“Não é fácil lidar com o medo de perder”, diz técnico da França
De ponteiro talentoso, um dos melhores que seu país já teve, com duas Olimpíadas (1988 e 1992) e dois Mundiais (1986 e 1990) no currículo, a técnico da equipe que apresenta o voleibol mais vistoso da atualidade: assim pode ser resumida a trajetória de Laurent Tillie, que desde 2013 comanda a seleção masculina da França. O Saída de Rede conversou com ele, que afirma estar atento à pressão que vai encarar na Olimpíada do Rio. À frente de um time com pouca rodagem em comparação a outros favoritos, Tillie abriu o jogo: "Não é fácil lidar com o medo de perder".
A equipe que ele estruturou dava sinais de vigor e talento já na primeira temporada, mas foi em 2014, no Campeonato Mundial, que encantou fãs, imprensa e adversários, terminando em um honroso quarto lugar – fora do pódio talvez pela falta de experiência em finais.
Se aquele ano representou um salto para a França, 2015 foi definitivamente deles: venceram a segunda divisão da Liga Mundial de forma invicta, disputaram as finais da elite, batendo o Brasil por 3-1 em pleno Maracanãzinho, e conquistando o ouro sobre a Sérvia. Semanas depois foi a vez de ganhar o Campeonato Europeu.
O time deu uma leve caída em 2016, marcada pela derrota para a Rússia na final do Pré-Olímpico da Europa, além de outra para a Polônia, depois de estar vencendo por 2-0 e desperdiçar quatro match points, durante o qualificatório mundial. Mas nada que tire o brilho de uma seleção que conta com alguns dos melhores jogadores da atualidade, entre eles o ponta Earvin N'gapeth, o levantador Benjamin Toniutti, o central Kevin Le Roux e o líbero Jenia Grebennikov. A partir desta quarta-feira (13), a França defende o título nas finais da Liga Mundial, em Cracóvia, na Polônia, mas de olho na Rio 2016.
Leia a entrevista exclusiva que o treinador Laurent Tillie concedeu ao blog:
Saída de Rede – Como você conseguiu transformar um grupo de atletas talentosos, mas sem nenhum resultado expressivo, em uma equipe tão focada e tão forte?
Laurent Tillie – Eu sempre tento motivá-los, explicar cada atividade nos treinamentos, demonstrar a razão por trás de tudo o que fazemos, o porquê de treinarmos tão duro, mostrar claramente nossas metas. Sempre procuro dar um significado a tudo. A chave para a nossa evolução é a concentração, procurar melhorar o tempo todo.
Saída de Rede – Quais as maiores qualidades da sua equipe?
Laurent Tillie – Primeiro, eles se divertem muito e gostam de jogar. Agora, nossos pontos fortes são o sistema defensivo, a linha de passe, as combinações de ataque, a velocidade.
Saída de Rede – Em maio deste ano, durante o Pré-Olímpico Mundial, a França vencia a Polônia com facilidade e perdeu uma partida que parecia ganha, chegou a ter quatro match points no terceiro set, mas levou a virada. Uma derrota como aquela te preocupa, pela forma como seu time saiu completamente do jogo? Falta maturidade?
Laurent Tillie – Sem dúvida temos um problema de postura, em manter o foco às vezes. Não é fácil lidar com o medo de perder, temos de saber como superar isso. Sobre aquela partida, também temos que reconhecer o mérito da Polônia, que fez algumas mudanças, com a entrada do Konarski (oposto) e do Drzyzga (levantador), eles ajudaram o time a mudar de ritmo.
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Saída de Rede – A seleção francesa vem demonstrando desde 2014 que é uma das equipes mais fortes do mundo, mas nunca esteve em uma competição dessa magnitude, uma Olimpíada. Como encarar isso?
Laurent Tillie – É realmente diferente, até estar nela (Olimpíada) é um feito, é algo relevante. Nós temos uma meta, vamos fazer de tudo para cumpri-la, tendo total consciência da pressão que isso envolve. Veja só, nosso grupo no Rio, com Brasil, Estados Unidos, Itália e Canadá (tem ainda o México), é muito difícil, vai ser duro avançar, mas vamos com tudo.
Saída de Rede – Há quem critique a seleção francesa por depender demais de alguns jogadores e não ter reservas capazes de render diante de adversários mais fortes. Qual sua opinião sobre isso?
Laurent Tillie – Bom, os titulares têm evoluído muito ao longo deste ciclo e nós temos jogadores reservas jovens lutando por seu espaço, gente talentosa, que está se desenvolvendo. Algumas seleções fortes, sem citar nomes, dependem de certos jogadores. Sim, é o nosso caso também.
Saída de Rede – Só o ouro importa no Rio? O quanto uma medalha ajudaria na popularização e no desenvolvimento do voleibol na França?
Laurent Tillie – Queremos uma medalha, queremos subir ao pódio. Quando você está nos Jogos Olímpicos, que são uma competição dificílima, ganhar uma medalha é algo extraordinário. Quanto ao vôlei na França, não acho que uma medalha agora vá mudar muito o panorama, embora a popularidade tenha crescido. Disputamos espaço com o futebol, o basquete, o handebol, o rúgbi, mas uma medalha seria sensacional para a gente, algo incrível para os jogadores.
Saída de Rede – Como você avalia os quatro adversários mais fortes na fase preliminar: Brasil, Estados Unidos, Itália e Canadá? E entre os 12 do torneio, quem são os favoritos?
Laurent Tillie – É… Esses quatro da fase de grupos… Difícil passar (risos). Mas quem quer medalha tem que lutar, deve estar preparado. Olha, nessa Olimpíada há muitos times fortes, mas os favoritos, com quem vamos brigar para subir ao pódio, são Brasil, Estados Unidos, Rússia, Itália e Polônia.
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