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Praia frustra despedida de Fabi e é campeão da Superliga pela primeira vez

Carolina Canossa

22/04/2018 11h32

Com grande atuação de Fernanda Garay e Nicole Fawcett, Praia encerra sina do quase e finalmente chega ao topo do vôlei brasileiro (Fotos: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

A missão do Dentil/Praia Clube era duríssima, mas não impossível: vencer quatro sets diante do maior campeão da história da Superliga, o Sesc-RJ, de Bernardinho, para ficar com a taça da atual temporada. Pois aconteceu: com uma bela atuação na manhã deste domingo (22), a equipe de Uberlândia fez 25-19, 25-23, 25-17, com 25-18 no super set, e faturou o título pela primeira vez

Não estranhe o placar acima: em um formato inédito, a decisão da Superliga foi feita em dois duelos, um no estado de cada finalista. Em caso de uma vitória para cada lado, o campeão seria definido em uma parcial extra de 25 pontos, o super set, disputado logo após o segundo jogo. Foi justamente nesta parcial decisiva que a equipe mineira se consagrou, fazendo jus a todo o investimento que recebeu nos últimos anos.

Não bastasse a definição da taça, a partida no ginásio Sabiazinho ainda marcou a despedida de Fabi das quadras de vôlei. Aos 38 anos, a líbero anunciou sua aposentadoria pouco antes de entrar em quadra. Queria, claro, despedir-se como campeã mais uma vez – lenda viva do vôlei, ela tem 10 títulos nacionais no currículo, todos pelo Sesc, que soma 12. Teve uma ótima atuação, mas não foi o suficiente para segurar um dia inspiradíssimo do ataque praiano, com destaque para a oposta Nicole Fawcett e a ponteira Fernanda Garay.

Méritos ainda para Paulo Coco que, depois de três títulos como assistente técnico de José Roberto Guimarães em Osasco, finalmente chegou ao topo do voleibol nacional chefiando uma comissão técnica. Sob o comando dele, o Praia liderou a fase classificatória da Superliga e mostrou raça em momentos complicados, como os cinco jogos da semifinal diante do Vôlei Nestlé. Também deixou para trás a sina do "quase", que ameaçava se acentuar nesta temporada depois dos vices no Campeonato Mineiro e na Copa Brasil.

O Sesc, por sua vez, também tem motivos para comemorar. Isso porque o time esteve muito perto do título mesmo depois de perder o apoio da Unilever e contar com menos dinheiro para trabalhar que os principais rivais. Para piorar, ainda sofreu com diversas lesões, como as que afetaram a central Juciely, as ponteiras homônimas Gabi Guimarães e a oposta Monique.

Apesar da vitória mineira em quatro sets, final da Superliga feminina foi marcada por emoção do início do fim

O JOGO

O caminho para derrotar o Praia era conhecido por todos que acompanham vôlei: quebrar a linha de passe, impedindo que a levantadora Claudinha tivesse todos suas atacantes à disposição, em especial as consagradas centrais Fabiana e Walewska. O Sesc apostou justamente nisso, perseguindo Amanda com seus saques, mas, ao contrário da semana passada, desta vez Fernanda Garay estava inspirada e foi fundamental para proteger a colega. A jogadora, que recentemente pediu dispensa da seleção brasileira, também esteve muito eficiente no ataque e foi o grande nome da reta final da parcial, encerrada com um placar de 25-19.

Honrando sua tradição de não desistir jamais, o Sesc entrou com outra postura no segundo set, errando menos no ataque enquanto continuava a pressionar Amanda. Deu certo até a metade da etapa, quando uma sequência composta por um dois toques de Roberta e um ataque na rede de Drussyla, reacendeu as esperanças das donas da casa no jogo, transformando um 18-15 em 18-17. O equilíbrio marcou os pontos seguintes e Bernardinho ainda mostrou "olhos de lince" ao pedir acertadamente um desafio em um saque de sua equipe marcado como fora pela arbitragem. O que seria o 24 a 22 para o Praia virou um empate em 23 pontos, mas ainda assim as mineiras não se abalaram e fecharam a parcial com dois ataques um tanto quanto desajeitados, mas válidos do mesmo jeito, executados por Fabiana e Fernanda Garay.

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No terceiro set, o Sesc voltou a pisar fundo no acelerador durante os primeiros pontos, mas logo passaram a brilhar as estrelas da oposta americana Nicole Fawcett e de Garay. Juntas, as duas deram um show no ataque, ajudadas pela ótima leitura de jogo da levantadora Claudinha. Com o distanciamento das rivais no placar, pouco a pouco o Sesc passou a se poupar para o super set. A tática quase deu certo e o time de Bernardinho, apoiado em boas viradas de Drussyla, chegou a liderar o placar no set que definiu o campeão. Mas não teve jeito: com Gabi em dificuldades tanto na recepção quanto no ataque, o Praia tomou a frente de novo e rumou com relativa tranquilidade para o primeiro (e merecido) grande título de sua história.

Premiações individuais da Superliga

Melhor jogadora: Tandara (Vôlei Nestlé)
Melhor atacante:  Tandara (Vôlei Nestlé)
Melhor sacadora: Bruna Honório (Pinheiros)
Melhor bloqueadora: Bia (Vôlei Nestlé)
Melhor recepção: Fabi (Sesc-RJ)
Melhor defensora: Suelen (Dentil/Praia Clube)
Melhor levantadora: Roberta (Sesc-RJ)

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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