Mercado: estreante Sesc desponta como uma das forças da Superliga masculina 2017/2018
João Batista Junior
27/05/2017 06h00
Nesse período em que transferências e especulações ganham espaço no noticiário do vôlei, quem tem acompanhado as movimentações no mercado já deve ter reparado que a debutante equipe do Sesc promete ser um dos protagonistas da temporada 2017/2018 da Superliga masculina, enquanto os grandes de São Paulo passaram por reformulação e o Sada Cruzeiro, numa estratégia que tem dado certo há alguns anos, manteve a base – apesar de uma grande baixa no time titular.
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O Rio de Janeiro não tinha um representante na divisão principal da Superliga masculina desde o fim do RJX, em 2014, e volta ao campeonato nacional com um time que, no papel, tem tudo para chegar, ao menos, entre os quatro primeiros colocados.
Ainda em negociação com o ponteiro da seleção Mauricio Borges, do Arkas Spor (da Turquia), o Sesc foi à Itália para repatriar o ponta João Rafael e o levantador Thiaguinho, do Exprivia Molfetta, e trouxe do vôlei francês o atacante de entrada de rede Levi, campeão da Copa CEV pelo Tours. No mercado interno, contratou o oposto Renan, de ótima temporada pelo JF Vôlei, além do líbero Thiago Brendle e do central campeão olímpico Mauricio Souza, egressos do Campinas.
Com um time jovem e bem qualificado nas mãos, pode ser que o técnico Giovane Gávio tenha mais expectativas do que há um mês, quando disse em entrevista ao Saída de Rede que sua equipe estaria atrás de Sada Cruzeiro, Sesi e Funvic/Taubaté, e que deveria lutar com Minas, Montes Claros e Campinas (antes de o time paulista perder o patrocinador máster).
Aliás, com a queda de investimento do Campinas, que disputará a Superliga sem o patrocínio da Brasil Kirin, São Paulo perde uma de suas forças no vôlei masculino, mas vê Sesi e Funvic/Taubaté se movimentarem bastante para tentar fazer frente ao multicampeão Sada Cruzeiro e ao emergente time do Sesc.
O Sesi tem sido quem mais move peças no jogo das transferências até aqui. Perdeu Serginho, Riad e Sidão para o Corinthians, Théo para o Bolívar (Argentina) e Bruno para o Modena, mas repatriou o central Gustavão e o ponteiro Piá, que estavam na Argentina, o ponta Lipe, que atuou no vôlei turco, Renato Russomano, que estava na Itália, e o oposto Franco Paese, do Paris Volley, e contratou dois jogadores do Sada Cruzeiro – o atacante Alan e, sobretudo, o armador William.
Além disso, o técnico Rubinho, ex-assistente de Bernardinho na seleção masculina e substituto de Marcos Pacheco na direção da equipe, aguarda o desenrolar da situação de Murilo, que testou positivamente para a substância furosemida num exame antidoping, para saber se poderá ou não aproveitá-lo na nova função: a de líbero.
Bom ressaltar que com a chegada de Lipe e William e a permanência do meio de rede Lucão e do ponta Douglas Souza, o Sesi terá quatro campeões da Rio 2016 no elenco – mesmo número da Superliga que passou.
A aposta num elenco de jogadores experientes e com vasto currículo na seleção se revelou infrutífera na última temporada, quando o time sofreu com lesões e não levantou nenhum troféu.
A Funvic/Taubaté, que perdeu o líbero Mário Jr., o ponta Lucas Lóh e o meio de rede Éder, também foi ao mercado estrangeiro para se reforçar.
Medalhista de ouro em Atenas 2004 e tricampeão mundial pela seleção, o ponteiro Dante, que venceu a liga grega com o PAOK no começo de maio, retorna ao atual vice-campeão brasileiro. Já para o lugar de Éder, que foi para o Trentino, da Itália, veio o central argentino Sebastian Solé, que atuou na equipe italiana. Outro estrangeiro que chega ao Vale do Paraíba é o ponta sérvio Marko Ivovic, que jogou no Asseco Resovia Rzeszów, da Polônia, e foi MVP da Liga Mundial 2016, conquistada por sua seleção.
Para completar uma linha de recepção que deverá ter dois bons ponteiros atacantes que sofrem no passe – Lucarelli e Ivovic –, o argentino Daniel Castellani, que será o treinador do time na temporada, contará com o líbero Thales, ex-Canoas, convocado por Renan Dal Zotto para a seleção.
No caminho inverso ao dos maiores orçamentos do vôlei brasileiro, o Sada Cruzeiro pretende manter sua hegemonia fazendo contratações pontuais e apostando no entrosamento do elenco. Por outro lado, isso não esconde que houve uma mudança bastante significativa no plantel cruzeirense.
Em relação ao ano passado, quando perdeu dois nomes importantes de temporadas anteriores (Wallace e Éder), pode-se dizer, em termos meramente matemáticos, que o time mudou ainda menos, já que perdeu apenas um jogador titular. Contudo, a saída do levantador William, substituído pelo armador argentino Nicolás Uriarte, que estava no PGE Skra Belchatów (Polônia), deve indicar que, assim como os rivais, o time vai precisar de um período de adaptação para chegar ao voleibol ideal.
O que diferencia o Sada Cruzeiro da concorrência é que, com o talento de Leal, a força de Simón, a eficiência de Evandro no ataque e o fundo de quadra com Filipe e Serginho, Uriarte não deve tardar a se sentir parte da engrenagem e à vontade para executar seu jogo.
Enquanto os clubes de médio ou pequeno investimento pouco se movimentaram no mercado, as duas principais equipes da Taça Ouro, que vai levar o campeão à temporada 2017/2018 da Superliga, têm se reforçado.
O Botafogo, semifinalista da Superliga B deste ano, foi buscar na Suíça o levantador Marcelinho, de 42 anos de idade, campeão mundial de 2006 e prata em Pequim 2008.
Já o Corinthians, que está montando um time para jogar em Guarulhos, terá o líbero bicampeão mundial e olímpico Serginho e o central da seleção campeã do mundo em 2010 e vice em Londres 2012, Sidão, além do também meio de rede Riad, que defendeu a seleção na Liga Mundia 2015 – todos estavam no Sesi.
Com o elenco que tem formado, o Corinthians, se de fato conquistar a vaga no nacional, terá um time para fazer mais do que simplesmente lutar para se manter na divisão principal do campeonato.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.