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De virada, Minas bate Praia novamente e é campeão da Superliga feminina

Carolina Canossa

26/04/2019 23h38

Tradicional, Minas fez uma temporada quase perfeita no vôlei brasileiro (Fotos: Gáspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)

A espera de 17 anos acabou: um dos mais tradicionais clubes poliesportivos do Brasil, o Minas Tênis Clube voltou a se sagrar campeão da Superliga feminina de vôlei. A conquista do time, atualmente patrocinado pelo Itambé, se deu na noite desta sexta-feira (26) com uma nova vitória sobre o Dentil/Praia Clube na série melhor-de-três que decidiu a taça, desta vez por 3 sets a 1, com parciais de 17-25, 25-23, 25-14 e 28-26. O jogo foi disputado no ginásio Sabiazinho, em Uberlândia (MG).

A repetição dos títulos das temporadas 1992/1993 (quando a Superliga ainda se chamava Liga Nacional) e 2001/2002 é o ponto alto de uma temporada quase perfeita da equipe de Belo Horizonte, que já havia faturado o Campeonato Mineiro, a Copa Brasil e o Campeonato Sul-americano – curiosamente, todas essas conquistas também se deram sobre o Praia, que sonhava com o bi na principal competição nacional de clubes.

Ao Minas, faltou apenas o Campeonato Mundial. Mas nem isso pode ser lamentado: a prata faturada na China foi um resultado e tanto considerando-se a diferença de investimento em relação aos ricos times turcos, tal qual o tricampeão VakifBank, cuja principal estrela é a ponteira chinesa Ting Zhu.

O retorno aos bons tempos é reflexo direto da competência do técnico Stefano Lavarini. Desconhecido do grande público, o italiano chegou a Belo Horizonte há dois anos como uma aposta do Minas que se revelou bastante acertada. Bom gestor de grupo e estudioso, logo em seus primeiros meses faturou o Sul-americano, que credenciou o Minas para o Mundial. A sequência de bons resultados despertou o interesse de seus compatriotas e Lavarini deve assumir o Busto Arsizio na próxima temporada, além da seleção da Coreia do Sul.

Destaque ainda para a levantadora Macris: eleita a MVP do torneio, ela foi o destaque individual de uma equipe que contou com um ataque poderoso formado pelas consagradas Natália, Gabi e Carol Gattaz – a central, aliás, foi a responsável pelo ponto do título mesmo depois de sofrer com intensas câimbras. Em sua primeira grande chance como titular, a oposta Bruno Honório também fez uma boa Superliga. Olho ainda na jovem Mayany, que aos 22 anos mostrou ser um dos grandes talentos da nova geração do voleibol brasileiro.

PRESSIONADO, PRAIA MOSTRA CORAGEM

Precisando desesperadamente da vitória para levar a final ao terceiro e decisivo duelo, o Praia começou o jogo embalado pela torcida lotou o ginásio Sabiazinho. Sem poder contar com Fernanda Garay, que machucou o tornozelo direito em uma queda na primeira partida, o técnico Paulo Coco optou por Michelle e Rosamaria como dupla de ponteiras.

A escolha não deixou de ser surpreendente, uma vez que Michelle havia ido muito mal no embate anterior, deixando a quadra zerada. E foi justamente ela o maior destaque no começo da partida, pontuando em todos os fundamentos. O saque agressivo da equipe de Uberlândia também proporcionou ao bloqueio brilhar novamente, assim como já havia acontecido no primeiro jogo. Dominante, o Praia só não levou a parcial com mais tranquilidade porque desperdiçou contra-ataques em excesso.

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Um ajuste no serviço, que passou a ser um flutuante acelerado, colocou o Minas novamente no jogo a partir do segundo set, com direito a 9 a 6 no placar. Uma boa sequência de saques de Michelle, porém, permitiu ao Praia virar para um 16 a 13. Lavarini então ousou, colocando as jovens Bruninha e Malu em quadra, no lugar de Macris e Bruna. O baixo rendimento da americana Nicolle Fawcett também foi decisivo para que o time da casa não conseguisse manter a vantagem, encerrado em um ataque de Natália.

NATÁLIA BRILHA, PRAIA RESSUSCITA E GABI DECIDE

Levantadora Macris foi eleita a melhor jogadora da Superliga

Falando em Natália, ela foi o grande nome do terceiro set, já com Macris de volta: com ataques e bloqueios dela, o Minas não demorou a abrir uma vantagem de 15 a 07 diante de um Praia apático, que cometia erros bobos, especialmente nas ações ofensivas. Paulo Coco tentou de tudo, mas não conseguiu impedir a virada, deixando a equipe da casa mais pressionada do que nunca.

E parecia mesmo que a conquista do Minas viria em mais um set tranquilo, dada as dificuldades do Praia em se reencontrar. Quando a vantagem rival estava em 19 a 15, o Praia deu um último suspiro, através de sua capitã Fabiana. Bem no bloqueio e no ataque, a bicampeã olímpica trouxe a equipe de volta ao jogo: com um 23-21, houve chances reais de levar a partida para o tie-break.

Foi então que brilhou Gabi: focada e determinada, a ponteira virou ataques dificílimos, estendendo a etapa para além dos 25 pontos. Foi então que, depois de um match point desperdiçado, Carol Gattaz encerrou o jogo e o campeonato, colocando o Minas de volta ao topo.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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