Competência de Zé Roberto leva Brasil ao 11º título no Grand Prix
Se o time norte-americano é o melhor do mundo e as brasileiras são bicampeãs olímpicas, por que não imaginar que o 11º título do Brasil no Grand Prix serviu de ensaio para a final da Rio 2016? A vitória por 3 sets a 2 (18-25, 25-17, 25-23, 22-25, 15-9), neste domingo, em Bangcoc (Tailândia), devolve ao time comandado por Zé Roberto o moral que parecia haver perdido naquela semifinal do Mundial 2014, contra a mesma rival de hoje. O voleibol apresentado nesta semana decisiva dá a impressão de que os erros do início da competição se tornaram lição aprendida. E a ação do técnico na partida foi decisiva.
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Depois de um primeiro set muito bom no ataque, mas desastroso no passe, Zé Roberto substituiu Fernanda Garay logo nos primeiros pontos da parcial seguinte por Jaqueline. Haveria a possibilidade de começar o segundo set com Jaqueline e Garay no passe, e Natália deslocada para a saída de rede, porque Sheilla passou zerada no primeiro. Mas a troca pura e simples de ponteiras estruturou o passe, pôs a oposta no jogo e, de carona, as centrais.
Sheilla, que só pontuou a partir de sua oitava tentativa no ataque, terminou o jogo com 14 anotações e 48% de aproveitamento nas cortadas. Já Thaisa assinalou 12 pontos e Fabiana, com 18, foi a maior anotadora do Brasil na partida – só perdeu para os 19 de Akinradewo. Tudo a partir da mudança do treinador.
A volta de Garay ao jogo no set seguinte, a princípio, poderia trazer de novo instabilidade à linha de recepção brasileira, mas isso não aconteceu. Com mais uma atacante por excelência em quadra, Dani Lins fez o que quis com o bloqueio norte-americano, e a parcial teria sido tranquila, não fosse a inversão do cinco-um.
Mais do que a falta de uma oposta de ofício (Tandara está machucada e Gabi, com obrigações no passe, joga improvisada na saída), ficou demonstrada a falta de sintonia entre Roberta e as atacantes, e também se evidenciou a inexperiência da levantadora em jogos decisivos com a seleção. É claro que experiência só se adquire com a prática, mas é complicado recorrer a isso faltando três semanas para a estreia nas Olimpíadas.
(A inversão é uma dor de cabeça assim como a escolha da líbero. A diferença é que, na questão da defensora, sobra qualidade: se Camila Brait foi bem contra a Holanda, Léia deu show na decisão, e é possível que a definição da jogadora para as Olimpíadas só aconteça mais perto dos Jogos. Ou seria possível que as duas – Brait e Léia – estejam no time olímpico e que ter só uma oposta nas finais também tenha sido ensaio de Zé Roberto? Em Pequim, com Sheilla, o plantel da seleção só tinha uma oposta.)
Se, no terceiro set, uma revisão de vídeo salvou uma parcial que ia empatar em 24 a 24, no quarto, o equilíbrio no set não deu margem a corrigir nova inversão ruim. E o jogo foi para o tie break.
O Brasil até desperdiçou contra-ataques no início do set desempate, contudo, foi beneficiado por erros das norte-americanas no passe e nas cortadas. Kimberly Hill, que terminou o jogo com 17 anotações, concedeu ponto em erro de ataque, em toque na rede, sofreu com o bloqueio e foi um ponto fraco no elo do time de Karch Kiraly. As brasileiras rapidamente sumiram no placar e jogo terminou com uma bola de meio de Dani Lins com a capitã Fabiana.
O problema na inversão e os erros de contra-ataque mostram que há o que melhorar no jogo brasileiro até as Olimpíadas. Mas perceber isso num jogo de título conquistado mostra que a margem de crescimento pode ser atingida.
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