e diminuiu a velocidade do ataque da equipe verde e amarelo. Num jogo de bolas altas, Sheilla e Garay, que começaram muito bem a partida, passaram a ficar marcadas pelas rivais, e a bola de meio, que sempre impôs respeito, só ganhou força com a entrada de Juciely na reta final do quarto set em lugar de Thaisa. Mas isso não foi suficiente para classificar o Brasil às semifinais.
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Não convém incorrer no clichê de que a seleção comandada por José Roberto Guimarães "perdeu para si mesma". Além de simplista, a afirmativa desmerece a atuação das chinesas e de sua treinadora Lang Ping, que promoveu mudanças na equipe durante a partida e alterou drasticamente o rumo que a primeira parcial apontava.
Com três derrotas em cinco partidas na primeira fase e um revés de 25-15 no primeiro set, a levantadora Qiuyue Wei, a ponteira Changning Zhang e a central Ni Yan entraram em quadra para ajudar o time a chegar às semifinais. A elas, juntem-se os 28 pontos que a ponteira Ting Zhu assinalou e a frieza que a jovem seleção asiática teve para superar o impacto da vitória brasileira no quarto set e a empolgação da torcida.
Em jogo de muitos erros, Brasil avança na raça e no embalo da torcida
É doloroso que o intento de igualar-se a Cuba, com três medalhas de ouro consecutivas, tenha sido frustrado no único torneio deste ciclo olímpico em que a seleção não ganhou medalha alguma, e que essa competição tenha sido justamente em casa.
Mas assim que a ferida cicatrizar – e tem de cicatrizar logo –, será necessário pensar no futuro da seleção. Trata-se de uma equipe que tem oito jogadoras com 30 anos de idade ou mais, devendo, portanto, passar por um processo de renovação, e que terá de lutar para levantar um inédito título mundial em 2018 e reconquistar o topo do pódio olímpico, em 2020.
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