Seleção masculina do Brasil termina 2017 em alta, enquanto EUA e Itália...
João Batista Junior
18/09/2017 06h00
Faltando apenas o campeonato da América do Norte, Central e Caribe (Norceca) para fechar a temporada 2017 dos torneios entre seleções masculinas, já dá para verificar quem foi bem e quem decepcionou neste primeiro ano do ciclo olímpico para Tóquio.
Considerando as competições continentais (em especial, o Campeonato Europeu), além da Copa dos Campeões e da Liga Mundial, os semifinalistas da Rio 2016 estiveram em evidência – embora só brasileiros e russos tenham guardado boas recordações deste ano. Entre os times emergentes, o Canadá cumpriu bom papel, diferentemente da Argentina, que sucumbiu num momento inesperado.
Veja nossa avaliação do 2017 das seleções masculinas de vôlei.
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SOBE
Brasil
Difícil dizer se, a médio ou longo prazo, a opção do técnico Renan Dal Zotto de manter a base da seleção campeã olímpica em vez de priorizar a renovação do elenco terá sido ou não uma boa escolha. Mas o que dá para afirmar sobre 2017 é que a decisão do treinador em seu primeiro ano à frente do grupo fez com que o time masculino do Brasil fosse o mais premiado da temporada.
Com o troféu da Copa dos Campeões, o título sul-americano e o segundo lugar na Liga Mundial, a seleção brasileira começou o ciclo para as Olimpíadas de Tóquio 2020 com os mesmos resultados com que iniciou a caminhada – em 2013 – para a Rio 2016. É lógico que há grandes diferenças entre esta e aquela equipe, como na média de idade superior do sexteto atual, mas isso não invalida o registro histórico.
Rússia
Depois de alguns anos de maus resultados, polêmicas e voleibol questionável, a seleção masculina da Rússia voltou a fazer jus à enorme tradição que tem. Com uma expressiva atuação do oposto Maxim Mikhaylov, que descansou durante a Liga Mundial, assim como ocorreu ao levantador Sergey Grankin, o time conquistou o Campeonato Europeu da Polônia perdendo apenas dois sets em toda a campanha – ambos na final, contra a Alemanha. Mikhaylov, inclusive, acabou eleito o MVP do torneio.
É claro que a atuação medonha nas finais da Liga Mundial depõe frontalmente contra a equipe do técnico Sergey Shliapnikov. Por outro lado, é preciso lembrar que a equipe que disputou o torneio anual da FIVB não contava com os jogadores anteriormente mencionados e também se deve ressaltar que mesmo essas ausências não impediram os russos de conseguir a classificação à semana decisiva da competição.
Canadá
Até este ano, a seleção masculina de vôlei do Canadá tinha como melhor resultado em torneios intercontinentais o quarto lugar obtido nas Olimpíadas de Los Angeles 1984 – aquela do boicote do bloco comunista. Daí a importância de haver chegado ao pódio na Liga Mundial, em Curitiba.
Numa campanha que teve vitórias sobre equipes tradicionais, como Itália, Rússia e EUA (duas vezes), o Canadá revelou o jovem oposto Sharone Vernon-Evans e conquistou uma inédita medalha de bronze. O time, que passou a ser dirigido nesta temporada pelo francês Stephane Antiga, campeão mundial em 2014 com a Polônia, mostrou que pode ascender na modalidade e deve dar trabalho aos grandes neste ciclo olímpico.
França
Ok! Com Earvin N'gapeth à meia força, a França caiu antes das quartas de final no Europeu e, sem ele, foi saco de pancadas na Copa dos Campeões. Mas, com o ponteiro em boa forma técnica, ainda que ligeiramente acima do peso na ocasião, a equipe francesa jogou, nas finais da Liga Mundial, o voleibol mais vistoso deste ano.
A despeito dos maus resultados na Polônia e no Japão, o título na Arena da Baixada mostrou que o sexteto francês tem tudo para continuar entre os grandes pelos próximos anos e que é, de fato, um adversário a ser batido por quem pretenda levantar troféus.
DESCE
EUA
A seleção norte-americana de vôlei deu de ombros para os torneios internacionais e resolveu priorizar o campeonato da Norceca, que vai ser disputado entre os dias 24 de setembro e 2 de outubro e que leva os cinco primeiros colocados ao mundial de 2018. Daí, não surpreende que a equipe não tenha subido ao pódio de nenhuma das competições intercontinentais.
Com um time misto, ficou na quarta posição da Liga Mundial, torneio no qual só se classificou às finais a muito custo e do qual levou de recordação duas derrotas para o Canadá. Na Copa dos Campeões, com a volta de titulares como Matt Anderson e Max Holt, a equipe até que lutou, mas o desentrosamento era evidente e o quarto lugar acabou sendo justo.
Itália
Sem o ponta Osmany Juantorena, que pediu folga da seleção, e sem o ponta/oposto Ivan Zaytsev, que brigou com a federação do país por conta de seu patrocinador pessoal, a seleção italiana terminou o ano com apenas uma (surpreendente) medalha de prata na Copa dos Campeões para pôr na conta.
Depois da lastimável lanterna na fase classificatória da Liga Mundial, a Itália se despediu do Campeonato Europeu ainda nas quartas de final, eliminada pela Bélgica. Desfalques à parte, são resultados que não condizem com a tradição do vôlei italiano nem tampouco com o vice-campeonato obtido nas últimas olimpíadas.
Polônia
Os atuais campeões mundiais parecem ter perdido o rumo completamente. Depois do título em casa, três anos atrás, a seleção polonesa tem colecionado frustrações e em 2017 não foi diferente. O agravante deste ano é que nem mesmo o fervor de sua torcida foi suficiente para impulsionar o time.
Sob comando do técnico italiano Ferdinando De Giorgi, que assumiu a seleção este ano, mas já balança no cargo, o time sofreu duas derrotas em casa, na última semana da fase classificatória da Liga Mundial, e por conta disso ficou fora das finais do certame. O pior veio depois, quando a Polônia não chegou, sequer, às quartas de final do Europeu que sediou, tendo sido eliminada do campeonato pela Eslovênia.
Argentina
Vinda de uma ótima campanha olímpica em 2016, a Argentina, do técnico Julio Velasco, tinha grandes planos para esta temporada. Contudo, sem seu principal jogador, o atacante Facundo Conte, ficou na décima posição da Liga Mundial e foi derrotada pela Venezuela nas semifinais do Sul-Americano – um banho de água fria em quem acreditava que decidiria o título com o Brasil.
Sem o troféu sul-americano, a equipe precisou disputar um triangular com Chile e Venezuela para evitar o vexame de, sequer, se classificar ao Campeonato Mundial da Itália e Bulgária 2018. A classificou veio. Mas foi muito pouco para quem pretendia contestar a supremacia brasileira no continente.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.