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Veja cinco estrangeiras que brilharam nas quadras brasileiras

João Batista Junior

17/11/2016 06h00

Em Osasco, Hooker brilhou, mas também causou problemas (Foto: Divulgação/Osasco)

Campeã em 2011/12 pelo Osasco, Hooker é a grande aposta do Minas para esta temporada (Foto: Divulgação/Osasco)

Prisilla Rivera e Brenda Castillo no Genter Bauru, Daymi Ramirez e Alix Klineman no Dentil/Praia Clube, Tanya Acosta e Mimi Sosa no Pinheiros, Tati Rizzo no Rio do Sul, Ana Bjelica e Tijana Malesevic no Vôlei Nestlé, Anne Bujis no Rexona-Sesc e, agora, Destine Hooker no Camponesa/Minas. A Superliga feminina desta temporada tem várias jogadoras estrangeiras e é preciso explicar, no entanto, que não se trata de um fenômeno recente: desde o final dos anos 1980, o campeonato nacional de vôlei sempre atraiu atletas de outros países.

Algumas delas tiveram passagem discreta, como a norte-americana Logan Tom no MRV/Minas e na Unilever, ou a italiana Francesca Piccinini no Rexona (quando ainda no Paraná), ou, mais recentemente, a belga Lise Van Hecke no Vôlei Nestlé.

Outras, porém, deixaram uma marca bastante positiva em sua passagem pelo voleibol daqui. Dentre estas, vamos recordar cinco jogadoras estrangeiras que fizeram sucesso em quadras brasileiras.

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DESTINEE HOOKER

A impulsão que a faz alcançar a bola, de acordo com a FIVB, a 3,20m do chão vem de quando praticava salto em altura – e chegou às respeitáveis marca de 1,95m ao ar livre e 1,98m indoor, alturas que a colocariam, sem problemas, em finais olímpicas. Mas esses tempos vão longe (as marcas são de 2009) e Destinee Hooker fez sucesso, mesmo, no voleibol.

Defendendo a seleção norte-americana, a oposta conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Londres 2012. Pouco antes, fez história em Osasco: na temporada 2011/12, Hooker foi a principal atacante do último time que desbancou o Rexona, chegando a fazer 20 pontos no 3 a 0 do jogo final, disputado no Maracanãzinho (desde então, a equipe carioca conquistou todas as edições de superliga).

Ela retorna ao voleibol brasileiro depois de quatro anos longe do país, período em que jogou na Rússia, na Coreia do Sul e em Porto Rico, se tornou mãe nesse ínterim, desistiu de jogar na China, foi esquecida pela seleção dos EUA, deu um tempo na carreira. A aposta do Camponesa/Minas é que voltará a ser a jogadora que protagonizou uma final de Superliga e liderou uma equipe vice-campeã olímpica.

Sarah Pavan foi bicampeã da Superliga pela Unilever (Reprodução/internet)

Sarah Pavan foi bicampeã da Superliga pela Unilever (Reprodução/Internet)

SARAH PAVAN

Se o vôlei feminino do Canadá não em grandes feitos para contar, o mesmo não se pode dizer de Sarah Pavan. A oposta chegou ao Brasil em 2012 para defender o Unilever, logo depois de ser a segunda maior pontuadora e segunda atacante mais eficiente da Liga dos Campeões da Europa pelo Villa Cortese, da Itália.

Na equipe comandada por Bernardinho, a atacante de 1,96m disputou as temporadas 2012/13 e 2013/14 e sagrou-se campeã nas duas oportunidades. Na temporada de estreia, marcou 22 pontos no jogo final contra Osasco, numa virada por 3 a 2.

Quando saiu do time carioca, Sarah Pavan ainda teve passagens pelo voleibol asiático até, finalmente, migrar para o vôlei de praia e conseguir vaga para a Rio 2016: ao lado de Heather Bansley, chegou até as quartas de final do torneio olímpico.

Com Pirv, o Minas conquistou seu último título na superliga feminina (Reprodução/Internet)

Com Pirv, o Minas conquistou seu último título na superliga feminina (Reprodução/Internet)

CRISTINA PIRV

Numa época em que o voleibol europeu praticamente só chegava ao Brasil através dos torneios entre seleções, o público do país conheceu a romena Cristina Pirv no Campeonato Mundial de 1994. Aliás, foi ali, numa partida em que sua seleção foi massacrada pelas brasileiras em parciais de 15-2, 15-2, 15-3, diante de cerca de 25 mil espectadores, que a ponteira conheceu o Ginásio do Mineirinho.

A seleção romena terminou aquele mundial do Brasil sem ganhar nenhum set, mas o vôlei de Pirv cresceu, se desenvolveu e, poucos mais tarde, ela voltou ao país e fez história pelo MRV/Minas: na decisão da temporada 2001/02, ela chegou a atuar contundida diante do BCN/Osasco na série que deu o título à equipe mineira. Foi a última vez desde então que o título nacional feminino não ficou com Rio ou Osasco.

Pirv encerrou a carreira em 2006, já mãe de uma menina e casada com Giba – com quem ainda teve um segundo filho. Separou-se e, recentemente, afirmou ao Saída de Rede que recusou proposta no exterior para voltar a jogar aos 43 anos de idade – completou 44 em junho).

Campeã olímpica em 1988, Kirilova jogou até 46 anos de idade (Reprodução/internet)

Campeã olímpica em 1988, Kirilova jogou até 46 anos de idade (Reprodução/Internet)

IRINA KIRILLOVA

Exata. Soa estranho utilizar esse adjetivo para definir um jogador de vôlei, mas a levantadora Irina Kirillova era assim. Parece impossível imaginar um armador que saiba encontrar sempre a melhor opção. Eis uma. Se você, leitor, não viu essa russa que se naturalizou croata em ação, nós sentimos muito. Passe B ou mesmo C não era problema para ela, capaz de corrigir absurdos cometidos na recepção. Pena que a maioria das atacantes do Mappin/Pinheiros, clube pelo qual jogou na Superliga 1997/1998, não estava à altura da sua genialidade.

Kirillova foi campeã olímpica em Seul 1988 pela antiga União Soviética, derrotando na final, de virada, o Peru de Cecilia Tait. Foi ainda campeã mundial em 1990 com a URSS. Mais tarde, naquela década, naturalizou-se croata e ajudou a seleção do seu novo país a ser vice-campeã europeia em 1995 e em 1997, levantando com precisão cirúrgica para os arremates matadores de Barbara Jelic. Jogou em clubes até os 46 anos. É casada com o treinador italiano Giovanni Caprara.

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CECILIA TAIT

La zurda de oro (a canhota de ouro), como ficou conhecida em seu país, a atacante peruana Cecilia Tait era sinônimo de classe, técnica, força e inteligência. Da infância pobre, numa favela em Lima, onde vivia sem água ou energia elétrica, até a consagração como MVP da Olimpíada de Seul, em 1988, aos 26 anos, Tait teve uma ascensão meteórica. Chegou aqui antes mesmo da Superliga, quando o campeonato brasileiro se chamava Liga Nacional.

Cecilia Tait (camisa 7) e o time da Sadia (Reprodução/internet)

Cecilia Tait (camisa 7) e o time da Sadia (Reprodução/Internet)

Era o ano de 1989 e Tait, que jogava tanto pela entrada como na saída de rede, integrou o super time da Sadia, com sede em São Paulo, que contava com jovens e promissoras atletas como Ana Moser, Marcia Fu, Fernanda Venturini e Ida, entre outras. A Sadia era o papa-títulos da época. Tait foi um dos destaques da Liga Nacional, onde jogou até o início de 1992.

Ela entrou para o Salão da Fama do Vôlei em 2005. Uma das maiores jogadoras de todos os tempos, representante da melhor geração que o voleibol peruano já teve, prata em Seul 1988, bronze no Mundial 1986 e prata no Mundial 1982. Atualmente mora em Lima e é deputada.

Colaborou Sidrônio Henrique

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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