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Desabafo de Bruno reforça insatisfação dos atletas com calendário do vôlei

Carolina Canossa

28/12/2018 06h00

Bruno: "Que também se veja o lado da saúde do atleta e não só as questões de negócios ou dinheiro" (Foto: Divulgação/FIVB)

Levantador da seleção brasileira masculina de vôlei e do clube italiano Lube Civitanova, Bruno Rezende aproveitou o fim de ano para fazer um desabafo a respeito da quantidade de torneios que os atletas jogam ao longo da temporada. O jogador, que usou o Instagram para marcar as Federações Internacional (FIVB), Europeia (CEV) e Italiana, além da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), reclamou que o atual calendário é desgastante para a saúde e prejudica o espetáculo mostrado aos fãs.

"Não posso deixar de fazer uma crítica construtiva as entidades que controlam o nosso voleibol mundial. Um ano extremamente desgastante, com inúmeras viagens , jogos e campeonatos. Do clube pra seleção e vice versa. Datas especiais, tipo Natal, passamos viajando e treinando. As lesões aumentam e nem sempre o espetáculo é o melhor pra todos. Que @fivbvolleyball @cevolleyball @legavolley @cbvolei e todos entendam que somos humanos e precisamos de um calendário que também veja o lado da saúde do atleta e não só as questões de negócios (Business) ou dinheiro. Entendam que os atletas são os verdadeiros protagonistas de tudo isso. E que nós atletas possamos nos unir para mudar um pouco esse sistema! Um abraço e deus abençoe a todos", comentou o atleta, ressaltando ser "abençoado" por ter saúde e receber para fazer o que ama.

Feito também em italiano e inglês, o desabafo de Bruno rapidamente ganhou o apoio de diversos jogadores brasileiros de elite, caso de Wallace, Douglas Souza, Lucas Loh e a líbero Gabi Guimarães. Central da seleção feminina, Adenízia postou nos comentários: "Estou com vc nessa parceiro!!!". Pai do jogador, ex-treinador da seleção feminina e atual comandante do time feminino do Sesc-RJ, Bernardinho mostrou concordar curtindo a publicação, assim como a ex-levantadora Fofão, a líbero Suelen e o central Flávio Gualberto.

A diminuição da quantidade de jogos/torneios do calendário do vôlei é uma demanda antiga de técnicos e atletas – em julho de 2017, por exemplo, o Saída de Rede mostrou que técnicos como os franceses Laurent Tillie e Stéphane Antiga, o sérvio Nikola Grbic, o russo Sergey Shlyapnikov e o americano John Speraw já reclamavam do que consideram um excesso de deslocamentos e partidas.

Desde então, a situação só piorou e o principal motivo foi a reformulação da antiga Liga Mundial/Grand Prix, que agora viraram Liga das Nações. Para se ter uma ideia, na edição 2018 da disputa, a seleção brasileira masculina jogou, em um espaço de seis semanas entre o fim de maio e o começo de julho em (na sequência): Kraljevo (Sérvia), Goiânia (Brasil), Ufa (Rússia), Varna (Bulgária), Melbourne (Austrália) e Lille (França).

O calendário do ano que se encerra foi recheado, entre as seleções, também com os Campeonatos Mundiais (entre setembro e outubro) e a Copa Pan-americana, classificatório para os Jogos Pan-americanos de 2019 (junho para as mulheres e agosto entre os homens), além de torneios amistosos como o Montreux Volley Masters (feminino, em setembro). Nos clubes, também houve a demanda dos campeonatos e Copas nacionais, como a Superliga e a Copa Brasil, além dos torneios intercontinentais, caso dos Sul-americanos, da Champions League e do Mundial. Como resposta a esta maratona, muitas seleções acabam por fazer um revezamento de seus elencos, esvaziando torneios e dando oportunidades para jovens talentos – tradicionalmente, porém, o Brasil evita adotar essa postura, jogando, quase sempre, com força máxima.

Apesar de não ter um grande torneio como a Olimpíada e o Mundial, 2019 promete ser um também bastante desgastante, já que o calendário de clubes ganhou um novo campeonato, a Libertadores, enquanto o de seleções terá a Liga das Nações (entre maio e julho), o Pan 2019 (entre julho e agosto), o classificatório para as Olimpíadas de 2020 (agosto) e a Copa do Mundo (entre setembro e outubro).

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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