Pré-Olímpico masculino: quem leva as vagas para a Rio 2016?
Começa na noite desta sexta-feira (27), pelo horário de Brasília, o Pré-Olímpico Mundial masculino, em Tóquio, Japão. O Saída de Rede traz uma análise de cada um dos oito times que disputam quatro vagas para a Rio 2016 (veja tabela completa). Pelo menos uma delas será de alguma das quatro seleções da Ásia – o zonal deste continente é disputado dentro do torneio mundial. A competição termina no dia 5 de junho. Você pode ver as partidas ao vivo no canal da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) no YouTube.
Se na disputa feminina, encerrada no dia 22, os classificados irão ao Rio de Janeiro na condição de coadjuvantes ou de prováveis surpresas, o qualificatório masculino reúne duas potências com chance de levar o ouro em agosto e pelo menos quatro times de bom nível, além de dois franco-atiradores.
França e Polônia são os favoritos disparados e só devem ter problemas quando se enfrentarem, na segunda rodada. O pelotão intermediário, disputando outros dois lugares nas Olimpíadas, é composto por Irã, Japão, Austrália e Canadá. Completam a tabela, Venezuela e China.
Veja as chances de cada um a caminho do Rio:
França
Apesar do tropeço na final do Pré-Olímpico da Europa diante da Rússia, a seleção francesa, liderada pelo temperamental e genial ponteiro Earvin N'gapeth, continua sendo considerada o melhor time do mundo. É o principal favorito no qualificatório mundial. Sem dúvida tem o voleibol mais vistoso, um sistema defensivo preciso e quatro craques de dar inveja a qualquer rival.
Além do próprio N'gapeth, saudado como grande astro do vôlei internacional neste ciclo, o time conta com Jenia Grebennikov, melhor líbero da atualidade, Kevin Le Roux, um daqueles centrais que fazem a diferença, e Benjamin Toniutti, um dos melhores levantadores do mundo, senão o melhor. Completam o time titular o bom central Nicolas Le Goff, enquanto Kevin Tillie e Nicolas Marechal se revezam na entrada de rede. Na saída, o veterano Antonin Rouzier teve seu potencial maximizado pelo talento de Toniutti.
Apenas a Polônia pode fazer frente à França neste torneio, mas a equipe treinada por Laurent Tillie é a favorita. No último confronto entre ambos, na semifinal do Pré-Olímpico Europeu, vitória francesa por 3-0. O único porém do time de N'gapeth e Cia é a ausência de reservas à altura dos titulares. No ano passado a França venceu a Liga Mundial e o Campeonato Europeu, mas há quem acredite que eles podem sucumbir à pressão nas Olimpíadas. Bem, no Pré-Olímpico devem sobrar e ter vida fácil.
Chance de classificação: alta
Polônia
Atual campeã mundial, título conquistado em casa em 2014, a Polônia não ganha nada desde então e quase ficou de fora deste Pré-Olímpico. É que em janeiro, na disputa da última vaga para este qualificatório no Japão, os poloneses chegaram a ter um match point contra, na decisão do terceiro lugar do zonal europeu, diante da Alemanha. Mas o time do inconstante oposto Bartosz Kurek e do marrento e talentoso ponta Michal Kubiak sobreviveu e chega a Tóquio como favorito, ao lado da França.
Perder nesta competição só será aceitável se for para os franceses. Em relação aos demais, a equipe treinada pelo francês Stéphane Antiga tem a obrigação de vencer. Mesmo sem uma atuação convincente depois do Mundial 2014, a Polônia está entre os seis mais fortes do mundo, ao lado de França, Rússia, Estados Unidos, Brasil e Itália. Neste Pré-Olímpico, o time do leste europeu deve se classificar sem problemas.
Chance de classificação: alta
Irã
Eis uma incógnita. No ano passado, após uma atuação razoável na Liga Mundial, sem chegar às finais, e de uma desastrosa campanha na Copa do Mundo, terminando em um frustrante oitavo lugar, a Federação Iraniana demitiu o técnico sérvio Slobodan Kovac, que havia perdido o controle do grupo e tinha atritos constantes, principalmente com o levantador Saeid Marouf. O treinador argentino Raul Lozano, que tem em seu currículo um vice-campeonato mundial comandando a Polônia em 2006, assumiu a equipe persa, mas o mundo do vôlei ainda não sabe se o Irã voltará ao patamar de antes.
Não que a equipe do Oriente Médio fosse uma potência, jamais conquistou sequer uma medalha em competições globais, mas desde 2011 vinha incomodando e venceu todos os times da elite. Porém, nas duas chances que teve de marcar presença em fases decisivas de grandes torneios, como Liga Mundial e Campeonato Mundial, ambas em 2014, o time foi presa fácil para adversários como a previsível Alemanha.
Quem impulsionou o voleibol masculino do país foi outro argentino, o lendário Julio Velasco, que deixou o comando da seleção em 2014 para treinar a do seu país natal. O Irã era favorito para conquistar a vaga asiática para Londres 2012, mas surpreendentemente caiu diante dos esforçados australianos, mostrando que não sabem lidar com a pressão em partidas decisivas. Se jogar como vinha fazendo antes de 2015, deve ficar com a inédita vaga. Além do já citado Marouf, destaque para o central Seyed Mousavi, um monstro no bloqueio, com um timing impressionante.
Chance de classificação: boa
Japão
O time japonês visto durante a Copa do Mundo 2015 foi a melhor formação do país desde o início dos anos 1990. O velho clichê sobre equipes asiáticas de grande defesa e ataque limitado já não se aplicava aos nipônicos nas últimas temporadas, pois sequer vinham defendendo bem, prejudicados por um bloqueio quase nulo. O técnico Mambu Masashi, que assumiu o comando há dois anos, conseguiu reverter isso em 2015, melhorando a relação bloqueio-defesa. Na parte ofensiva, o Japão conta com dois atacantes bastante eficientes: o oposto Kunihiro Shimizu e o ponta Yuki Ishikawa.
Na Copa do Mundo, empurrados pela torcida, os japoneses quase surpreenderam poloneses e russos. Novamente em casa, a ajuda dos fãs deverá ser essencial para voltar aos Jogos Olímpicos depois da ausência em Londres 2012. Dos adversários com quem deverá brigar diretamente por um lugar na Rio 2016, perdeu na Copa do Mundo apenas para o Irã e num apertado 3-2. Venceu canadenses e venezuelanos em sets diretos e cedeu somente um numa vitória relativamente tranquila sobre a Austrália.
Chance de classificação: boa
Austrália
A equipe que concentra seus ataques baseando-se na força do oposto Thomas Edgar ganhou um bom reforço esta temporada: a volta do central Aidan Zingel, que esteve ausente da seleção em 2015. Consistente, elogiado por diversos técnicos, Zingel joga na concorrida liga italiana desde 2010, pelo Verona. Talvez pareça pouco, mas ter ao menos um meio de rede de alto nível pode fazer a diferença na luta por um lugar nas Olimpíadas do Rio.
Edgar, que deixa a liga chinesa e segue para o argentino Bolívar na próxima temporada, já causou estragos em grandes times, como Itália e Polônia, e ainda ostenta o recorde mundial de pontos (50) numa partida oficial entre seleções, estabelecido na vitória de 3-2 sobre o Egito na Copa do Mundo 2015. É a bola de segurança do sexteto, que não mudou muito seu estilo desde a chegada, no ano passado, do treinador italiano Roberto Santilli, aquele que reclama mais do que Bernardinho e enlouquece os árbitros ao continuar esbravejando quando perde no desafio em vídeo. Calma, Santilli!
A equipe da Oceania, que integra a Confederação Asiática, teoricamente não deve ser páreo para franceses e poloneses, mas pode beliscar uma vaga e ir assim pela quarta vez aos Jogos Olímpicos. Na última delas, em Londres 2012, protagonizou uma zebra ao derrotar a Polônia por 3-1, mas muita coisa mudou no time do leste europeu de lá para cá.
Logo na abertura do Pré-Olímpico o duelo com os arquirrivais iranianos, com quem os australianos vivem se estranhando e a quem eliminaram há quatro anos. O Irã subiu de produção na primeira metade deste ciclo e o levantador Saeid Marouf disse que era um absurdo a Austrália participar da primeira divisão da Liga Mundial – o time da Oceania jogou pela primeira vez no grupo principal da competição no ano passado. A resposta veio em quadra, com um 3-0 a favor da Austrália na Copa do Mundo. A chapa pode esquentar já na primeira partida deste qualificatório.
Chance de classificação: boa
Canadá
Os canadenses perderam a chance da vida deles de voltar às Olimpíadas desde Barcelona 1992 ao serem derrotados, em casa, no jogo decisivo do zonal da Norceca (Confederação da América do Norte, Central e Caribe), por uma seleção cubana recheada de juvenis. Complicaram a própria vida e agora terão de mostrar serviço para ficar com uma das quatro vagas. Ainda têm boas chances, graças a mudança nos critérios de classificação do Pré-Olímpico em relação às edições anteriores. É que antes, se algum time da Ásia estivesse entre os três primeiros, a quarta vaga iria para o segundo melhor do continente. Com o fim dessa restrição, os canadenses respiraram aliviados, pois mesmo que não consigam ficar no top 3 ainda podem conseguir a classificação terminando em quarto.
O técnico Glenn Hoag promete algumas surpresas. A equipe tem uma estrutura defensiva que já foi elogiada mais de uma vez por Bernardinho. Não faltam bons jogadores, mas o único excepcional é o oposto Gavin Schmitt, que está com o time no Japão. Em janeiro ele passou por uma cirurgia devido a uma fratura por estresse na tíbia e não jogou desde então. Schmitt era para ter sido uma das armas do Funvic Taubaté na Superliga 2015/2016, mas fora de combate, disputou apenas um set na competição antes de voltar para o Canadá ainda na primeira fase. Vai jogar no clube polonês Resovia Rzeszow na próxima temporada. Se tiver condições de jogo e superar a falta de ritmo, pode ajudar o Canadá a carimbar o passaporte para as Olimpíadas. Sem ele, o time perde força e as chances diminuem drasticamente.
Chance de classificação: razoável
Venezuela
A Vinotinto tenta recuperar o pouco prestígio que alcançou na década passada com algumas boas atuações e voltar às Olimpíadas. Sua única participação foi em Pequim 2008, então treinada pelo brasileiro Ricardo Navajas, que deixou o cargo no ano seguinte. A maioria daqueles atletas já não está na equipe, que tenta jogar com mais velocidade desde a chegada do técnico italiano Vincenzo Nacci, mas tropeça na quantidade exagerada de erros de execução. A Venezuela oscila acima da média dos padrões do voleibol masculino, alterna boas jogadas com erros bisonhos. O principal nome do time é o oposto Kervin Piñerua, os demais pecam pela inconsistência.
Sob a batuta de Nacci há dois anos, os melhores momentos dos venezuelanos foram três derrotas no quinto set. É difícil a vida da Vinotinto! A primeira foi para a Austrália, no Mundial 2014, quando quase alcançaram a segunda fase. No ano passado, duas derrotas no tie break para a Argentina, que é superior, mas cujo estilo de jogo os venezuelanos conhecem bem: uma na Copa do Mundo e a outra, em casa, na decisão do Pré-Olímpico sul-americano – por pouco a Venezuela não garantiu a vaga para a Rio 2016, deixando um pepino na mão dos argentinos.
Na Copa do Mundo 2015, a única vitória veio numa batalha de cinco sets contra a fraca Tunísia. Com exceção dos dois sets ganhos dos hermanos, nas outras derrotas, mesmo nas por 3-1, demonstrou pouco apetite pelo jogo, inclusive contra iranianos, australianos, japoneses e canadenses, adversários neste qualificatório. Eventualmente o time crescia nos erros dos oponentes, mas raramente tinha a partida sob seu controle.
Dependentes demais do oposto e com um bloqueio falho, só mesmo o saque suicida bem encaixado e dias ruins de mais de um adversário poderiam levar os venezuelanos ao Maracanãzinho em agosto. Antes de seguir para Tóquio, a equipe ficou três semanas concentrada em Havana, Cuba, e o treinador Nacci disse que o time está bem ajustado. Na condição de franco-atirador, pode ser que causem algum estrago, mas é pouco provável.
Chance de classificação: remota
China
Outro time com poucas chances de ir ao Rio de Janeiro é a China, cujas melhores armas são dois veteranos na casa dos 30 anos: o oposto Yuan Zhi, 35, e o ponteiro Jianjun Cui, 30. Quem também ajuda é o outro ponteiro titular, Dai Qingyao, mais jovem, 24 anos.
O técnico Xie Gouchen assumiu a equipe no início deste ciclo, em 2013, mas pouca coisa mudou. Se a China é uma potência no feminino, no voleibol masculino são meros figurantes. No Mundial 2014, num grupo de seis seleções, com Egito e México pelo caminho, conseguiram avançar à segunda fase, mas diante dos mais fortes só levaram surras.
O único feito recente foi bater a Austrália em sets diretos no Campeonato Asiático 2015, mas o oposto australiano Thomas Edgar jogou apenas um set e seu time estava sem dois titulares – a equipe já estava garantida na Copa do Mundo, pois a Confederação Asiática havia definido que as vagas para aquela zona seriam determinadas pelo ranking mundial. Repetir a vitória sobre os australianos ou bater qualquer outro time que não seja a Venezuela no Pré-Olímpico seria uma grande surpresa.
Chance de classificação: remota
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