Topo

Saída de Rede

Quem é quem na chave do Brasil no masculino na Rio 2016

Sidrônio Henrique

06/06/2016 13h00

Confirmados os grupos do torneio de vôlei masculino das Olimpíadas pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB), o Saída de Rede traz uma análise dos oponentes que o Brasil terá na primeira fase, em agosto, no Maracanãzinho, em busca do tricampeonato.

O Brasil está no grupo A, ao lado de Estados Unidos, França, Itália, Canadá e México. Na chave B estão Rússia, Polônia, Irã, Argentina, Cuba e Egito.

Vamos aos adversários dos brasileiros na etapa inicial:

Anderson é um dos melhores do mundo (fotos: FIVB)

Estados Unidos
Os EUA, do ponta/oposto Matt Anderson e do levantador Micah Christenson, são uma seleção quase completa. Por que quase? A menos que o veterano ponteiro Reid Priddy esteja em condições de jogar como titular, a linha de passe fica comprometida, pois na entrada de rede o saltador Tyler Sander não domina a recepção como seus demais colegas – ainda assim, ele representa mais uma opção segura no ataque. Fora isso, é um time fortíssimo, com um dos melhores jogadores do mundo, Anderson, e um levantador que a cada ano demonstra mais consistência, Christenson.

Campeões da Liga Mundial 2014, bronze na edição de 2015 e campeões da Copa do Mundo 2015, os americanos querem reviver a glória do ouro olímpico conquistado em Los Angeles 1984, Seul 1988 e Pequim 2008. Há quatro anos, tinham um bom time, muito bem estruturado, mas caíram nas quartas de final para a Itália, que encaixou seu saque como nunca. Saiu Alan Knipe e entrou John Speraw, que estava com a seleção B, como treinador da principal. Os EUA são um forte candidato ao ouro.

N'gapeth lidera a seleção francesa

França
A França… Ah, a França… Qualquer fã de voleibol que não estivesse isolado do mundo nos últimos dois anos deve ter escutado muito a respeito do genial ponteiro Earvin N'gapeth e seus sensacionais companheiros. Sim, a seleção francesa merece os elogios que tem recebido, joga de forma veloz, variada e com um sistema defensivo invejável. Vale mencionar também os craques Jenia Grebennikov (líbero), Benjamin Toniutti (levantador, o favorito deste que vos escreve na posição) e Kevin Le Roux (central). Ressalte-se ainda a evolução do ponta Kevin Tillie e do central Nicolas Le Goff e diga-se também que o bom oposto Antonin Rouzier encaixa-se à perfeição no esquema estruturado pelo técnico Laurent Tillie. Pronto, temos um timaço.

O leitor pode perguntar que França era aquela que acabou de disputar o Pré-Olímpico Mundial. Ora, era uma equipe desgastada pela temporada de clubes, especialmente N'gapeth, e que sabia de antemão que para conquistar uma das quatro vagas não seria preciso engatar a quinta marcha. A Rússia havia provado mais cedo, no qualificatório continental, em janeiro, que os franceses não são imbatíveis – a equipe de Laurent Tillie vinha cheia de moral depois dos títulos da Liga Mundial e do Campeonato Europeu, ambos em 2015.

A França tem alguns problemas. As atitudes às vezes infantis ou até irresponsáveis de Earvin N'gapeth podem por tudo a perder. Foi assim contra a Polônia no Pré-Olímpico, quando a França tinha o jogo nas mãos para fechar em 3-0, desperdiçou quatro match points e tomou a virada. Mas o principal senão é a falta de um banco de reservas que possa manter o ritmo – os veteranos sentem o peso da idade e os novatos ainda não vingaram. Les Bleus são mesmo um time de sete jogadores. Ainda assim, podem subir no lugar mais alto do pódio. A França jamais chegou às semifinais em suas três participações anteriores, mas nunca foi tão bem cotada.

Juantorena estreou na Azzurra em 2015

Itália
Quando tinha apenas Ivan Zaytsev, fosse na entrada ou na saída de rede, a Itália exigia cautela dos oponentes. A chegada, em 2015, do ponteiro cubano naturalizado italiano Osmany Juantorena, um dos mais completos e melhores do mundo, tornou o time bem mais perigoso ou, para citar o técnico brasileiro Bernardo Rezende, "uma equipe muito mais interessante". Zaytsev foi definitivamente deslocado para a posição de oposto. Some-se aos dois craques a desenvoltura do levantador Simone Giannelli, que completará 20 anos durante as Olimpíadas, mas que joga com a segurança de um veterano.

A Itália mudou de técnico na temporada passada, logo depois do término da Liga Mundial, antes da Copa do Mundo, onde foi vice-campeã. Saiu o conservador Mauro Berruto, que brigou com alguns atletas, e entrou Gianlorenzo Blengini. É verdade que houve pouco tempo para que o novato aplicasse seus conceitos, mas ninguém pode negar que ele fez bom uso, pelo menos até aqui, do seu trio principal e de outros bons jogadores. Uma vantagem da Azzurra é que é um time que sabe sacar. Poucas equipes têm um rendimento tão bom no saque, o que já os salvou diversas vezes. Está um pouco abaixo de Brasil, EUA e França, mas a diferença é mínima e não se pode descartá-la como candidata ao inédito ouro olímpico – os italianos acumulam duas pratas, dois bronzes e desde Atlanta 1996 estão nas semifinais das Olimpíadas.

Perrin é o principal ponteiro canadense

Canadá
Os canadenses vêm para sua quarta participação olímpica, interrompendo uma espera que durava 24 anos, desde Barcelona 1992. A melhor campanha deles foi em Los Angeles 1984, quando terminaram em um honroso quarto lugar. O atual técnico da equipe, Glenn Hoag, era meio de rede naquele time. Hoje ele é um estrategista, que criou um sólido sistema defensivo, elogiado até mesmo pelo exigente Bernardinho.

A seleção canadense tem seu trio de sustentação no oposto Gavin Schmitt, no ponta Gord Perrin e no levantador Tyler Sanders. O oposto teve uma passagem relâmpago pelo Brasil na Superliga 2015/2016, quando jogou apenas um set e voltou ao seu país para ser operado, devido a uma fratura por estresse na tíbia. Recuperou-se em três meses, a tempo de ajudar sua equipe a conseguir a vaga no Pré-Olímpico Mundial. Perrin foi uma aposta de longo prazo de Hoag, que o convoca para a equipe principal desde os tempos de juvenil – atualmente tem 26 anos. Ele é hoje um dos melhores pontas do mundo e na próxima temporada fará companhia a Schmitt no Resovia Rzeszow, clube polonês. Sanders é seguro na armação, tem velocidade e variedade – vai para a liga turca, jogará sob a batuta de Hoag no Arkas Izmir.

O restante do time varia entre bom e razoável, mas a estrutura montada por Glenn Hoag permite aos canadenses sonhar em incomodar os grandes. O problema da equipe é a oscilação. Neste ciclo, por exemplo, o Canadá derrotou a Rússia nas finais da Liga Mundial 2013, mas conseguiu perder, em casa, para os juvenis cubanos na disputa do Pré-Olímpico continental – mesmo sem contar com Schmitt, foi surpreendente, ainda mais em sets diretos. Os canadenses estão um degrau abaixo dos quatro mais fortes da chave, mas é bom não subestimá-los. Se Perrin e Schmitt estiverem num bom dia, sai de baixo – os dois foram, respectivamente, primeiro e segundo maiores pontuadores do qualificatório mundial, ficando entre os dez primeiros em eficiência.

Jogadores mexicanos comemoram a classificação

México
O México foi presenteado com uma vaga que surgiu em uma repescagem que nunca foi explicada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Injustiças à parte, eles entraram em quadra, na Cidade do México, e conseguiram o bilhete para as Olimpíadas – será sua segunda participação, após a de 1968 como país-sede. O que têm a oferecer? Pouco. É a equipe mais fraca do torneio. Se conseguirem arrancar um set de qualquer um dos cinco adversários, já podem se dar por satisfeitos. Erram muito, pecam em todos os fundamentos.

Antes da repescagem, eles disputaram, também em casa, a desprestigiada Copa Pan-Americana. Acabaram na quarta colocação, abaixo das seleções sub23 de Cuba e Argentina, campeã e vice, respectivamente, e ainda da equipe B do Canadá. Os mexicanos virão ao Rio de Janeiro para ganhar experiência.

————-

Receba notícias de vôlei pelo WhatsApp

Quer receber notícias no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 96180-4145 (não esqueça do "+55″); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: giba04

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

Blog Saída de Rede