“Nossa maior fraqueza é a inexperiência”, diz técnico dos Estados Unidos
Assistente técnico nos dois ciclos anteriores, com presença nas Olimpíadas de Pequim 2008 e de Londres 2012, John Speraw assumiu o comando da seleção masculina dos Estados Unidos em 2013 e tem uma missão nada fácil na Rio 2016: levar ao topo do pódio uma equipe repleta de jovens e que tem oscilado nas últimas temporadas. Seria o quarto ouro olímpico do vôlei masculino americano, campeão em Los Angeles 1984, Seul 1988 e Pequim 2008. Antes de embarcar para o Rio de Janeiro, Speraw conversou com o Saída de Rede.
É a presença de muitos novatos que deixa o treinador preocupado – oito dos doze atletas são estreantes numa Olimpíada. "Nossa maior fraqueza é a inexperiência. É um torneio completamente diferente. Então, para esses mais novos, lidar com a pressão e ainda jogar bem será um baita desafio", ponderou. Para trazer mais equilíbrio, além do oposto Matt Anderson, que estará na sua segunda Olimpíada, Speraw aposta principalmente na experiência do veterano ponta Reid Priddy, a caminho da quarta participação olímpica, ele que conquistou o ouro em Pequim 2008. Para o técnico, Priddy representa a "contribuição que a equipe precisa para ser bem sucedida".
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Os resultados neste ciclo, é verdade, são melhores do que no anterior. O time venceu a Liga Mundial 2014 e a Copa do Mundo 2015. Mas o primeiro era uma espécie de preparação para o Campeonato Mundial, onde os EUA não passaram da segunda fase ao serem eliminados pela Argentina, e a segunda competição, apesar de contar com doze equipes, tinha como rivais de fato apenas Itália e Polônia – a Rússia saía de uma crise e o técnico Vladimir Alekno havia acabado de retornar para apagar um incêndio.
Este ano, depois de chegar às finais da Liga Mundial, os americanos foram derrotados pela Itália e, no dia seguinte, eliminados pelos reservas da seleção brasileira. O desempenho ruim ligou o alerta. "Não fomos muito bem e nos preocupou muito saber o que deu errado", admitiu o treinador.
Leia a entrevista exclusiva que John Speraw concedeu ao blog:
Saída de Rede – Quais foram as melhorias mais significativas na equipe ao longo deste ciclo?
John Speraw – Nós tivemos uma chegada tão intensa de atletas jovens que eu realmente fiquei impressionado com a habilidade deles em se adaptar e contribuir para o sucesso do time. Eles aprenderam e se desenvolveram de uma forma rápida. Eu estou muito satisfeito com a evolução dos mais novos e com a contribuição que eles têm dado.
Saída de Rede – E o ponto fraco da seleção americana, qual seria?
John Speraw – Nossa maior fraqueza é a inexperiência. Veja só, oito dos nossos doze jogadores que estarão na Rio 2016 vão participar da sua primeira Olimpíada. Isso é um desafio, eles não são experientes. É um evento, um torneio completamente diferente. Então, para esses mais novos, entrar, lidar com a pressão e ainda jogar bem será um baita desafio.
Saída de Rede – Falando na importância da experiência, o que o retorno do ponteiro Reid Priddy esta temporada representou para o time?
John Speraw – Com toda essa molecada no grupo, ter alguém que já passou por isso algumas vezes é ter a possibilidade de contar com uma visão diferenciada, aquela contribuição que a equipe precisa para ser bem sucedida. A experiência do Priddy dá a ele condição de assumir o papel de líder.
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Saída de Rede – Como você avalia os principais adversários dos Estados Unidos na primeira fase no Rio?
John Speraw – Na minha cabeça o Brasil é o favorito do torneio, teve uma Liga Mundial muito boa, com um time rodado e muito bem treinado. Nosso jogo mais difícil será contra os brasileiros. A Itália foi crescendo ao longo da Liga Mundial e chegou às finais em um ritmo muito bom. A França é, sem dúvida, um dos melhores times do mundo. É um grupo muito difícil. Logo na estreia vamos encarar o Canadá, nosso rival regional. Eu sei que eles jogarão o melhor voleibol que já apresentaram contra a gente. Não vai ser fácil passar de fase.
Saída de Rede – Você espera uma Olimpíada mais equilibrada no voleibol masculino do que em Londres 2012?
John Speraw – Os grupos estão mais equilibrados desta vez, há mais seleções fortes do que há quatro anos. Veja a evolução de times como França e Irã, que sequer foram a Londres. Nesta edição é quase impossível fazer uma previsão sobre os confrontos das quartas de final. Aliás, o dia de disputa das quartas será incrível para o nosso esporte.
Saída de Rede – Que análise você faz sobre o desempenho da sua seleção nas finais da Liga Mundial e o que deveria mudar para a Olimpíada?
John Speraw – Não fomos muito bem e nos preocupou muito saber o que deu errado. Certamente, as razões foram muitas e não vou mencioná-las. O nosso foco hoje é melhorar o mais rápido possível para jogar em um nível mais alto no Rio, acima do que apresentamos nas finais da Liga Mundial.
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