Derrotas em Macau acendem sinal da alerta na seleção brasileira
Foi emblemático que a passagem das bicampeãs olímpicas por Macau, na segunda semana do Grand Prix, tenha terminado com um ace chinês sobre a linha de recepção brasileira, justamente o ponto nevrálgico do jogo da seleção.
Neste domingo, o Brasil ofereceu pouca resistência contra a China e perdeu por 3 sets a 0, com parciais de 25-23, 25-16, 25-20. Foi a segunda derrota da seleção em seis jogos no torneio. Isso significa que o time venceu a Bélgica de virada, as equipes mistas de Itália, Japão e Sérvia, no Rio, ao passo que perdeu para as titulares da Sérvia e, agora, para as chinesas.
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Os reveses nos dois testes efetivos que a equipe teve expuseram as fraquezas que o time tem demonstrado nos últimos anos: passe e ataque nas pontas.
É desnecessário repisar que Fabiana e Thaisa são o ponto forte da seleção. Desnecessário ou inútil, porque, sem uma boa recepção, ter duas ótimas atacantes de meio é vantagem não consumada. A consequência do passe quebrado é que Fabiana, neste jogo, recebeu apenas quatro bolas para atacar.
Das quatro ponteiras brasileiras que foram a Macau – Natália, Garay, Gabi e Jaqueline –, a pernambucana é a que tem o melhor passe. No entanto, a entrada de Jaqueline no decorrer do primeiro set não resolveu o problema na recepção. O saque adversário era direcionado para Fernanda Garay e, com efeito, a China terminou a partida com 6 a 3 sobre o Brasil em aces – um deles, o último, justamente sobre Jaqueline.
Sem a bola chegar na medida às mãos de Dani Lins, a opção que lhe restou foi acionar alguma das atacantes das pontas, e aí a trama ficou mais densa.
Certo, foi uma jornada atípica, mas é preciso ressaltar que Sheilla, a definidora de ofício, a oposta do time, teve eficiência de 10% no ataque, só pontuou duas vezes em 20 tentativas. O jogo de bolas empinadas também não favoreceu Jaqueline, que só marcou seis pontos em cortadas – Fernanda Garay, nesse quesito, foi a única que ainda conseguia socorrer a seleção e acertou a quadra adversária em 11 ocasiões.
O jogo lento e previsível das brasileiras foi um convite que o bloqueio chinês aceitou sem remorso. Nesse quesito, as anfitriãs golearam por 13 a 5 – só a central Ni Yan obteve, no fundamento, o mesmo número de pontos de todas as brasileiras somadas.
Sérvia expõe deficiências do Brasil
Nas oportunidades em que tirou Sheilla do jogo, o técnico Zé Roberto Guimarães colocou Tandara no decorrer dos dois primeiros sets e Natália, no terceiro.
(Particularmente, não gosto de Natália atuando na saída de rede. Porque, por um lado, se ela jogava assim no início da carreira, por outro, é bom recordar que, de 2012 para cá, sua experiência nesse setor foi no Rexona, em certo momento da Superliga 2014/15: procurando uma oposta para o time, Bernardinho fez essa experiência com ela, mas, no fim, escolheu terminar o campeonato Regiane improvisada na saída e Natália de volta à entrada de rede. Contudo, a 48 dias da estreia na Rio 2016, a seleção necessita de opções e precisa testá-las em regime de urgência. E foi o que aconteceu neste domingo.)
Depois de sair do jogo durante o primeiro set, a ponteira Natália voltou como oposta, na metade da terceira parcial, e fez mais pontos do que Sheilla naquela posição. Ela terminou a partida com sete anotações no ataque, sendo quatro delas no período em que atuou na diagonal da levantadora.
Não dá para dizer, só por meio set contra a China, que Natália seja a jogadora certa ou, mesmo, a melhor substituta para a saída de rede. Mas, como Sheilla tem tido atuações aquém do ideal e Tandara, na competição inteira, atacou 23 vezes para marcar só um ponto (contra a Bélgica), por que não continuar testando Natália como oposta – se, inclusive, ela não tem ido bem no passe?
O Brasil volta à quadra no próximo fim de semana, dias 24, 25 e 26, contra Itália, Bélgica e Turquia, em Ancara. Depois, só restarão as finais do Grand Prix, entre os dias 6 e 10 de julho, em Bangcoc, antes das Olimpíadas.
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