Virna: “Dani sempre foi uma jogadora muito disciplinada e íntegra”
Janaína Faustino
22/11/2018 06h00
"Fiquei muito assustada quando, de manhã muito cedo, um fã me mandou o link da notícia". Foi deste modo, com pavor, que a ex-jogadora Virna Piovesan, bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e Sidney (2000), recebeu a trágica notícia do caso de violência sofrida pela norte-americana Danielle Scott no último domingo (18), no estado da Louisiana, Estados Unidos. Em entrevista ao Saída de Rede, Virna se disse bastante aliviada por ter conhecimento de que a ex-central passou por procedimento cirúrgico e se recupera bem após ter sido esfaqueada pelo cunhado. Além disso, falou com muito carinho sobre a colega com quem jogou durante três temporadas no Brasil e na Itália.
Segundo a ponteira, Danielle sempre teve como características principais a disciplina e a religiosidade. "Ela sempre foi uma pessoa muito correta. Uma jogadora muito disciplinada, íntegra e bastante religiosa. Sempre muito voltada para Deus. (…) Gosto muito dela, da família, que é muito querida. A gente sempre se deu muito bem", afirmou a ex-atleta. "Não mantivemos mais contato com frequência, mas sim por rede social até porque depois eu voltei para o Brasil, parei de jogar, me casei. Mas tenho um grande amor por ela", complementou Virna, que jogou com a norte-americana por duas temporadas no BCN/Osasco e, depois, em outra oportunidade no Chieri, da Itália.
Um episódio bastante ilustrativo da generosidade da central ficou marcado na memória da ex-jogadora brasileira. De acordo com Virna, por terem atuado juntas, ambas construíram um vínculo muito forte. Assim, depois do traumático 24-19, quando a seleção de José Roberto Guimarães desperdiçou seis match points no quarto set da semi, perdendo para a Rússia a chance de chegar à final olímpica pela primeira vez, em Atenas, ela encontrou consolo em Danielle Scott:
"Quando a gente perdeu aquele jogo, [depois de estar vencendo o quarto set] por 24-19, eu fiquei muito abalada e ela foi uma das primeiras pessoas que eu encontrei saindo para o vestiário. Ela me abraçou, ficou um bom tempo ali comigo, me acolheu, sabe? E ela me disse: 'poxa, vocês ainda têm uma chance de medalha e nós vamos sair daqui da olimpíada sem nada, sem nenhuma medalha'. Obviamente, como a gente era rival, a gente vestia a camisa do país, né? Mas sempre que o Brasil não jogava contra os EUA ela torcia por nós. Ela tinha um carinho muito grande pelas jogadoras brasileiras", relembrou a jogadora. Já eliminada dos jogos naquela fase, a seleção norte-americana não ganhou nenhuma medalha em Atenas. Danielle Scott realizaria o sonho de conquistar duas pratas olímpicas nas edições seguintes, quando perdeu as duas finais para o Brasil, em 2008 e 2012, já sem a participação de Virna.
Virna conta que, ao saber da tragédia, logo tentou contato com o brasileiro Eduardo "Pezão" Arruda, ex-marido da atleta, que lhe tranquilizou. "Graças a Deus, consegui ter a notícia com o Pezão de que ela está no hospital, fez uma cirurgia, mas está bem. Não está correndo risco de vida. (…) Isso me deixou mais tranquila", completou.
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
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