Biografia de Serginho revela briga com Bernardinho às vésperas da Rio-2016 e furúnculo em final de Mundial
Carolina Canossa
27/06/2017 06h00
Talentoso, maloqueiro, campeão e corintiano com orgulho das raízes de Pirituba, bairro pobre da zona norte de São Paulo. A história do líbero Serginho (Escadinha para os mais antigos) é bem conhecida por qualquer fã de vôlei que se preze. Será que é possível descobrir novas faces e histórias diferentes de um dos principais expoentes da incrível geração que marcou o esporte mundial no começo deste século? O jornalista Daniel Bortoletto provou que sim em Degrau por degrau – a trajetória de Serginho, de Pirituba ao Olimpo.
O Saída de Rede teve acesso ao livro antes mesmo de ele ser publicado e te antecipa alguns dos principais pontos da obra escrita pelo colunista de vôlei e atual editor-executivo do jornal Lance! Com prefácio escrito pelo técnico Bernardinho, a biografia autorizada de Serginho pertence ao catálogo da editora Planeta, tem 256 páginas e já está à venda por R$ 41,90 nas principais livrarias do país.
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Abaixo, cinco das boas histórias que compõem o livro:
1.Sérgio, não: Valdeci
Nascido em uma casa simples em uma fazenda do interior do Paraná, o bicampeão olímpico seria batizado com o nome de Valdeci. A mãe, porém, mudou de ideia depois do nascimento do menino. "Ele não tinha cara de Valdeci. Então resolvi mudar", justificou dona Didi. A inspiração para o novo nome veio de um dos apresentadores do Jornal Nacional à época, Sérgio Chapelin.
2. Vestindo a camisa do Palmeiras
Corintiano fanático, ironicamente Serginho teve que vestir muito a camisa do arquirrival Palmeiras. E não foi por sacanagem dos amigos ou por apostas futebolísticas perdidas: é que, considerado baixinho para o vôlei, o jogador recebeu muitos "nãos" antes de ganhar sua primeira oportunidade profissional justamente no Verdão. Como à época a função de líbero ainda não existia, ele se tornou o terceiro levantador do time
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3. Raiva por ir ao Faustão
O frenesi causado pela conquista da medalha de ouro em Atenas se converteu em fama e bons contratos, mas também teve um lado incômodo: o assédio insistente da imprensa. Ao voltar da Grécia, o defensor só queria ficar com a família e os amigos de Pirituba, mas acabou obrigado a ir ao "Domingão do Faustão". "Arrumei uma briga com a CBV, os clubes, pois não queria ir. Ia perder meu domingo (…) Me chamavam de louco. Briguei com um monte de gente, mas não teve jeito. Os caras me levaram, fui quase arrastado. Fiquei com uma raiva".
Quinze anos depois da estreia, Serginho deixou a seleção brasileira em 2016 (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)
4. Furúnculo na virilha quase tira o líbero de final do Mundial
A conquista do Mundial de 2002, na Argentina, está até hoje guardada na memória dos torcedores brasileiros por conta do saque na linha de Giovane, que encerrou o tie-break contra a Rússia 15 a 13. Mas o que quase ninguém sabe é que o líbero quase não esteve em quadra por um motivo inusitado: o repentino aparecimento de um furúnculo na virilha que, além de dolorido, prejudicava seus movimentos. "Não dava tempo de levá-lo ao hospital. Se fôssemos fazer isso ele estaria fora da decisão. Então, resolvemos drenar o furúnculo a seco. Ele aguentou a dor e fizemos o procedimento", afirmou Alvaro Chamecki, médico da seleção.
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5. Brigas e revolta com Bernardinho às vésperas da Rio 2016
Serginho fala abertamente de diversas brigas ocorridas com outros jogadores e o técnico Bernardinho ao longo da trajetória de ambos na seleção. Inclusive, dá sua versão para o polêmico corte de Ricardinho em 2007. No livro, o jogador revelou ainda que também ficou revoltado com a decisão do treinador em escalar Tiago Brendle na final da Liga Mundial de 2016, último torneio antes da Olimpíada do Rio de Janeiro.
"O Bernardinho veio me pedir desculpas, explicando que precisava testar o Tiago. Eu vi que ele estava mal com aquela situação. Mas eu também estava e me alterei um pouco, respondi em voz alta. 'Você me tirou da final. E o fato é que perdemos'. Tabach e Rubinho (assistentes da seleção masculina) vieram me acalmar. Eu misturava nervosismo com frustração", comentou o líbero.
Serviço:
Degrau por degrau – a trajetória de Serginho, de Pirituba ao Olimpo
Daniel Bortoletto
256 páginas
R$ 41,90
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.