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Brasil em alta e técnico trapalhão em baixa: veja o sobe e desce do vôlei

Carolina Canossa

11/07/2016 06h00

Brasil é o maior vencedor da história do Grand Prix (Fotos: Divulgação/FIVB)

Brasil é o maior vencedor da história do Grand Prix (Fotos: Divulgação/FIVB)

Nossa quinta edição do "sobe e desce" do vôlei é pra lá de especial: depois de uma fase classificatória irregular de Grand Prix, a seleção brasileira feminina de vôlei cresceu na hora certa e conquistou a competição pela 11ª vez. Ou, se preferirem uma palavra diferente, somos undecacampeões. É óbvio que o time de José Roberto Guimarães apareceria na lista, mas optamos por colocá-lo um jeito diferente. Quer saber mais? A 25 dias da Rio 2016, confira como está o termômetro do vôlei.

SOBE

José Elias de Proença – Na falta de um grande destaque individual brasileiro, já que, de uma maneira geral, a equipe inteira se portou bem, chamemos a atenção para um personagem pouco conhecido por quem não acompanha vôlei regularmente. Preparador físico da seleção brasileira, Zé Elias é referência mundial na área e o principal responsável por deixar o time "voando" em quadra, algo especialmente desafiador em um grupo em que muitas atletas rondam a casa dos 30 anos. Se no Grand Prix as jogadoras se soltaram e passaram a render bem no momento mais importante, reconheça-se o trabalho deste profissional, que também esteve nas conquistas do ouro em Pequim 2008 e Londres 2012. Detalhe: o trabalho dele ainda não chegou ao auge, que será justamente em agosto, na Olimpíada.

Competência de Zé Roberto leva Brasil ao 11º título no Grand Prix

Centrais da final – Fabiana, Thaísa, Foluke Akirandewo e Rachael Adams estavam imparáveis naquela que, até agora, foi a partida mais importante que disputaram em 2016: juntas, as quatro somaram 64 pontos na grande decisão, o que corresponde a mais de 31% do total. Trata-se de um índice fantástico para uma posição que não tem o ataque como primeira função. E olha que elas excepcionalmente ainda pontuaram pouco no bloqueio, mérito das levantadoras em quadra… craques de bola!

Léia – Aos 31 anos, ela fez uma excelente Superliga pelo Camponesa/Minas e agarrou com tudo a chance que lhe foi dada na seleção brasileira principal. Segura no fundo de quadra, também conseguiu defesas importantes e não se intimidou nem quando foi alvo constante dos saques russos. No grande teste a que foi submetida, a final contra as americanas, voltou a corresponder, criando uma dor de cabeça para a comissão técnica: levar Léia ou Camila Brait para a Olimpíada? Como a defensora do Vôlei Nestlé é experiente e também teve boas atuações na fase final, a possibilidade de o Brasil contar com duas líberos na Rio 2016 não pode ser descartada.

DESCE

Sheilla ganhando premiação como ponteira: trapalhada da organização

Sheilla ganhando prêmio como ponteira: trapalhada da organização

Yuri Marichev – A fase final do Grand Prix foi desastrosa para o técnico russo. Atropelos de Brasil e EUA, virada da Holanda e dificuldades contra a apenas esforçada Tailândia. Sem contar com Kosheleva, machucada, o treinador parecia perdido em quadra: não conseguiu encontrar alternativas nos momentos de dificuldades, viu seu time naufragar com um passe horroroso e um saque bem abaixo do potencial físico de suas atletas. Até nos desafios ele mandou mal, com um índice de acertos baixíssimo, o que o fez frequentemente ficar sem o direito de contestar a arbitragem em lances que, de fato, eram duvidosos. Apesar dos dois títulos europeus que possui no currículo, Marichev é, de longe, o pior técnico da elite do voleibol feminino de seleções na atualidade.

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Premiação – A cerimônia até começou interessante ao valorizar a cultura da sede Tailândia, mas logo se tornou arrastada e palco de bizarrices. A oposta brasileira Sheilla, por exemplo, nunca participa da linha de passe, mas levou o prêmio de segunda melhor passadora do torneio (!!!). Já a levantadora tailandesa Tomkom foi eleita a melhor de sua posição mesmo com sua equipe perdendo todos os jogos da fase final e sendo reserva na partida contra o Brasil. Menos politicagem e mais cuidado nas escolhas não fariam mal a ninguém…

Inversão brasileira – Eis aí um item que Zé Roberto precisa trabalhar duro nos dias que restam até os Jogos Olímpicos, visto que ninguém ainda se fixou como reserva de Sheilla: convocada inicialmente para a função, Tandara não fez um bom Grand Prix e ainda deu o azar de se machucar às vésperas da fase final, para a qual sequer foi relacionada. Improvisada na função, Gabi teve poucas chances e, na maior delas, entrou mal no quarto set contra os EUA. Já a central Adenízia, que chegou a ser testada assim durante as rodadas anteriores, dessa vez nem entrou em quadra. Por sua vez, a levantadora Roberta apresentou dificuldades para acertar a bola com as atacantes titulares e provavelmente será substituída por Fabíola na Olimpíada. Se a inversão 5-1 continuar não funcionando, o Brasil vai passar por apertos na busca pelo tri olímpico.
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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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