Ángel de las alturas, peruana se destaca no Pré-Olímpico

Leyva é o símbolo da nova geração do vôlei do Peru (foto: FIVB)

Difícil acreditar que o Peru vá longe no Pré-Olímpico Mundial feminino, apesar de ter aprontado pra cima das dominicanas neste domingo (15), mas uma jogadora já conquistou a torcida: Angela Leyva, 19 anos, 1,84m. Ela é o maior talento de uma nova geração que promete tirar o Peru do limbo em que se encontra há mais de 20 anos. El ángel de las alturas (o anjo das alturas), apelido dado há alguns anos por um jornalista argentino que se impressionou com sua eficiência, enche os torcedores e a imprensa especializada peruana de esperança de dias melhores.

Versátil, Leyva joga tanto na entrada quanto na saída de rede. Com lacunas no passe, defesa, bloqueio e saque, ela ainda está em formação, o que é natural devido a sua pouca idade. No ataque, porém, Angela Leyva exibe a segurança de algumas veteranas, com uma variedade de golpes que vão desde pancadas certeiras até jogadas com efeito e precisão. Ainda é cedo, mas depois de duas rodadas do Pré-Olímpico, ela se destaca como a terceira maior pontuadora, atrás apenas das badaladas Kim Yeon-Koung (Coreia do Sul) e Lonneke Slöetjes (Holanda).

É verdade que ainda não utiliza a paralela como poderia, mas já explora com desenvoltura as mãos do bloqueio adversário, como se viu na surpreendente vitória sobre a República Dominicana, quando marcou 22 pontos (20 de ataque), e mesmo na derrota em sets diretos para o Japão. A diagonal curta é uma de suas características, como esta do vídeo abaixo.

Jogar no Brasil? Não tão cedo…
"Jogar nas principais ligas do mundo, como a brasileira, a italiana ou a turca seria sensacional. Espero ter espaço em uma delas assim que eu puder, seria muito importante para o meu desenvolvimento", disse Angela Leyva ao Saída de Rede durante o Pré-Olímpico Sul-Americano, em Bariloche, Argentina, em janeiro.

Mas os fãs brasileiros não vão vê-la na Superliga tão cedo, ainda que ela, sem revelar nomes, tenha dito que já recebeu duas ofertas de clubes do Brasil. A Federação Peruana de Vôlei impõe uma norma que impede qualquer atleta de deixar o país antes de completar 22 anos. Até lá, ela continua em Lima, capital do seu país, onde joga pelo Universidad San Martin, tricampeão da fraca liga nacional. Sua equipe participou das duas últimas edições do Campeonato Sul-Americano de Clubes. Este ano, em La Plata, Argentina, foi vice-campeã, perdendo na final por 3-0 para o Rexona Ades. Leyva foi premiada como a melhor ponteira do torneio. O nível da competição é baixo, mas a ponta peruana deu trabalho à equipe carioca.

Renascimento sob o comando de brasileiros
A seleção peruana já teve resultados expressivos no cenário internacional, como uma prata olímpica (Seul 1988) e uma prata e um bronze no Campeonato Mundial (em 1982 e em 1986). Mas isso foi nos anos 1980 e muita água passou por debaixo da ponte. O Peru, que era potência, virou uma seleção sem expressão. No entanto, nos dois últimos mundiais juvenis, disputados em 2013 e em 2015, a equipe peruana, com Leyva a bordo, terminou em quarto e em sexto lugar, respectivamente. Um bom sinal para o voleibol do país vizinho, que tem como técnico da seleção feminina adulta o brasileiro Mauro Marasciulo. O treinador das juvenis também é um brasileiro, Marco Antônio Queiroga (ex-Minas), assistente de Marasciulo na equipe principal.

O caminho até a elite é longo e mesmo o segundo escalão do cenário mundial ainda é muito para o Peru, que alterna exibições decentes com fiascos, como as duas derrotas para o inexpressivo Quênia na temporada passada. As oscilações são normais em um time carregado por juvenis. Leyva tem a companhia de outros jovens talentos para tentar elevar o nível do voleibol do seu país, como a ponta/oposta Maguilaura Frías, que completa 19 anos no final do mês, e a oposta Katherine Regalado, 18. Assim, é fato que o mundo do vôlei está prestando mais atenção nas peruanas, especialmente em Angela Leyva, el ángel de las alturas.

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