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Brasil e Rússia se enfrentam à noite sabendo o que pode vir nas quartas

João Batista Junior

14/08/2016 15h00

Invictas no Rio, as russas encaram as brasileiras na noite deste domingo (fotos: FiVB)

Invictas no Rio, as russas encaram as brasileiras na noite deste domingo (fotos: FiVB)

Como era de se esperar, brasileiras e russas chegam à rodada final da fase classificatória da Rio 2016 invictas e, por consequência, lutando para definir primeiro e segundo lugares do grupo A do torneio feminino de vôlei. A Rússia perdeu apenas um set na competição (para a Coreia do Sul), enquanto o Brasil não concedeu nenhuma parcial a ninguém. O grande ponto desse duelo é que o próximo rival da seleção vencedora já será conhecido antecipadamente.

Quando Brasil e Rússia entrarem em quadra para o último jogo da noite, às 22h35, a classificação do grupo B estará definida. É certo que os confrontos entre segundos e terceiros poderão ser conhecidos por sorteio, mas o primeiro de um grupo fatalmente vai jogar contra o quarto do outro. E, caso não vençam as norte-americanas, em jogo que começa às 17h05, as chinesas é que estarão no destino da vencedora da chave A nas quartas de final.

No Rio, o voleibol do time comandado por Lang Ping parece ter dado passos para trás. Se a equipe na fase classificatória do Grand Prix (enquanto atuou em Ningbo, Macau e Hong Kong, diga-se) mostrou um jogo eficiente e bateu Brasil e EUA, isso mudou nas Olimpíadas. A China chega à última rodada tendo acumulado derrotas contra Holanda e Sérvia, e vitórias apenas sobre a frágil seleção de Porto Rico e a frustrante seleção italiana.

Contudo, se a China bater os EUA, o vencedor de Brasil e Rússia pegará a Sérvia, que perdeu para a Holanda no começo da rodada. Nesse caso, vai pairar sobre o Maracanãzinho o suspense sobre quem vai se empenhar de fato para vencer o clássico, já que as sérvias demonstraram nesta temporada que são fortes candidatas a uma medalha no Rio.

(Seria muito bom não pensar em derrotas convenientes no esporte, mas o vôlei – principalmente o masculino – está repleto de maus exemplos.)

Há outra possibilidade ainda: Brasil e Rússia podem esquecer a tabela e o chaveamento, e pensar em poupar titulares ou dar ritmo a jogadoras suplentes.

Kosheleva em ação contra Camarões

Kosheleva em ação contra Camarões

Do lado russo, por exemplo, a ponteira Kosheleva tem atuado normalmente, mas sofreu com lesões este ano – perdeu os últimos dois meses da temporada no clube por uma contusão no tornozelo e as finais do GP por dores nas costas. Poupá-la não seria um sacrilégio da parte de Marichev. Já a oposta titular Goncharova tem como reserva a jovem Daria Malygina, que quase nem tem jogado. Seria um risco escalar a titular da saída de rede num clássico em que a sobrevivência na competição não está em jogo? O mesmo, nesse caso, pode valer para o Brasil, com o agravante de que só Sheilla é oposta de ofício no elenco da seleção.

E, com todos esses fatores em evidência, ainda é preciso lembrar que, quando a bola subir, será um jogo pleno em história e rivalidade, e outro aspecto que precisa ser pesado é o quanto o resultado da partida pode impulsionar a seleção vencedora e abater o time perdedor.

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Ponto forte
Alguma dúvida de que o forte das russas está no ataque? Com Kosheleva pela entrada de rede e Goncharova na saída, boas opções para a bola alta não faltam à levantadora Kosianenko. São opções tão boas que as centrais quase não atacam.

Ponto fraco
A recepção russa, historicamente, é um calo. A própria libero Malova, em que pese ser boa defensora, não tem um passe confiável – embora as estatísticas da FIVB digam que ela seja a melhor passadora das Olimpíadas até aqui.

Diga-se, por outro lado, que a área que Malova e a ponteira Shcherban precisam cobrir no passe é muito grande, já que precisam esconder Kosheleva na recepção e liberá-la para o ataque.

Qual a chance de ganhar do Brasil?
O Brasil é favorito à vitória. Claro que a Rússia tem virtudes capazes de fazer frente à seleção brasileira, tem atacantes com um poder de definição que não há no time verde e amarelo, mas, nos últimos anos, com as equipes principais em quadra, a vantagem tem sido totalmente das comandadas de José Roberto Guimarães.

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Fique de olho
A Rússia tem ótimas atacantes de ponta, mas as jogadoras do meio de rede, no quesito bloqueio, não deixam a desejar. Irina Zaryazhko, de 1,96m, se destacou nesse fundamento no Grand Prix e é a terceira melhor nos Jogos Olímpicos. Já Irina Fetisova, de 1,90m, é a sexta. A título de comparação, as centrais brasileiras Fabiana e Juciely empatam no 14º lugar nas estatísticas de bloqueio.

Elenco (em negrito, o provável time titular)
Levantadoras: Vetrova (camisa 9) e Kosianenko (10)
Opostas: Daria Malygina (6) e Goncharova (8)
Centrais: Zaryazhko (4), Fetisova (14) e Shlyakhovaya (15)
Ponteiras: Shcherban (1), Ezhova (3), Kosheleva (15) e Voronkova (16)
Líbero: Malova (19)

Desempenho no ciclo olímpico
Campeã europeia em 2013 e 2015, a Rússia não teve bom desempenho nos torneios intercontinentais. Quintas colocadas no Mundial da Itália 2014, as russas tiveram de se contentar com o quarto lugar na Copa do Mundo 2015 e foram terceiras colocadas no Grand Prix de 2014, segundas na esvaziada edição de 2015 e quartas este ano.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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