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Astro de adversário do Sada diz que seu time pode surpreender no Mundial

Sidrônio Henrique

09/12/2017 15h00

Sam Deroo: "Será apenas uma semana e, se estivermos em sintonia, podemos ir longe" (foto: FIVB)

Principal nome do clube Zaksa Kedzierzyn-Kozle, líder invicto após 13 rodadas da temporada 2017/2018 da liga polonesa, o ponteiro belga Sam Deroo, 25 anos, 2,03m, volta sua atenção para o Mundial de Clubes Masculino, que começa nesta terça-feira (12) e vai até domingo (17), na Polônia. A missão do time que é o atual bicampeão daquele país não é nada fácil. Mesmo jogando em casa, terá pela frente, na fase de grupos, o brasileiro Sada Cruzeiro, tricampeão mundial, e o italiano Civitanova, campeão italiano, ambos recheados de astros de primeira grandeza. O iraniano Sarmayeh Bank Teheran completa a chave. "O Sada e o Civitanova são os grandes favoritos, não apenas do grupo, mas na briga pelo título com o Zenit, da outra chave. Mas nós temos um time coeso e a torcida a nosso favor, podemos surpreender no Mundial. Será apenas uma semana e, se estivermos em sintonia, podemos ir longe", disse Deroo em entrevista ao Saída de Rede.

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O Zaksa enfrenta o Cruzeiro na quinta-feira (14), às 14h30 (horário de Brasília), na cidade de Opole, sede do grupo – o outro será disputado em Lodz e as finais serão em Cracóvia. Na liga polonesa, o Zaksa, que conta ainda com o levantador francês Benjamin Toniutti, joga na cidade que dá nome ao clube, Kedzierzyn-Kozle, mas Opole fica a apenas 50 quilômetros dali. São duas chaves no Mundial com quatro equipes cada. Os dois primeiros avançam às semifinais. O Sada estreia na terça-feira, às 17h30, contra o Civitanova e, no dia seguinte, no mesmo horário, enfrenta o Sarmayeh. No grupo do Zenit Kazan, cinco vezes campeão europeu, está ainda o polonês Skra Belchatow, oito vezes campeão nacional, o argentino Bolívar e o chinês Shanghai Volleyball. O SporTV transmite o torneio.

O ponteiro belga é o principal nome do Zaksa Kedzierzyn-Kozle (PlusLiga)

Honra
Será a primeira vez que Deroo terá a chance de encarar o Sada Cruzeiro, que além dos três títulos mundiais é tetracampeão sul-americano e pentacampeão brasileiro. "É uma honra enfrentar um time com a qualidade do Sada, que venceu tanto. É uma oportunidade para a minha equipe crescer. Eu vejo em confrontos como esse uma chance de me desenvolver, pois um time do nível do Sada vai exigir demais de mim", comentou.

Sam Deroo é o principal jogador do ascendente voleibol belga desde que o genial levantador Frank Depestele deixou a seleção em 2014. Gradativamente, vem suprindo suas deficiências no passe e na defesa, suas maiores fraquezas na primeira metade desta década. Hoje se pode dizer que é um atleta completo. "Ainda tenho muito a melhorar, embora consiga um desempenho ao menos bom em todos os fundamentos. Uma coisa que gosto muito a meu respeito é que nunca me permito ficar acomodado, nunca estou satisfeito com o nível do meu jogo", ponderou. Ele citou a falta de regularidade no saque como um problema a ser resolvido o quanto antes.

Em 2011, em Niterói, no Mundial Juvenil, recebendo presente de fãs (FIVB)

Perfil
O voleibol entrou na vida de Deroo muito cedo, por influencia do pai, que foi jogador. Aos 6 anos, começou a praticar a modalidade na cidade de Beveren, onde nasceu, vizinha a Antuérpia. Dedicava-se ao vôlei e aos estudos. Treinava tanto que, às vezes, dormia em sala de aula. Mas garante que era bom aluno – se graduou em Contabilidade. Seu primeiro time como profissional foi o Knack Roeselare, o mais tradicional clube da Bélgica. Após duas temporadas, aos 20 anos, foi para o Modena, da Itália, onde ficou mais duas. Transferiu-se para o Verona e jogou no período 2014-2015. Desde então, está no Zaksa.

Na seleção belga desde a base, ele guarda com carinho a lembrança de ter disputado um mundial juvenil no Brasil. "Joguei em Niterói, em 2011, os fãs eram sensacionais", disse, caprichando na pronúncia do nome da cidade fluminense. Porém, seu foco está na Europa. É ídolo no Zaksa e, fora dali, se mantém ligado no cenário italiano. "Os três anos na Itália foram essenciais para o meu crescimento, tanto técnico quanto psicológico. Na Polônia se dá ênfase à força, enquanto na Itália há um equilíbrio entre força, técnica e tática. São duas ligas que eu gosto muito".

O ponteiro belga melhorou bastante no passe nas últimas temporadas (PlusLiga)

AUSÊNCIA BELGA NA LIGA DAS NAÇÕES IRRITA DEROO
O ponta Sam Deroo ficou irritado com a não inclusão da Bélgica na Liga das Nações 2018, a nova roupagem da Liga Mundial, que teve sua última edição este ano. Sétima colocada em 2017, a seleção belga foi esnobada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB), embora tenham sido incluídos times da segunda e da terceira divisão da finada Liga Mundial.

"É um escândalo o que a FIVB fez e seus dirigentes deveriam se envergonhar por sequer conversar com a nossa federação. Não nos deram nenhuma oportunidade. Quando as partidas são realizadas na Bélgica, nós temos público e somos muito organizados. Tecnicamente, provamos que pertencemos à primeira divisão. Essa exclusão prejudica nossa preparação para o Campeonato Mundial 2018 e nossa tentativa de chegar aos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Isso influencia até mesmo na carreira dos jogadores, pois com menos exposição há o risco de redução do nosso valor de mercado, com impacto direto em nossos contratos", afirmou Deroo.

Em 2017, além do bom desempenho na Liga Mundial, os belgas chegaram pela primeira vez à semifinal do Campeonato Europeu, terminando em um honroso quarto lugar.

Com sua equipe presente no torneio feminino da Liga das Nações, a Bélgica optou pela diplomacia, segundo o SdR apurou na federação daquele país. Vão deixar de lado a via judicial, afinal sua seleção feminina foi mantida mesmo tendo sido última colocada na primeira divisão do Grand Prix 2017. Outra federação de uma seleção excluída, a da Eslovênia, campeã da segunda divisão da Liga Mundial este ano, resolveu brigar. Os eslovenos entraram com recurso no painel de apelação da FIVB para que sua seleção masculina seja incluída na disputa do torneio. O SdR procurou a Federação Internacional para saber a posição da entidade sobre a reivindicação dos eslovenos. Por meio da sua assessoria de imprensa, a FIVB respondeu que não comentaria nada a respeito, "pois os procedimentos antes da decisão são confidenciais".

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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