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Saída de Rede

Contra a Argentina, Brasil só precisa manter a tranquilidade

Sidrônio Henrique

08/08/2016 06h00

Argentinas reunidas na quadra antes da estreia no sábado contra as russas: time perplexo (fotos: FIVB)

Na sua segunda partida na Rio 2016, a seleção brasileira feminina de vôlei terá pela frente um adversário que, se teoricamente é melhor do que Camarões, não deve chegar a incomodar. Desta vez, às 22h35 desta segunda-feira (8), o Brasil encara Las Panteras, a seleção argentina, das conhecidas Mimi Sosa (central), Yael Castiglione (levantadora) e Tatiana Rizzo (líbero), que têm a Superliga no currículo. Se no voleibol masculino a Argentina situa-se no pelotão intermediário e até sonha em conseguir uma medalha, ainda que isso seja difícil, do lado feminino a situação é bem mais complicada, com um jogo marcado pela inconstância, muita fragilidade na linha de passe e baixo aproveitamento no ataque.

As argentinas dizem que podem avançar às quartas de final, surpreendendo uma das equipes asiáticas. Isso soa pouco provável, até pela dificuldade que elas têm de enfrentar equipes velozes e que cometem poucos erros não forçados, como Japão e Coreia do Sul. É que o grau de limitação das Panteras se estende para quase todos os fundamentos. Tem a seleção de Camarões aí no pedaço para as argentinas voltarem para casa com pelo menos uma vitória.

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Na estreia, a Rússia passou fácil pela Argentina

Em sua histórica estreia olímpica, no sábado passado (6), a seleção feminina de vôlei da Argentina teve o apoio da maioria dos 5,4 mil torcedores presentes no Maracanãzinho, mas foi massacrada em pouco mais de uma hora pela Rússia, não passando dos 16 pontos em seu melhor set. O nervosismo das sul-americanas era evidente e deve ter contribuído, claro, para uma atuação tão ruim. Afinal, mesmo com toda a superioridade russa, esperava-se mais das argentinas – apenas nos primeiros dez pontos da terceira parcial conseguiram equilibrar a partida. Nesta segunda-feira, diante do Brasil, com o ginásio lotado, é bem provável que as Panteras voltem a cometer erros bobos. E ainda que controlem o nervosismo, a seleção brasileira segue amplamente superior.

Ponto forte
O saque. Não, não é que sejam sacadoras excepcionais, mas têm suas virtudes. Tudo bem que o serviço argentino quase não funcionou contra a Rússia, mas nada deu certo para elas, que pareciam perplexas no Maracanãzinho. Em condições normais, o saque das Panteras pode ajudá-las – o contra-ataque é que não é lá essas coisas, mas isso é outra história. Na última rodada da Copa do Mundo 2015, quando enfrentaram a Sérvia de Tijana Boskovic, Milena Rasic e Brankica Mihajlovic, foi o saque num dia inspirado que as permitiu resistir até o tie break – incluindo duas sequências que resultaram numa virada de 18-22 para 25-23 no quarto set. Mimi Sosa foi a melhor sacadora da Superliga 2014/2015, lembram? As outras duas centrais, a titular Julieta Lazcano e a reserva Florencia Busquets, sacam flutuante e incomodam o oponente. A capitã e melhor ponteira da equipe, Yas Nizetich, é quem tem o serviço mais potente. A levantadora Yael Castiglione também se destaca no fundamento, com um flutuante rasante.

Ponto fraco
O Saída de Rede poderia apontar a recepção ou a quantidade de erros na execução das jogadas. Mas esses dois problemas têm a mesma origem: não há liga, não há química na seleção argentina. É um time que alterna boas jogadas com erros primários. Isso soa estranho porque elas estão juntas há pelo menos dois ciclos olímpicos, mas não conseguem fluir seu jogo. Imagine uma conexão ruim de internet, é mais ou menos como atua a Argentina. Com o material humano que tem à disposição, o técnico Guillermo Orduna deveria ter uma equipe um pouco mais consistente.

Qual a chance de ganhar do Brasil?
Altamente improvável.

Paula Yamila Nizetich of Argentina attacks

Yas Nizetich ataca, observada por Rizzo e Castiglione

Fique de olho
Você aí, leitor, já conhece Sosa, Rizzo e Castiglione. Vamos focar então na capitã Yas Nizetich, uma ponteira que na temporada passada ajudou seu time na Turquia, o Seramiksan, a subir da segunda para a primeira divisão. Em uma equipe com uma linha de passe problemática como a Argentina, ela é quem mais ajuda a eficiente líbero Tatiana Rizzo a minimizar os estragos causados pelo saque adversário. Além de boa sacadora, como foi dito acima, é também uma atacante com recursos técnicos e a mais forte do time. Na estreia, contra as russas, esteve abaixo da crítica, mas vamos dar um desconto devido ao peso de estrear na maior competição esportiva do mundo.

Elenco (em negrito, o provável time titular)

Levantadoras: Yael Castiglione (camisa 18) e Clarisa Sagardia (9)
Opostas: Lucía Fresco (5) e Leticia Boscacci (13)
Centrais: Mimi Sosa (10), Julieta Lazcano (11) e Florencia Busquets (16)
Ponteiras: Yas Nizetich (3), Josefina Fernandez (14), Tanya Acosta (2) e Morena Martinez (19)
Líbero: Tatiana Rizzo (12)

Desempenho no ciclo olímpico
Neste ciclo, após doze anos, Las Panteras voltaram a marcar presença em um Campeonato Mundial. Foi em 2014, na Itália, mas só marcaram presença mesmo, sem sequer passar da primeira fase, ganhando apenas uma partida em cinco jogos – bateram em sets diretos a frágil Tunísia. Contra os demais, derrotas inapeláveis por 0-3 diante de Alemanha e Itália, além de arrancar apenas um set de croatas e dominicanas, rivais contra as quais tinham chance de vitória.

Na Copa do Mundo 2015, terminaram em oitavo entre doze participantes, vencendo os dois representantes da África, além de Peru e Cuba. Seu maior feito no torneio foi perder por 2-3 para a vice-campeã Sérvia, que jogou completa. O time ainda igualou o jogo diante das dominicanas, a quem já venceram em outras oportunidades, mas ali foram derrotadas por 1-3. Tiveram bons sets contra Estados Unidos, China e Coreia do Sul, mas perderam dessas seleções por 0-3.

Aqui na América do Sul, elas têm mantido a superioridade sobre as peruanas, vencendo as arquirrivais quase sempre. Após serem vice-campeãs continentais em 2009, 2011 e 2013, as argentinas terminaram em quarto no Sul-Americano 2015, mas foram representadas por uma equipe B.

O que mais rola no dia?
A rodada deve ter três bons jogos nesta segunda-feira. Logo no primeiro confronto, às 9h30, uma partida de duas seleções que buscam recuperação: China, derrotada na estreia pela Holanda, enfrenta a Itália, que caiu no sábado diante da Sérvia. Às 15h, os Estados Unidos encaram justamente a Holanda. Às 20h30, as russas medem forças diante das sul-coreanas, que lideradas pela ponta Kim Yeon-Koung venceram o Japão na estreia. Completam a segunda rodada da fase de grupos do voleibol feminino na Rio 2016 os jogos entre Japão e Camarões, às 11h35, e Sérvia e Porto Rico, às 17h05.


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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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