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Saída de Rede

“Mensageiro do caos” será a voz do vôlei olímpico na ESPN

João Batista Junior

05/08/2016 15h00

Rômulo Mendonça será o narrador da ESPN no torneio olímpico de vôlei (foto: Divulgação/ESPN)

Rômulo Mendonça será o narrador da ESPN no torneio olímpico de vôlei (foto: Divulgação/ESPN)

"O humor é um aliado constante em meu trabalho", adverte Rômulo Mendonça, o narrador da ESPN no vôlei de quadra da Rio 2016. Num canal que, à exceção recente de torneios de tiro curto, não costuma dedicar-se à transmissão da modalidade, ele será o diferencial em transmissões que terão comentários de Ana Moser e Maurício Lima, e reportagens de Maurício Jahu.

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Adepto e criador de bordões, seu estilo é hiperbólico e brinca com o caricato. No beisebol, o home run, rebatida válida que manda a bola para fora do campo, vira "ela disse adeus". No futebol americano, o jogador que se desvencilha da marcação está "dominado pelo ritmo Ragatanga".

Engana-se, no entanto, quem pensar que as transmissões do "mensageiro do caos", como avisa seu perfil no twitter, sejam apenas irreverentes. Para o Rio, ele tem se preparado em "ritmo de obsessão". Diz ter visto gravação de partidas "em escala industrial" e que está "memorizando elencos, posições de jogadores, seguindo contas de twitter especializadas, sites e blogs nacionais e internacionais".

Expectativas quanto ao torneio olímpico?

Lamentando a ausência dos sérvios e sem encontrar explicação para a presença dos mexicanos, Rômulo Mendonça diz que será "um evento monumental impulsionado pela força que o voleibol brasileiro apresenta em quadra, apesar dos desmandos da CBV", ressalva. Ele arremata, numa expressão de carinho, que "a seleção feminina mora de pantufas no coração do povo brasileiro" e brinca que, em caso de ouro para o Brasil, a cabine da ESPN terá Marcio Canuto e o Olodum – ou o caaaaaaos, se preferir.

Leia a entrevista de Rômulo Mendonça ao Saída de Rede:

Saída de Rede – A Rio 2016 será sua primeira Olimpíada trabalhando in loco?
Rômulo Mendonça – Sim, em Londres 2012 trabalhei já pela ESPN, mas em transmissões em São Paulo.

Saída de Rede E o vôlei? Você já teve experiência de narrar voleibol?
Rômulo Mendonça –
Já narrei vôlei no banheiro, no quarto e na sala de TV de casa. Grito um pouco, minha esposa se assusta. Vizinhos ainda não se manifestaram. Isso tudo nesse último mês.

Saída de Rede Como você tem se preparado para as transmissões destes Jogos?
Rômulo Mendonça –
Acompanhando jogos gravados na TV ou pela internet em escala industrial. Alguns jogos são com transmissão em português, para colocar expressões clássicas do jogo no automático, outros jogos em inglês ou apenas com som ambiente. Também cheguei a ver um em chinês e em espanhol. Estou memorizando elencos, posições de jogadores, seguindo contas de twitter especializadas, sites e blogs nacionais e internacionais. Tudo num ritmo de obsessão para ao fim de tudo ter a certeza de que fiz o melhor que pude.

Saída de Rede Quais suas expectativas em relação ao vôlei na Rio 2016, tanto pelo lado profissional, já que você será a voz da emissora no Maracanãzinho, quanto em relação à disputa em si?
Rômulo Mendonça –
A expectativa é que sejam duas semanas mágicas. Um evento monumental impulsionado pela força que o voleibol brasileiro apresenta em quadra, apesar dos desmandos da CBV. A seleção feminina em especial mora de pantufas no coração do povo brasileiro. Presenciar e narrar tudo isso é quase inimaginável, certamente um motivo de orgulho e satisfação profissional. Quanto à disputa, acredito que o equilíbrio tanto no masculino quanto no feminino seja um charme especial para o vôlei nestes Jogos. No masculino, Brasil, França, Estados Unidos, Itália, Rússia, Polônia, são todos candidatos a medalhas. No feminino, Brasil, Estados Unidos, China, Rússia, Holanda, Sérvia… não esquecendo que Japão foi bronze e Coreia do Sul foi quarta em Londres. Não vejo nenhum outro esporte coletivo com tamanho equilíbrio. Isso é fascinante. Só lamento a ausência da Sérvia no masculino. Aquele Pré-Olímpico que classificou o México não respeitou critérios técnicos/esportivos.

O que esperar da seleção feminina na Rio 2016? E da masculina?

Na praia e na quadra, quem é pedra no caminho do vôlei brasileiro no Rio?

Saída de Rede – Sua narração é bastante informal, você costuma utilizar bordões e sempre que possível lança mão de uma pitada de humor. Até que ponto esse estilo é favorecido pelo entrosamento com o comentarista com quem você divida a transmissão? Você acredita que, com Maurício e Ana Moser, consiga dar a sua locução o mesmo ritmo com que o espectador do canal já está habituado?
Rômulo Mendonça – Em toda transmissão meu objetivo inicial é deixar o (a) comentarista extremamente confortável e com toda liberdade para fazer o seu trabalho. A partir daí, demonstrando no ar minha dedicação, meus estudos, enfim, tratando com respeito o esporte, a narração e a interação acontecem naturalmente, mesmo sem um entrosamento anterior. O humor é um aliado constante em meu trabalho, independentemente de quem está ao meu lado, mas ele só tem efeito se vier junto com todos esses elementos. Além do Mauricio e da Ana Moser, teremos também o Mauricio Jahu nas transmissões, voz do vôlei há um bom tempos nos canais ESPN.

Saída de Rede – Além dos jogos do Brasil, o que mais do voleibol a ESPN pretende transmitir?
Rômulo Mendonça – O torneio de voleibol vai ter muitos jogos atraentes já na primeira fase. A ESPN certamente vai garantir um bom número de transmissões já na primeira semana e muito trabalho para todos nós.

Saída de Rede – Sendo um canal com programação eminentemente voltada ao futebol e às ligas norte-americanas, qual deve ser o diferencial da ESPN para disputar audiência nas transmissões de vôlei com emissoras como SporTV e BandSports, que já têm um público mais afeito à modalidade?
Rômulo Mendonça – Opinião forte, comentaristas medalhistas olímpicos que são referências no esporte e sabem enaltecer o jogo sem ignorar o valor do adversário e escândalos nos bastidores… Já quanto ao narrador… Sou apaixonado pelo que faço e tenho coragem para encarar desafios, ousar e fazer algo diferente da narração politicamente correta que se tornou padrão. Lembro muito bem das narrações do Marco Antônio na Band nos anos 90. Um primor de criatividade e carisma que merecia ser mais citado. Marcou minha infância/adolescência e serve como guia para esse meu trabalho e estudo nesses dias que antecedem os Jogos. Um trabalho discreto, sem fotos de bastidores no Instagram, mas movido por paixão. Ah, outro diferencial: prometo convidar o Olodum e o Marcio Canuto para visitarem a cabine da ESPN em caso de ouro do Brasil. Melhor falar com a Globo antes.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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