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Bem-vinda, Rússia! Mas o mundo está de olho em você

João Batista Junior

25/07/2016 06h00

Depois de longo impasse, a Rússia (e o vôlei russo) recebeu sinal verde para participar da Rio 2016 (fotos: FIVB)

Depois de longo impasse, a Rússia recebeu sinal verde para participar da Rio 2016 (fotos: FIVB)

Se você me perguntar se é justo que a delegação russa possa competir nos Jogos, eu não sei a resposta – foram muitos casos de doping, houve absurdo envolvimento estatal em fraudes, tudo contribui para que se suspeite dos russos. Se você perguntar se é justo que só os atletas russos sejam investigados com desconfiança e lente de aumento, a resposta tem de ser não: o problema com os falsários é antigo e universal.

Por outro lado, se você perguntar se é uma boa que o voleibol russo esteja presente à Rio 2016, a resposta, sem pestanejar, é positiva.

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O ciclo olímpico do vôlei da Rússia foi medonho. Tanto a seleção masculina quanto a feminina caíram antes das semifinais no Mundial de cada naipe, em 2014, fracassaram na Copa do Mundo 2015 e precisaram disputar o Pré-Olímpico Europeu para se classificarem aos Jogos. O único troféu não continental conquistado no masculino ou no feminino foi o da Liga Mundial 2013.

No entanto, a falta de alguns dos grandes nomes do vôlei de lá num torneio olímpico – Nataliya Goncharova, Tatiana Kosheleva, Maxim Mikhaylov – faria muito mal a esta edição dos Jogos, que já não terá, seja lá por que motivo for, nomes como Messi, Cristiano Ronaldo, Stephen Curry, LeBron James, Maria Sharapova, César Cielo. Atente, por exemplo, para a lacuna deixada por Dmitriy Muserskiy, lesionado, além de Ekaterina Gamova e Lioubov Sokolova, aposentadas: são ausências que não passam imperceptíveis – ainda que as duas jogadoras estivessem, de fato, muito perto do fim da carreira.

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Também seria complicado prescindir da tradição da camisa mais premiada da história da modalidade. Juntando-se as conquistas da ex-URSS, passando pela prata feminina da CEI em 1992 e chegando à Rússia, trata-se de um currículo com oito títulos olímpicos e 19 medalhas na estante.

Vladimir Alekno terá chance de repetir a façanha de Londres? Yuri Marichev irá ajustar a equipe feminina de última hora? Essas questões são menos relevantes agora. Que a Rússia venha aos Jogos Olímpicos, dispute o torneio de vôlei e, principalmente, compita sabendo que seus atletas (limpos ou dopados, inocentes ou fraudadores) são vigiados com lupa.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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