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Saída de Rede

Sete jogadoras por quem vale a pena madrugar no pré-olímpico

João Batista Junior

13/05/2016 18h17

O Pré-olímpico mundial feminino, que também serve como qualificatório asiático para o Vôlei do Rio 2016, começa no sábado, em Tóquio – 22h desta sexta-feira, pelo horário de Brasília –, com um duelo entre Itália e Coreia do Sul. São oito seleções disputando quatro vagas para os Jogos, sendo uma para a Ásia e três de ampla concorrência. Nós já falamos a respeito das seleções candidatas (link aqui) e, agora, chamamos a atenção para sete jogadoras que devem fazer valer a pena passar a madrugada ligado nas transmissões via YouTube (link aqui).

Ponteira do Fenerbahçe, Kim Yeon-Kung foi a maior pontuadora da Liga dos Campeões da Europa (foto: CEV)

Ponteira do Fenerbahçe, Kim Yeon-Kung foi a maior pontuadora da Liga dos Campeões da Europa (foto: CEV)

Kim Yeon-Koung – MVP em Londres
Na falta de uma eleição para melhor jogadora do mundo, talvez o mais justo seja dizer que esse encargo recai sobre Kim Yeon. A atacante foi a maior pontuadora das edições 2011/12 e 2105/16 da Liga dos Campeões da Europa, bem como das últimas olimpíadas. Quando atua pela seleção da Coreia do Sul, a ponteira do Fenerbahçe perfaz o time de uma jogadora só.

Em Londres 2012, Kim marcou 21 pontos na vitória em sets diretos das sul-coreanas sobre as brasileiras e 28 na partida em que sua seleção eliminou a Itália, nas quartas. Resultado: levou a Coreia do Sul a um improvável quarto lugar e acabou a competição como maior pontuadora e MVP. Naquele mesmo ano, ela também havia sido eleita a melhor jogadora da Liga dos Campeões conquistada por seu time.

Se a Coreia do Sul conseguir a proeza de conquistar uma das vagas para o Rio, dificilmente não terá sido graças à jogadora de 1,92m da entrada de rede.

Lonneke Slöetjes – a holandesa que desbancou Sheilla
Dizem, no futebol, que todo técnico tem alguma teimosia. Opte por um esquema de jogo impopular ou prefira um jogador menos aclamado em detrimento de uma unanimidade das arquibancadas, é ponto quase pacífico que todo técnico preserva consigo uma teima qualquer.

Preferida de Giovanni Guidetti, Slöetjes foi a titular do VakifBank na temporada (foto: CEV)

Preferida de Giovanni Guidetti, Slöetjes foi a titular do VakifBank na temporada (foto: CEV)

No vôlei, para os que apreciam analogias com o esporte bretão, poderia haver quem apontasse para Lonneke Slöetjes, no começo da temporada de clubes, e exclamasse haver encontrado nela a teimosia de Giovanni Guidetti. Mas o tempo, se os resultados o dizem, lhe deu razão.

Guidetti é treinador da seleção holandesa e do VakifBank, clube dos mais fortes do voleibol turco. Com Sheilla e Slöetjes disputando a posição de oposta do time, o técnico pôs a bicampeã olímpica na reserva, apostou alto na holandesa e acabou se dando bem: a jogadora de 25 anos foi a principal atacante do time tanto no vice-campeonato da Liga dos Campeões quanto na conquista da liga turca. A aposta, porém, não foi um tiro no escuro.

Na seleção, Slöetjes foi a atacante mais eficiente da segunda divisão do Grand Prix 2015. Única atleta com aproveitamento acima de 50% nas cortadas, ela foi peça chave na conquista holandesa do grupo II do torneio. No Campeonato Europeu do ano passado e no Pré-olímpico de Ancara, disputas que deixaram a Holanda no segundo lugar, Slöetjes foi sempre a principal atacante da equipe, esteve sempre entre as maiores pontuadoras da competição. Isso faz a seleção de Guidetti depositar nela as maiores esperanças de voltar às Olimpíadas, depois de 20 anos ausente.

Castillo foi escolhida a melhor líbero das últimas olimpíadas e da Copa do Mundo 2015 (foto: FIVB)

Castillo foi escolhida a melhor líbero das últimas olimpíadas e da Copa do Mundo 2015 (foto: FIVB)

Brenda Castillo – a melhor líbero
É difícil entender por que Brenda Castillo não ganhou o prêmio de melhor líbero do Mundial da Itália 2014. Eficiente no passe e ágil na defesa, a atleta foi uma das principais responsáveis pela histórica campanha da Rep. Dominicana naquele campeonato. A seleção caribenha não só chegou à sexta posição do torneio como também venceu as cinco seleções europeias que confrontou – o que incluiu a Itália –, além de ter ficado a um set de, na terceira fase, bater e eliminar a China, que terminou vice-campeã.

Mas, se Castillo não foi premiada no mundial, azar do mundial – azar que não acometeu as Olimpíadas de Londres 2012 nem a Copa do Mundo 2015, que agraciaram a dominicana com a honraria.

Outro bom motivo para o torcedor brasileiro acompanhar a líbero neste pré-olímpico é que, na temporada que vem, numa negociação dada como certa pela imprensa brasileira e a internacional, a líbero está perto de trocar Lokomotiv Baku, do Azerbaijão, pelo Concilig/Bauru.

Na impulsão, Paola Egonu pode alcançar uma bola a 3,36m de altura (foto: FIVB)

Na impulsão, Paola Egonu pode alcançar uma bola a 3,36m de altura (foto: FIVB)

Paola Egonu – vai mais alto que Gamova
Numa seleção italiana de transição, com veteranas como Piccinini, Ortolani, Centoni, Guiggi, Del Core, e jovens como Alessia Orro e Chirichella, Paola Egonu desponta como forte candidata ao papel principal no time. Ela é uma das mais gratas surpresas do voleibol feminino dos últimos dois anos.

Com 1,90m de altura e impulsão quase inacreditável, Egonu, que só vai completar 18 anos em dezembro, é capaz de alcançar uma bola que esteja a 3,36m do chão. A título de comparação, Gamova, com 2,02m, consegue atacar, no máximo, a 3,21m de altura.

Ninguém fique acordado esperando um show de Egonu no passe. No entanto, com a estatura, a impulsão e, principalmente, a eficiência que tem, dá para esperar que seu ataque compense uma ou outra quinada na recepção – isso, quando não for protegida por Del Core ou De Gennaro dos saques adversários.

MVP na conquista do mundial sub-18 do ano passado, o voleibol de Egonu foi posto à prova na partida mais tensa do time adulto do último ano e meio. E as italianas haverem chegado ao Japão indica sua aprovação foi com louvor.

Na decisão de terceiro e quarto lugar do Pré-olímpico de Ancara, em janeiro, que valia a última vaga europeia para o pré-olímpico mundial, Egonu silenciou as arquibancadas assinalando 23 pontos e conduzindo a Itália numa dramática vitória por 3 a 2 sobre a Turquia. Antes, na fase de grupos, havia marcado 21 pontos contra a Bélgica e 23 sobre a Polônia, também em vitórias em tie break, em jogos que poderiam, prematuramente, alijar a Itália da luta por um lugar no Rio.

Com a saída de Takeshita, Saori assumiu a liderança técnica da seleção japonesa (foto: FIVB)

Com a saída de Takeshita, Saori assumiu a liderança técnica da seleção japonesa (foto: FIVB)

Saori Kimura – esperança do Japão pós-Takeshita
Saori Kimura tinha 17 anos quando jogou a Copa do Mundo de 2003 e disputou as olimpíadas de Atenas 2004. Hoje, com 29, a ponteira da seleção japonesa busca sua quarta participação olímpica.

Ela foi a segunda anotadora do mundial 2010 e a terceira dos Jogos de Londres. Nas duas ocasiões, ajudou o Japão a voltar ao pódio do voleibol internacional depois de longos hiatos – desde 1978 as japonesas não ganhavam medalha em mundiais e, em olimpíadas, desde Los Angeles 1984.

Num time que não tem mais o brilhantismo da levantadora Takeshita, a vaga do Japão para as Olimpíadas do Rio 2016 terá de passar pela eficiência das cortadas de Saori Kimura.

A levantadora da seleção tailandesa tem muita popularidade nas redes sociais (reprodução: Facebook)

A levantadora da seleção tailandesa tem muita popularidade nas redes sociais (reprodução: Facebook)

Nootsara Tomkom – mais do que 5 milhões de seguidores no Facebook
Numa temporada em que Bangcoc vai receber as finais do Grand Prix, talvez as chances de brilho da seleção tailandesa estejam mais no torneio anual da FIVB do que na possibilidade de conseguir uma classificação inédita ao torneio olímpico de vôlei.

Contudo, se o vôlei feminino Tailândia carimbar o passaporte para o Rio 2016, o carimbo deverá passar pelas mãos da levantadora Nootsara Tomkom. A atleta, que tem mais de 5 milhões de seguidores só no Facebook, é, não por essa razão, o principal nome da seleção de seu país.

Jogadora do Azerrail Baku, Tomkom coleciona prêmios no voleibol asiático, como o MVP do campeonato continental de clubes, em 2010, e também no europeu, com o título de melhor levantadora da Liga dos Campeões 2013/14. Neste ano, a campanha do time no europeu foi horrível – uma vitória em seis jogos –, mas o título nacional trouxe para a tailandesa o prêmio de melhor jogadora de sua posição da liga azeri.

Destaque nas categorias de base, Angela Leyva (12) é a esperança de dias melhores para o vôlei do Peru (foto: FIVB)

Destaque nas categorias de base, Angela Leyva (12) é a esperança de dias melhores para o vôlei do Peru (foto: FIVB)

Angela Leyva – esperança peruana
Se não é segredo nem novidade a decadência do voleibol peruano, também não é novidade para o leitor do Saída de Rede (aqui) que Angela Leyva seja a principal revelação do vôlei andino nos últimos anos.

Destacada, principalmente, em recentes mundiais nas categorias de base, a ponteira de 19 anos foi a maior pontuadora da terceira divisão do Grand Prix do ano passado – superando, inclusive, outra promessa do vôlei, a cubana Melissa Vargas. É claro que a competição não é das mais desafiadoras, mas é da estatura atual do voleibol peruano, que desaprendeu o caminho das Olimpíadas depois de Sydney 2000.

Acreditar que o Peru lute em igualdade de condições com os rivais do pré-olímpico ou mesmo com alguma chance palpável de chegar ao Rio 2016 é quase ilusório. Mais crível é que o torneio sirva como mais um degrau na promissora carreira de Angela Leyva.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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