Freguesa histórica, Itália pode complicar situação do Brasil na Rio 2016
Sabe aquela geração fantástica do vôlei italiano dos anos 1990, de Zorzi, Giani, Bernadi…? Que venceu oito ligas, três mundiais, uma copa do mundo e nunca teve sorte em Jogos Olímpicos? Se esse time houvesse enfrentado o Brasil em Olimpíada, talvez a freguesia italiana não fosse tão impressionante: em sete duelos olímpicos entre as duas seleções, com direito a três semifinais (1984, 2008 e 2012) e uma final (2004), o Brasil nunca perdeu.
É claro que a história e esse tipo de estatística ficam à margem da quadra quando a bola sobe. E é lógico que Zaytsev & Cia. (assim como o time comandado por Bernaridnho) não vai dar a menor pelota para esse tabu. Mas o 7 a 0 mostra o tamanho do desafio para a invicta campanha da Itália, às 22h35 deste sábado, pela quarta rodada da Rio 2016.
Apontada como uma das mais fortes candidatas à medalha de ouro nas Olimpíadas, a Itália teve uma campanha discreta na Liga Mundial deste ano: sem o ponteiro Osmany Juantorena no melhor de sua condição física, a equipe perdeu para Brasil, Sérvia e França nas finais do torneio e terminou apenas na quarta posição. No Rio, a história mudou.
Ivan Zaytsev e Juantorena estão entre os dez maiores pontuadores do torneio, o ponta Filipo Lanza é o atacante com melhor aproveitamento na competição, o central Matteo Piano é o quinto maior bloqueador no Rio. Com vitórias sobre dois candidatos ao título (França e EUA) e um passeio sobre o fraco time do México, a Itália lidera isoladamente o grupo A, com 9 pontos, e renovou a confiança que parecia abalada com o resultado na Liga.
Para efeito de classificação, nem é preciso vencer o Brasil neste sábado para ficar perto de garantir o primeiro lugar do grupo A, porque uma eventual derrota em cinco sets deixaria a Itália a uma vitória por 3-0 ou 3-1 sobre o Canadá na segunda-feira para assegurar essa liderança. Contudo, muito além de passar em primeiro na chave, quebrar a escrita de derrotas contra os brasileiros pode ser o indicativo de que o time esteja pronta para finalizar um outro tabu: o país da melhor liga nacional de voleibol do mundo jamais subiu ao ponto mais alto do pódio olímpico – de quebra, ainda pode deixar a seleção brasileira, surpreendentemente, com a corda no pescoço.
Se perder neste sábado, o Brasil pode se complicar: tem seis pontos ganhos, três a mais que Canadá e EUA (quarto e quinto colocados, respectivamente) e poderá precisar de uma vitória sobre a França, na segunda-feira, para se garantir nas quartas de final. "Poderá", porque, sendo o último jogo da rodada, é possível até que, mesmo perdendo para a Itália, os brasileiros já entrem quadra classificados na rodada final, a depender dos outros resultados. O problema é que tanto o Canadá quanto os EUA ainda terão o México pelo caminho – os canadenses hoje, os norte-americanos na segunda-feira -, o que lhes deve render mais três pontos na tabela.
Curta a página do Saída de Rede no Facebook
Ponto forte
Com Juantorena na entrada e Zaytsev na saída de rede, o potencial de ataque da Itália é dos maiores. Além deles, Lanza também tem feito uma boa Olimpíada.
Ponto fraco
Às vezes, falta consistência. Depois daquela década de ouro, não foi raro ver equipes italianas começarem bem e terminarem brusca e inesperadamente longe de conseguirem êxito em competições de relevo. Dá para dizer dois exemplos bem recentes.
Em 2014, o ótimo começo na Liga Mundial culminou com um frustrante terceiro lugar no torneio, em casa, e uma eliminação das mais antecipadas no Mundial da Polônia. No ano seguinte, quando se especulava uma final entre Itália e França no Campeonato Europeu, em Turim, e um duelo à parte entre Zaytsev e N'gapeth, eis que a Eslovênia atravessou o caminho da Azzurra nas semis e mudou o rumo da história.
Qual a chance de ganhar do Brasil?
Tabu à parte, o jogo é um dos grandes clássicos do vôlei mundial. São duas camisas de peso, dois currículos vitoriosos, dois dos melhores elencos do esporte, duas seleções que se conhecem muito bem. Pelo retrospecto na Rio 2016, daria para dizer que a Itália é ligeiramente favorita, mas num jogo de tanta história e com o público brasileiro nas arquibancadas, qualquer prognóstico é arriscado demais.
Se a Coreia tem Kim, o Brasil tem um conjunto
Fique de olho
Ivan Zaytsev é o cara da seleção da Itália. Na época de Mauro Berruto à frente da Azzurra, até julho do ano passado, Zaytsev jogava de ponteiro, com Vettori na saída de rede. Mas, com Gianlorenzo Blengini no comando técnico da seleção, o ponteiro cubano naturalizado Juantorena passou a integrar a equipe nacional. A partir daí, Zaytsev foi jogar como atua no Dínamo Moscou – ou seja, como oposto – e o time ganhou ainda mais poder ofensivo.
Ele costuma ser o termômetro do time: quando está num dia bom, é difícil derrotar a Itália, mas se está numa jornada ruim, o panorama muda drasticamente.
Com "veneno sérvio", os EUA ressuscitam contra o Brasil
Elenco (em negrito, o provável time titular)
Levantadores: Sottile (camisa 3) e Giannelli (6)
Opostos: Vettori (4) e Zaytsev (9)
Centrais: Buti (11), Piano (14) e Birarelli (15)
Ponteiros: Juantorena (5), Rossini (7), Lanza (10) e Antonov (16)
Líbero: Colaci (13)
Desempenho no ciclo olímpico
Bronze em Londres 2012, o ponto mais alto do ciclo olímpico da Itália para o Rio foi o vice-campeonato da Copa do Mundo 2015, o que lhe rendeu vaga direta nos Jogos. No Mundial da Polônia 2014, sem Zaytsev (contundido) para os jogos da segunda fase, o time foi bisonhamente eliminado com seis derrotas em nove jogos, o que lhe rendeu a 13ª posição no torneio. A seleção foi vice-campeã europeia em 2013 e bronze nas Ligas Mundiais de 2013 e 2014.
————-
Receba notícias de vôlei pelo WhatsApp
Quer receber notícias no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 94546-6166 (não esqueça do "+55″); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: giba04
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.