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De olho no exterior, Dani Lins agradece Vôlei Nestlé por plano de saúde

Carolina Canossa

28/11/2017 06h00

Dani Lins jogou na equipe de Osasco por quatro temporadas (Foto: João Pires/Fotojump)

Engana-se quem pensa que Dani Lins ficou chateada com a decisão do Vôlei Nestlé em não renovar seu contrato após anunciar que planejava engravidar após a última edição da Superliga. Apesar de, em entrevista ao "Esporte Espetacular" em agosto, ter admitido que revelar sua decisão de ter um filho pode ter prejudicado uma possível continuidade do acordo, a jogadora fez questão de agradecer ao time de Osasco por um apoio importante, mas que acabou não mencionado na reportagem da TV.

"Eles me deixaram com plano de saúde, o que foi maravilhoso, pois eu nem conseguiria contratar um estando grávida. Osasco não me deixou descoberta quanto a isto e os agradeço imensamente", comentou Dani, na segunda parte do bate papo exclusivo com o Saída de Rede. "(A entrevista pra Globo) Repercutiu demais, mas tem o lado que a gente também consegue entender um pouco o clube, sabe?", afirmou a atleta, que planeja o parto de sua primeira filha, Lara, em um dos melhores hospitais do Brasil.

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Dani, porém, mantém a reclamação de que a atual estrutura do vôlei brasileiro faz com que um acontecimento que deveria ser feliz e natural na vida das jogadoras acabe se tornando um fardo profissional. "Os clubes europeus fazem contratos com as atletas também pensando na vida pessoal delas. Lá, se você engravida, ainda ganha uma porcentagem do contrato. Mesmo se você engravida sem avisar, tiram uma parte, mas continuam te pagando outra", aponta a levantadora, que, apesar da não renovação do contrato, garante estar bem. "Já tinha me planejado financeira e psicologicamente e sabia que isso poderia acontecer", garantiu.

É justamente o exterior que a atleta mira como próximo passo na carreira, ainda que isso implique em sair do Brasil com uma criança com poucos meses de idade (a previsão é que Lara nasça no fim de fevereiro, enquanto a temporada 2018/2019 dos clubes começa em outubro, logo após o Campeonato Mundial).

"Morro de vontade de jogar fora, na Itália, na Turquia… não tenho medo de ir nem se o convite viesse no ano que vem. Quero viver uma aventura de ir pra fora com uma bebê e o Sidão", destacou a armadora, que não teme represálias pela coragem de lutar publicamente pelos direitos das mulheres no esporte. "Não fiz nada de mais. Vou ter uma filha e, se me contratarem, é porque me querem. Se não me contratarem, é porque não querem. Mas, se não me quiserem por isso, as pessoas precisam ser honestas e falar que é porque não gostaram da minha atitude", destacou.

A possibilidade de permanecer no voleibol brasileiro, porém, não está totalmente descartada: "Também em ficar pra poder jogar com as meninas, né, independente do clube".

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Em comunicado oficial, o Vôlei Nestlé assegurou que a decisão de não contar mais com Dani Lins não teve nada a ver com os planos de gravidez: "O Osasco Voleibol Clube informa que o grupo de jogadoras para a temporada 2017/18 foi renovado e recebeu oito novas atletas. Dentro dessa nova configuração, a opção da comissão técnica foi trazer de volta a levantadora Fabíola, atleta que tem forte identificação com o clube, pelo qual conquistou vários títulos importantes como a Superliga, Sul-Americano e Mundial. Desta forma, dentro de um processo natural de mudança do elenco, a levantadora Dani Lins não teve seu contrato renovado para a temporada 2017/2018. O Osasco Voleibol Clube agradece pela dedicação da atleta nas quatro temporadas em que vestiu a camisa do time e deseja felicidade nesta nova fase da sua vida".

Campeã olímpica em Londres 2012, Dani Lins também já teve passagens pelo Sport Recife, Pinheiros, Rexona-Ades e Sesi.

* O texto foi atualizado às 13h25 de 28/11

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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