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Pré-Olímpico feminino: três equipes tentam evitar vexame no Japão

Sidrônio Henrique

07/05/2016 16h14

Dentro de uma semana, os olhos do mundo do vôlei estarão voltados para Tóquio, no Japão, onde será iniciada a disputa do Pré-Olímpico Mundial feminino que dará quatro vagas para o Rio 2016. É a última chance de algumas seleções tradicionais carimbarem o passaporte para o Brasil – depois disso haverá apenas um mini-torneio, em Porto Rico, que contemplará com a classificação olímpica o melhor entre Colômbia, Quênia, Argélia e as anfitriãs.

Das oito seleções que se enfrentarão ao longo de sete rodadas em terras nipônicas (confira aqui a tabela), três surgem em um patamar acima dos rivais: Itália, Holanda e as donas da casa. República Dominicana, Coreia do Sul, Tailândia, Cazaquistão e Peru devem lutar pela vaga restante e qualquer resultado fora disso será considerado um vexame para o favorito que falhar. O pré-olímpico começa 14 de maio e vai até o dia 22. Vale lembrar que, de acordo com os critérios da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), pelo menos um dos times classificados tem obrigatoriamente que ser da Ásia (o qualificatório daquele continente é disputado dentro desse torneio mundial).

Abaixo, você confere uma análise do que esperar dos principais times que jogarão em Tóquio sua sobrevivência no ciclo olímpico. Quais dessas equipes estará por aqui em agosto? Deixe sua opinião na caixa de comentários, no nosso Facebook ou no Twitter.

Piccinini foi destaque na temporada de clubes (fotos: FIVB)

Itália
O técnico Marco Bonitta, que comandou a seleção italiana na conquista do Mundial 2002, causou surpresa quando divulgou a lista de convocadas pelas ausências. A ponta Lucia Bosetti (sua irmã Caterina está contundida e não faria sentido ter sido chamada) e a central Valentina Arrighetti ficaram de fora. A não presença da argentina naturalizada italiana Carolina Costagrande, que atua na entrada e na saída, parece um sinal de que ela está fora dos planos do treinador para a temporada. Após ter ido mal durante o pré-olímpico europeu, em janeiro, a levantadora Francesca Ferreti deve ter desagradado a Bonitta e foi deixada de lado.

Esta semana a lista foi reduzida para 15 atletas (14 irão ao Japão). Entre os destaques há veteranas como as pontas Francesca Piccinini e Antonella Del Core, além de jovens como a também ponteira Paola Egonu e a central Anna Danesi.

MVP da Liga dos Campeões da Europa 2015/2016, liderando o vencedor Pomi Casalmaggiore, Francesca Piccinini, 37 anos, desponta também como uma das líderes da seleção italiana nessa última tentativa de obter a vaga olímpica. Se for ao Rio 2016, será sua quinta participação nos Jogos Olímpicos – ela que estava presente, então com 21 anos, quando a Itália fez sua estreia no torneio, em Sydney 2000, sem passar da primeira fase.

Terceira colocada no qualificatório europeu, vencido pela Rússia, que ficou com a única vaga, a Itália chega ao final deste ciclo olímpico em um nível inferior ao dos anteriores em relação aos adversários. Nas últimas três Olimpíadas a Itália estava entre os favoritos para subir ao pódio, mas em todas caiu nas quartas de final.

Desta vez, com uma mescla de jovens e veteranas, a Itália ainda precisa confirmar sua presença no Rio 2016 e deve conseguir. Porém, caso se classifique, não terá o status de favorita, estando certamente abaixo de Brasil, Estados Unidos, Rússia, China e Sérvia. Chegar finalmente às semifinais será bastante complicado.

The Netherlands

Holanda tenta sua terceira participação olímpica

Holanda
A seleção feminina holandesa frequenta os grandes torneios desde os anos 1990, sem jamais ter alcançado a elite, apesar do título do cada vez mais insosso Grand Prix em 2007. Faz papel de coadjuvante nos campeonatos mundiais e não vai aos Jogos Olímpicos desde Atlanta 1996. No pré-olímpico europeu, chegou à final, mas a Rússia não lhe deu chances, numa repetição do campeonato continental, três meses antes. De qualquer forma, perder essa última chance seria um vexame.

Mesmo sem a oposta Manon Flier, grávida, a Holanda tem jogadoras consistentes na maioria das posições. Mas o time ainda é instável, como se viu no pré-olímpico da Europa – perdeu da Alemanha na estreia e teve que bater a anfitriã Turquia para alcançar a semifinal. A relação bloqueio-defesa na equipe holandesa está num patamar inferior aos das principais seleções. Seu saque oscila bastante.

Pelo menos dois nomes do time holandês cresceram em popularidade entre os brasileiros na recém-encerrada temporada de clubes: o técnico, o italiano Giovanni Guidetti, e a oposta titular, Lonneke Slöetjes. Os dois são contratados da equipe turca VakifBank, terceira colocada na Liga dos Campeões da Europa e campeã da liga local, mesma equipe da oposta brasileira Sheilla Castro. Como Slöetjes, em grande fase, acabou sendo escolhida como titular, e a bicampeã olímpica muitas vezes sequer ficou no banco, isso chamou a atenção dos fãs e de parte da imprensa brasileira. O VakifBank foi também o clube das holandesas Robin de Kruijf (central) e Anne Buijs (ponteira), que deixaram a equipe com o final da temporada.

Caso se classifique, será apenas a terceira vez que a Holanda participa das Olimpíadas no vôlei feminino – a primeira foi em Barcelona 1992. Uma vez no Rio, se forem além das quartas de final, será uma zebra. A melhor colocação foi o quinto lugar em Atlanta 1996. 

Team Japan celebrate

Japão deve ficar com uma das vagas

Japão
Com as presenças das opostas Yukiko Ebata e Miyu Nagaoka, além da craque na entrada de rede Saori Kimura, a lista do treinador Masayoshi Manabe talvez tenha chamado atenção pela ausência da ponta Risa Shinnabe, destaque na temporada de clubes e veterana de Londres 2012 e do Mundial 2014.

Jogando diante da sua barulhenta e apaixonada torcida, com um time bem estruturado e um sistema defensivo sólido, o Japão tem tudo para conseguir a vaga para o Rio 2016.

Potência no voleibol feminino até meados dos anos 1980, tendo conquistado títulos olímpicos e mundiais nas duas décadas anteriores, o Japão viu seu nível cair nos anos 1990, recuperando-se no final da década passada, mas sem o status de time de elite.

Mesmo assim, as japonesas conseguiram resultados expressivos no ciclo olímpico passado, como o bronze em Londres 2012 e no Mundial 2010, disputado em casa. É verdade que o fato do Brasil ter eliminado a Rússia nas quartas de final das Olimpíadas facilitou a vida do Japão na disputa do terceiro lugar contra uma limitada Coreia do Sul, dependente da genial ponteira Kim Yeon-Koung, assim como o fator local e uma chave mais fácil até as semifinais abriram caminho para as nipônicas no Campeonato Mundial.

No atual ciclo, nada demais até aqui. No Mundial 2014, na Itália, um modesto sétimo lugar, tendo perdido para equipes fracas como Azerbaijão e Croácia. Já no ano passado, jogando mais uma vez em casa, na Copa do Mundo, foram um pouco melhores e ficaram na quinta colocação, arrancando um set de americanas e chinesas, levando russas e sérvias ao tie break.

As chances de que repitam no Rio 2016 a campanha de Londres 2012 são mínimas.

Bethania de la Cruz volta à seleção dominicana

Pelotão intermediário
Ainda na briga por uma vaga, República Dominicana e Coreia do Sul teoricamente levam vantagem sobre os demais, seguidos de perto pela Tailândia, que também tem chance. Já o Peru e o Cazaquistão não devem oferecer resistência aos adversários.

O jogo das sul-coreanas gira em torno da craque Kim Yeon-Koung, ponta, MVP de Londres. As dominicanas têm mais armas no ataque, mas a principal delas, a oposta Bethania de la Cruz, recupera-se de uma cirurgia no ombro e está fora de ritmo. Ainda assim ela integra a lista das convocadas pelo brasileiro Marcos Kwiek, técnico da República Dominicana desde 2008.

No último confronto entre sul-coreanas e dominicanas, ocorrido na Copa do Mundo 2015, vitória das asiáticas de virada por 3-1.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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